Capítulo 45 | Entre Amigos

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Isaque Campbell

Um alívio tomou conta de mim ao compartilhar meu passado com Anne. No entanto, o peso da gravidez de Gabriela ainda me assombrava. O bebê em si não é um fardo, mas Gabriela, e o fato de eu ter me envolvido cegamente com ela, tornou-se um peso que carrego.

Recebi centenas de mensagens de Gabi, todas ignoradas, porque eram sempre sobre o mesmo assunto: "Isaque, precisamos conversar sobre o bebê". Eu simplesmente não estava pronto para encarar isso, pelo menos não agora.

Mas, deixando tudo isso de lado, posso me lembrar do que aconteceu há pouco: o melhor beijo da minha vida. Já estive com outras mulheres, mas nenhuma se compara a ela. Anne despertava em mim sentimentos profundos que eu tentava esconder, mas hoje, eram completamente evidentes. Queria gritar para o mundo inteiro o quanto estou apaixonado por Anne Green, mas me sentiria um bobo fazendo isso, então gritei para dentro de mim, sentindo meu coração bater muito mais forte.

O porteiro interfonou, pedindo permissão para que Marcos subisse, e eu autorizei. Em poucos instantes, a campainha tocou e destravei a porta, permitindo sua entrada. Mas franzi o cenho ao ver que ele não estava sozinho, e sim acompanhado.

— Cheguei no turbo! — anunciou Marcos, entrando na sala como se fosse uma missão de emergência.

— E eu vim como brinde! — acrescentou Samuel, entrando logo atrás, com um sorriso travesso.

— Samuel? Quanto tempo, hein! Nem lembro a última vez que você apareceu por aqui — respondi, ainda meio perdido. — Mas fica à vontade, a casa é sua.

— Chamei reforço, vai que a situação é crítica! — brincou Marcos, já se jogando no sofá como se fosse o dono do lugar.

Samuel não perdeu tempo e se acomodou no outro sofá, como quem já planeja maratonar uma série.

— Reforço pra quê? Isso aqui é moleza — soltei, me afundando em uma das poltronas.

Mas, cá entre nós, eu estava blefando. Nada de moleza nessa história, só não ia dar o braço a torcer agora.

— Conta outra, Isaque, você tá numa corda bamba e ainda diz que é simples — Marcos comentou, meneando a cabeça em negativa.

— Juro pra você, quando eu soube que a Gabriela estava grávida, quase caí de costas! Porque, olha só, Isaque sendo pai? Inacreditável! — Samuel soltou, e eu logo franzi o cenho. — Claro que eu sabia que um dia você ia ser pai, né? Isso é normal. Mas o que é difícil de acreditar é o filho ser justamente da Gabriela!

— Primeiro de tudo, como você soube disso? — perguntei, já lançando um olhar desconfiado para o Marcos.

— Eu contei pra ele no caminho — respondeu Marcos, na maior tranquilidade. — Isaque, vamos direto ao ponto: a gente sabe que você tá numa enrascada, meu amigo.

Recostei-me na poltrona, soltando um suspiro profundo.

— Isaque, você está pensando direito? Como você deixou isso acontecer? Gabriela? Sério mesmo? Como pôde ser tão imprudente? — Marcos disse, me encarando com um olhar de reprovação.

— Calma, Marcos — respondi. — Eu sei que cometi um erro, me deixei levar. Mas quero acreditar que ainda há uma chance desse filho não ser meu. De verdade, estou torcendo pra que não seja.

Estou com medo, se esse filho for meu, de acabar rejeitando ele antes mesmo de nascer. Não posso repetir o que Jonathan fez. Se for meu, vou assumir, mas quero distância da Gabriela.

— Gabriela está sempre em festas, e com o jeito dela, aposto que já esteve com outro cara enquanto estava com você — disse Marcos, e eu concordei.

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