Anne Green
— Samuel disse que já está a caminho — comentou Layla, sentada na minha cama enquanto deslizava os dedos pela tela do celular, provavelmente em uma troca de mensagens cheia de provocações com ele.
Layla já estava pronta para o cinema, com um vestido azul que destacava os olhos brilhantes dela, enquanto eu ainda aplicava um batom malva no espelho, tentando finalizar meu visual. Escolhi um look casual, com um short de alfaiataria bege até um pouco acima dos joelhos, um cinto marrom e uma blusa branca sem mangas. Combinei tudo com um par de tênis brancos que completavam o ar despojado.
— Prontíssima! — falei, ajustando o cabelo. — Sabe, eu podia deixar vocês irem juntos no carro dele e ir no meu.
— Está louca? — Layla exclamou, os olhos arregalados em fingida indignação. — Se eu fico sozinha com Samuel por mais de cinco minutos, eu perco o juízo!
Soltei uma risada e cruzei os braços.
— Vocês brigam tanto que parece coisa de gente apaixonada.
Layla bufou, revirando os olhos, mas era impossível ignorar o rubor leve em suas bochechas.
— Aff, está repreendido! — disse ela, mas seus lábios entregavam um sorriso de canto.
Foi então que ela se levantou de um pulo.
— Ele chegou!
Descemos as escadas juntas, e Layla praticamente voou até a porta para encontrar Samuel. Ainda no último degrau, dei uma última olhada para minha mãe na cozinha.
— Tchau, mãe! — chamei.
— Manda um abraço para o Isaque! — ela gritou, e eu só pude franzir o cenho, confusa.
Cumprimentei-a rapidamente e saí, ignorando o comentário sobre o filho do pastor.
Layla tomou o banco da frente do carro sem pensar duas vezes, deixando-me no banco de trás. Logo estavam imersos em uma troca de farpas e risos, enquanto eu observava o Instagram no celular, tentando ignorar o quanto eles pareciam sincronizados juntos. Havia algo nos olhares e sorrisos que trocavam, ainda que nenhum admitisse.
Isaque não era de postar muito em redes sociais, e eu estava curiosa para saber algum detalhe do seu dia a dia, porém não tive muito sucesso, porque nem stories rotineiros ele publicava, apenas sobre os carros da empresa que ele demonstra ser fascinado.
— E eu já falei que queria vir dirigindo! — Layla se queixou em um tom brincalhão.
— Dirigir o meu carro? — Samuel riu, com uma das mãos no volante e a outra descansando casualmente na janela. — Era para ter vindo no seu, então.
— Você insistiu em levar a gente, então não tive muita opção — ela protestou, cruzando os braços com um sorriso sereno, e ele apenas rolou os olhos, sem esconder a diversão.
Eu sorri, perdida em pensamentos sobre o jantar do dia seguinte com Isaque, até ser trazida de volta à realidade pela voz grave de Samuel.
— Anne, fala para sua amiga que ela é insuportavelmente mimada — disse ele, me lançando um olhar divertido pelo retrovisor.
— Talvez seja você que a mima demais — devolvi, sorrindo.
— Não suporto você, Samuel! — disse Layla, mas o brilho no olhar dela contava uma história bem diferente.
— Mas eu te amo, baixinha!
Samuel, com um sorriso encantador, se aproximou e deslizou a mão pelo queixo dela, num gesto cheio de provocação. Layla o encarou, relutando contra um sorriso tímido, mas o olhar dela vacilou por um segundo, deixando escapar uma faísca de ternura mútua que os dois fingiam não notar.
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Entre a Fé e o Amor
RomanceUm homem cristão, filho de pastores e herdeiro de uma grande empresa renomada, renunciou a sua fé quando passou por duas grandes perdas. Embora seu coração estivesse endurecido, uma jovem mulher veio para trazer luz à sua vida e ajudar-lhe a restaur...