Isaque Campbell
Ajustei os punhos da camisa e me encarei no espelho. O terno azul-cinza parecia ser feito sob medida. A gravata de seda escura, a camisa branca impecável e os sapatos polidos fechavam o visual. Sim, estava pronto. Mas não era só a cerimônia que me fazia contar os minutos. Havia algo — ou melhor, alguém — que tornava essa noite ainda mais especial.
Estacionei em frente à casa de Anne pontualmente e toquei a campainha. Antes mesmo que o som desaparecesse no ar, ela abriu a porta. E, cara, que visão. Por um instante, minha concentração, que eu achava inabalável, foi embora.
Anne estava estonteante. O vestido verde-esmeralda de cetim fluía pelo corpo dela, como se tivesse sido feito só para ela. Pequenos brilhos no tecido captavam a luz de uma maneira quase imperceptível, mas suficiente para transformar aquele vestido em algo hipnotizante. Cada movimento parecia carregar uma intensidade que desafiava as leis do normal.
O cabelo loiro estava preso num coque baixo, algumas mechas soltas ao redor do rosto. Aquela simplicidade calculada destacava ainda mais o brilho dos olhos azuis dela, que me observavam com um misto de expectativa e tranquilidade. O perfume suave dela, um toque delicado e fresco, preenchia o espaço entre nós. Ela estava perfeita demais, e mesmo eu sendo homem, eu conseguia captar cada detalhe seu.
— Você está linda — soltei, direto, sem filtro, porque era verdade.
Ela sorriu, e não era um sorriso qualquer; era o tipo de sorriso que me deixava sem rumo.
— E você... — Ela deixou o olhar descer por mim, devagar. — Está perfeito.
Sem dizer nada, estendi o braço e, quando ela aceitou, senti o toque leve da mão dela no meu antebraço. Um toque simples, mas que fez meu peito aquecer.
No carro, fomos o percurso inteiro escutando louvor. Fiquei escutando a Anne cantar com alegria enquanto eu a acompanhava e fingíamos que estávamos em um show. Mas não podíamos negar: havia uma faísca ali, uma quentura que eletrizava o ar, algo intenso demais para ser controlado. A cada curva do caminho, o perfume dela parecia flutuar no ar, me distraindo entre o volante e a presença dela ao meu lado.
Ao chegarmos, as luzes do salão refletiam nos carros ao redor. Entreguei a chave ao manobrista e dei a volta para abrir a porta para Anne. Quando ela saiu, o vestido dela deslizou como água sobre a pele, chamando os olhares ao redor.
Ela parou ao meu lado, nossos olhares se encontrando.
— Pronto para a sua grande noite? — A voz dela era baixa, só para mim, como se estivesse me desafiando em meio a esse turbilhão de desejos que havia dentro de mim, e eu estava quase cedendo.
Apoiei a mão na cintura dela, puxando-a para mais perto, sem pressa.
— Com você aqui? — Sorri, sem disfarçar o quanto eu estava atraído por ela. — Nunca estive tão pronto.
Subimos as escadas de mármore lado a lado. Ao cruzarmos as portas, senti os olhares de todos sobre nós. Eles esperavam ver um líder. O que talvez não soubessem era que, naquela noite, o poder mais forte na sala não estava só no título de CEO, mas na mulher que caminhava ao meu lado. A futura CFO, mas ela ainda não sabe.
— Olha só, o cara mais charmoso da festa chegou! — disse Marcos, apertando minha mão e me dando um tapinha nas costas. — Uau, Anne, você está deslumbrante — ele disse com um sorriso genuíno.
— Obrigada, Mark — Anne respondeu, sorrindo.
— Valeu, Mark — respondi, devolvendo um tapinha em seu ombro. — Vou cumprimentar algumas pessoas na festa.
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Entre a Fé e o Amor
RomanceUm homem cristão, filho de pastores e herdeiro de uma grande empresa renomada, renunciou a sua fé quando passou por duas grandes perdas. Embora seu coração estivesse endurecido, uma jovem mulher veio para trazer luz à sua vida e ajudar-lhe a restaur...