Meu gavião

Capítulo 28 👩🏿‍🔬

UM MÊS DEPOIS...

-- Senhora? – Me viro para o falcão atrás de mim.

-- Sim? – Sorrio para ele.

-- Uma das fêmeas sobrevoou a alcateias, e na do urso, a mesma escutou que a fêmea dele queria fazer um tipo de festa para comemorar o .... Natal e queríamos saber se não podíamos fazer uma também, não para comemorar esse negócio, mas outra do nosso jeito. – Fala tudo sem jeito.

Meu deus! Esqueci completamente disso.

-- Pergunta para o Galvan. – Ele é o alfa daqui.

-- Já pedi. Ele disse para falar com a senhora. – Levanta a cabeça me olhando.

-- Ah .... Bom, por mim tudo bem. – Dou de ombro sorrindo.

-- Obrigado, senhora. – Diz e saí ás pressas.

Chuto dizer que eles nunca festejaram.

Algumas coisas mudaram aqui no território. As casas ficaram mais espaçosas, reconstruímos a parte que foi queimada e fizemos ali uma espécie de ‘’ parquinho’’ para os filhotes.

Hoje em dia, Galvan não deixa nenhum, nenhum humano entrar no seu território, e quando falo território, me refiro até mesmo nas proximidades, já que antes eles tinham a permissão de andar somente por ali.

Nem mesmo as mulheres dos seus parceiros de liderança, elas também são proibidas de entrar. Ou seja, só tem eu e o menino aqui.

Falando desse pirralho, ele e Galvan vivem juntos. Galvan está ensinando o que foi ordenado pelos conselheiros, todos os dias eles vão para a cachoeira e ficam treinando.

Galvan diz que está fazendo isso, ficando mais tempo com ele para se librar do mesmo. Eu finjo que acredito.

O Miguel, no começo dava um pouco de trabalho, mas cum uma simples conversa do Galvan, ele deixou de ser rebelde. Até eu com aquelas falas dele eu tremeria na base.

-- Grita novamente com ela, e arranco sua língua para nunca mais falar. Olhe para ela desse modo, e deixarei sego para aprender. Vá para cima dela novamente, que eu mato você. Seus pais não estão nem aí para o que acontece aqui, não ligaram se eu te matar, filhote! –

Seus olhos estavam ameaçadores com aquele amarelo intenso. Nesse dia, o Miguel acabou descontando sua raiva em mim e tentou vim para cima e gritou comigo. Galvan que chegou na hora e o empurrou para trás.

Bem antes dele surtar desse jeito, ele estava no celular com o pai dele, mas seja lá o que o progenitor dele disse, deixou o menino abalado e transtornado. Claro que nada justifica nada, mas eu entendo ele.

Depois ele veio pedir desculpa, não se aguentou e começou a chorar, desde então, sempre que vai ligar para os pais, se senta ao meu lado e faz a ligação. Mas a umas duas semanas ele não liga para eles, perguntei ele somente deu de ombros e disse que estava ocupado com o Galvan.

Fico feliz que os dois estão se dando bem.

-- Por que os pássaros estão parados feitos estatuas olhando para uns tecidos, velas, peixes? – Miguel entra na cozinha.

Ele se aproxima de mim, beija meu rosto e me dá um abraço de leve, ficando atrás de mim ainda abraçando.

-- Eles estão organizando a festa deles. – Sorrio passando minha mão na sua que estava depositada na minha barriga. – Por que não vai ajuda-los? –

-- Estou cansado. – Resmunga. Seu rosto estava no meu pescoço.

Antes de falar algo, Galvan entra na cozinha somente de short moletom. Com a minha decisão de morar aqui e ainda mais com o garoto, todos aqui estão usando algo que cubra mais o corpo.

Os homens são shorts e as fêmeas um tipo de short moletom também e um top. Antes deles ficarem na forma animal, tiram para não rasgar as roupas.

Eu disse que não precisava, já que eu não ligo. Mas eles quiseram, na verdade o Galvan quis.

Meu companheiro se aproxima de mim e beija minha cabeça e me dá um selinho, se afastando e indo até a pia, pegando um pouco de água.

Isso mudou também, ele não se importa e parou de implicar com qualquer coisa que o menino fizesse perto de mim. Ele somente não faz nada contra isso.

-- Vá tomar banho, filhote. – Manda sem o olhar.

-- Agora? – Resmunga se afastando um pouco.

-- É. – Se vira para ele, o olhando sério.

-- Tá. Que droga! – Saí da cozinha resmungando aos quatro ventos.

-- Amor? – Me aproximo dele. – Você não se apegou a ele, não é? – Olho naquela imensidão azulada.

-- Não. – Diz, mas noto o brilho em seus olhos.

-- Você sabe que ele vai embora daqui um mês. – Passo a mão em seu cabelo enorme. – Não pode se apegar a ele. – Beijo seu queixo.

-- Não me apeguei. – Me afasto dele, sabendo que ele estava mentindo. – Ele não é o meu filhote, então pode ir embora quando quiser, somente estou cumprindo o que foi me dado como castigo. – Sai da cozinha também.

Solto um suspiro. Depois do que aconteceu comigo e o nosso filhote, ele nunca tocou no assunto e muito menos chega tão perto de outros filhotes do seu ninho. É por isso que eu sei que ele está se apegando ao Miguel, ele é o único que ele chega perto e já o vi sorrindo para o menino sem o mesmo ver.

Vi o olhar de orgulho quando o menino conseguiu de primeira fazer algo que foi dito no treinamento, ele deu um sorriso genuíno.

-- Peguei minhas coisas, vou ir lá. – Me viro para o Miguel, notando o olhar baixo dele.

-- Está bem, querido. Quer ajuda para limpar o bumbum? – Sorrio quando arranco uma careta dele.

-- Que nojo, sai fora! – Praticamente corre para fora.

-- Esses dois. – Nego inda sorrindo.

Assim que me vir para a pia, tomo um susto ao ver um pequeno pássaro ali me encarando.  Me afasto e o serzinho volta na sua forma humana, vendo que era a fêmea da sedução. Apelidei ela assim.

-- Posso ajudar em algo? – Pergunto.

-- Não sabemos como preparar uma festa. – Suas bochechas ficam avermelhadas.

-- Querem minha ajuda? – Confirma sorrindo. – Tudo bem, vamos nessa. – Pego na mão dela, saindo arrastando a mesma para fora de casa.

E realmente, desse lado aqui estava uma bagunça, um queria uma coisa, outro queria outra. As comidas estavam espalhadas pelas mesas que tinha ali.

Olho par um dos cantos e vejo o Galvan encostado na arvore encarando o seu povo, tanto que revira os olhos os vendo brigar por algo pequeno.

Mesmo que passamos por algumas, coisas ruins, estou feliz que finalmente estamos em paz.

🌟....

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Falta mais doizinhos....