Capítulo 36 | Ponto Fraco

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Anne Green

— Vê se serve em você — Isaque disse descendo as escadas, com algumas roupas femininas nas mãos.

Encolhi o cenho ao tentar adivinhar a que atribulada pertencia aquelas roupas.

— Quem é a dona dessas roupas? — peguei as roupas em suas mãos, franzindo o cenho.

Seus lábios expandiram-se em um sorriso convencido, medindo-me com o olhar.

— Dona Esther — respondeu, deixando os dentes brancos aparecerem quando soltou um sorriso aberto, divertindo-se com tudo isso.

Minhas bochechas coraram quando eu percebi que dei a entender que eu estava com ciúmes dele, supondo que uma outra mulher, sem ser da sua família, esteve na casa de campo com ele anteriormente.

Assenti sem ter a coragem de olhar nos seus olhos, apenas analisando a roupa.

— Aqui está a toalha — entregou-me. — Pode usar o banheiro do andar de cima — ele se jogou no sofá da sala de TV.

Ergui as sobrancelhas e prendi o lábio inferior com os dentes. Não imaginava que estava passando por essa situação.

Subi as escadas e fui à procura de um banheiro, até que o encontrei. Fiz minha rotina de higiene e tomei banho, aproveitando para lavar o cabelo. Depois de desembaraçá-lo, já tomada banho, vesti o moletom muito confortável e quente que coube bem em mim, e calcei as pantufas também de Esther. Tirei uma foto no espelho e enviei-a para Layla, explicando para ela a situação. A reação da garota, nada mais nada menos, foi:

"Eu não acreditooooo! Finalmente esse romance vai acontecer!!! Estou surtandooo!!! Amiga, se ele te beijar, não hesite, simplesmente beije o gato e não se preocupe que você não vai estar pecando, até porque eu sinto no coração que ele é o seu futuro marido! Coloca um perfume, um hidratante labial e faz esse romance acontecer logo!!!".

Sim, essas foram exatamente as palavras de Layla me respondendo no WhatsApp, sem acréscimo ou decréscimo. Mas, a verdade é que, se eu seguir os conselhos de Layla, eu caio em pecado e ela simplesmente dá de ombros. Por isso eu falei que, se ela namorar com Samuel, deveria ser à corte, porque ela não tem juízo.

Porém não consegui evitar passar o perfume que eu trouxe em minha bolsa e o hidratante labial, não por causa de Isaque, mas, sim, devido ao frio que deixava meus lábios ressecados.

Desci as escadas e voltei para a sala. Isaque já havia tomado banho e estava jogado no sofá assistindo TV, e eu pude comprovar que, realmente, homens são mais rápidos que as mulheres para se arrumarem.

Fiquei uns segundos parada atrás do sofá, sem ele perceber, apenas lhe admirando. Isaque usava uma camisa de manga casual preta e um short de linho cinza, com os cabelos ainda molhados por causa do banho, porém enrolados e perfeitos como sempre. O cheiro do seu perfume preenchia toda a sala, deixando-me desnorteada. Foi aí que eu percebi que foi uma péssima ideia me render à proposta de passar essa noite na casa de campo.

Nesse momento, ainda admirando sua beleza arrebatadora que faria qualquer mulher desejar estar em meu lugar agora, tive a ideia de sair de fininho e subir as escadas, me trancar no quarto e dormir. No dia seguinte eu daria a desculpa de que caí no sono depois do banho.

Mas que tola! Quando eu estava subindo o primeiro degrau, sua voz grave ecoou pela sala e também em meu coração, fazendo-o pulsar mais forte que agora há pouco.

— Onde está indo, Cerejinha? — indagou, olhando sobre o sofá.

Franzi os lábios, percebendo que falhei miseravelmente na tentativa de fugir mais uma vez da tentação impecável, vulgo Isaque.

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