Capítulo 30 | Japa e Brigadeiro

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Alguns dias depois...
Anne Green

Poucos dias se passaram e pareceram meses, porque algumas coisas mudaram, inclusive o meu cargo na empresa. O Sr. Isaque Campbell, como o chamo quando ele me irrita, ou seja, quase sempre, foi promovido a Gerente Financeiro e, mesmo havendo pouco tempo na empresa, fez questão em promover-me à Analista Plena, por me achar "experiente demais para ser apenas uma Assistente", foi exatamente o que ele disse.

Em alguns dias ele irá para outra sala, em que será somente ele, e eu terei minha própria sala e um assistente. Porém, ele ainda está na sala junto comigo pelo fato do seu novo escritório estar em reforma, para enfim ficar "a cara dele".

Mas, mesmo cantando alegria com júbilos por ter subido de cargo na empresa, sinto falta de quando eu e Isaque tínhamos uma certa amizade, porque atualmente o máximo que conversamos é sobre o trabalho, nada além disso. Nos afastamos desde o quase beijo no cinema, e, desde então, não nos falamos direito. Certamente ele decidiu se afastar, assim como eu cheguei à mesma decisão.

Eu não podia fazer nada, visto que não daríamos certo juntos, o melhor para os dois é criar uma distância considerável, aproximando-se apenas com assuntos profissionais. Mas, não posso negar que luto todos os dias contra o fato de que me apaixonei por Isaque, mesmo forçando a minha mente a acreditar que foi apenas um surto momentâneo e uma plena paixão por sua beleza. Na verdade, eu pensava em Isaque a todo o tempo e contava os minutos para encontrar-me com ele na empresa, mas frustrava-me quando nem um bom dia animado conseguíamos dar um ao outro.

— Marcos disse que ele se embriagou naquela noite, e depois disso voltou a ingerir álcool com mais frequência — articulei para Layla enquanto ela colocava os pratos na mesa.

— Na verdade, Isaque bebia algumas vezes, mas depois do acidente que teve por causa da bebida, ele criou repugnância e não conseguia nem sentir o cheiro do álcool — Sara disse pegando os copos.

Convidei Layla e Sara para passarem um tempo em minha casa no feriado. Nosso combinado era fazer uma comida caseira juntas, mas mudamos de ideia e pedimos comida japonesa e, nesse exato momento, eu estava terminando de preparar o brigadeiro de chocolate para comermos de sobremesa.

— Que acidente, Sara? — indaguei com curiosidade, mesmo sabendo de que acidente ela estava falando.

— Acidente de carro — respondeu olhando para mim. Ela parou e apoiou uma mão na mesa e a outra colocou na cintura. — Ele bebeu tanto naquela noite, depois de uns dia que seu avô faleceu, que saiu do bar desnorteado, em uma noite de chuva. Ele bateu o carro em outro e capotou com tamanha violência que o carro foi praticamente estraçalhado. Isaque ficou desacordado por três semanas, entre a vida e a morte. Teve sérios danos e, por um triz, não perdeu os movimentos da perna ou entrou em coma. Nem os médicos acreditaram em como ele saiu dali vivo. Diziam que um acidente desse ou era fatal, ou o deixaria em coma com grandes sequelas. Porém, a única cicatriz que ele tem está em seu braço esquerdo, e eu costumo dizer que é para ele lembrar do livramento que Deus deu a ele — declarou, fazendo-me ficar boquiaberta. Olhei para Layla que estava com a mesma reação.

— Realmente — proferi, ainda refletindo em pensamentos. — Lembro-me que o pastor Jean levantou um grande fervor em oração na igreja pela vida do seu filho. Eu não o conhecia, mas orava por ele incansavelmente, intercedendo por sua cura. Quando ele disse que Isaque foi curado e estava com vida, eu agradeci muito a Deus, sabendo que foi Ele que lhe deu uma nova chance. Mesmo durante a fisioterapia e tratamentos dele, eu continuava orando, pedindo para que não houvesse sequelas desse acidente — articulei captando a atenção das duas, que estavam encostadas na mesa.

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