𝗫𝗫𝗜𝗩.

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𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐀𝐑𝐌𝐒

Mesmo dia, mesma hora.

— Ai, Sean. — chamo o adolescente que mexia no carro suspenso no ar enquanto a garota que eu imaginava ser a Neela entrava na oficina.

Eu estava em Tóquio a três dias, vim visitar Han pela terceira vez no ano. Eu sabia no que ele estava metido aqui e não era a maior apoiadora, mas eu sabia que ele sabia se virar e que estava segurando as pontas.

Faziam exatos três anos desde a última missão que fizemos juntos em Londres. Exatos três anos desde que nós dois perdemos a pessoa que amávamos.

Muita coisa mudou desde aquele dia...

Eu havia me mudado pra Los Angeles de novo e foi uma das melhores decisões que fiz na vida. Em LA eu podia assistir meu afilhado crescer de pertinho, e como ele já estava grande... Eu estava solteira e sem pretensão de mudar isso, eu estava vivendo uma vida até que calma; as vezes eu corria em rachas, mas nada além disso. Não vou mentir, Tej e eu acabamos tendo algumas recaídas nesses últimos quatro anos, mas seguimos sendo apenas amigos.

Meu cabelo também estava mais curto agora. Eu havia cortado ele no ombro a alguns meses, mas agora ele já estava batendo na altura dos meus seios. Meu corpo também estava mais definido, eu havia voltado pra academia, só que dessa vez de verdade.

Tudo na minha vida mudou depois de Londres; depois de Owen.

Eu odiava admitir isso, mas era a verdade. Parte de mim sempre o amaria e sentiria sua falta, mesmo que eu já tenha superado isso.

Depois de sua morte, eu me deixei afundar no luto por bons meses até que cheguei em um ponto tão baixo que Jacob teve que ir até Los Angeles me trazer de volta a mim. Os meses após sua morte foram escuros, pesados e doloridos. Na verdade, eu mal me lembro de como foi. Talvez eu não estivesse lá realmente. Tudo o que eu lembro são vagas memórias, vultos e agonia. Acordada, eu pensava nele, chorava por ele e o odiava. Dormindo, eu tinha pesadelos, quase sempre o mesmo.

Mas eu fui forte, eu superei, segui em frente. E mesmo que ainda doesse um pouco, era suportável. Nada que eu já não estivesse acostumada...

Eu já não sou mais a mesma mulher que eu era. Ninguém é mais o mesmo de quatro anos atrás.

Parte de mim queria voltar pro dia em que tudo isso começou, no Rio de Janeiro, 2011, verão, a vida era boa demais.

De qualquer jeito, não tinha o que fazer além de seguir a vida.

Vir para Tóquio já era quase rotina. Han e eu criamos uma amizade linda e forte. Ele havia se tornado meu melhor amigo, o único que entendia realmente a dor que aquele dia havia me causado e, mesmo que a morte da Gisele tenha sido culpa de Owen, em partes, ele não guardava rancor de mim por ter amado Owen.

Desci as escadas e me juntei a Han.

— Essa é a garota? — pergunto e ele encara os dois adolescentes.

— Aham. — ele diz e eu semicerro os olhos — Eu já disse mil vezes pro Sean deixar ela pra lá, mas ele é teimoso.

— Coisa de adolescente apaixonado. — digo e ele assente.

— A diferença é que essa garota é namorada do sobrinho do cara que manda na metade de Tóquio. — ele diz e eu arregalo os olhos.

— Puta merda. — digo surpresa e ele assente se levantando — Algo deve ter acontecido pra ela estar aqui desse jeito.

𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐀𝐑𝐌𝐒 | tej & owen shawOnde histórias criam vida. Descubra agora