Isaque Campbell
Saí daquele luau com o coração aquecido, a alma tocada pela presença de Deus. Sentia-me profundamente certo de que aquele era o meu lugar: adorando ao Senhor e servindo com os dons que Ele me deu.
Quando voltamos ao hotel, fui direto para o meu quarto. Já passava das 23h, e o cansaço da viagem me dominava; tudo o que eu queria era me jogar na cama e apagar.
Depois de um banho rápido, vesti uma bermuda preta e uma camisa de manga azul-marinho. Estava prestes a deitar quando ouvi batidas na porta. Um tanto irritado por ter meu descanso interrompido, levantei-me, tentando manter a paciência.
— O que está fazendo aqui a essa hora? — perguntei, mas ele já estava entrando antes mesmo de responder.
— Tenho boas notícias — disse meu pai, parando perto da porta.
— Estou precisando de boas notícias — suspirei, jogando-me de volta na cama.
Eu ainda não tinha contado nada sobre Gabriela aos meus pais nem à Esther, e nem pretendia, ao menos por enquanto. Não queria preocupá-los desnecessariamente, já que ainda havia uma esperança de que esse filho não fosse meu.
— Consegui marcar uma reunião para você em Londres. Talvez você consiga convencer a diretoria a revogar sua transferência — disse ele, já dentro do quarto, e eu me sentei na beira da cama, sentindo uma luz no fim do túnel, o que trouxe certa paz ao meu coração. — Mas você tem que ir na segunda-feira.
— Não acredito que fez isso por mim, pai — falei, com um sorriso aliviado.
— Sempre farei o meu melhor por meus filhos — respondeu ele, e não pude evitar um sorriso de gratidão.
— Obrigado, pai.
— Dê o seu melhor, Isaque. Se conseguir permanecer na Califórnia, farei o possível para te promover por lá mesmo. Quando eu for para Dallas, quero que assuma meu lugar como CEO — declarou ele, e meu coração disparou de alegria e ansiedade.
— Vou dar o meu melhor — respondi, acompanhando-o até a porta.
— Segunda-feira, não se esqueça — ordenou, saindo.
Meu pai saiu, e tudo o que eu queria naquele instante era correr até Anne e contar a ela que havia uma esperança de eu não precisar ir para Londres. Quase saindo do quarto, fui interrompido por Sara, que se aproximou com um sorriso no rosto, mas os olhos revelavam uma tristeza que me fez recuar, preocupado.
— Tem um tempo? — perguntou, parando à porta do meu quarto. — Sei que já está tarde, mas preciso conversar...
— Tenho todo o tempo que você precisar, Sara — respondi, abrindo espaço para que ela entrasse.
— Eu não estou triste... quer dizer, estou sim — confessou, sentando-se na poltrona do quarto, enquanto o peso de suas palavras parecia aumentar.
— O que aconteceu? — perguntei, sentando-me na beira da cama, atento ao que ela tinha a dizer.
— Bom... Eu acabei de contar isso para Anne, e agora vou contar para você também — disse ela, respirando fundo, tentando manter a compostura. — Você sabe que eu passei na OAB...
— Sim... E eu já lhe dei os parabéns — respondi, franzindo a testa, tentando entender onde ela queria chegar.
— Consegui uma vaga como advogada júnior em uma empresa renomada...
— Nossa, Sara! — exclamei, ainda absorvendo a notícia. — Caramba, que incrível! Qual empresa?
— É em Nova York — ela revelou. Eu fiquei parado por um instante, processando aquela informação. Considerava Sara minha melhor amiga, e a ideia de vê-la partir me deixou sem palavras.
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Entre a Fé e o Amor
RomanceUm homem cristão, filho de pastores e herdeiro de uma grande empresa renomada, renunciou a sua fé quando passou por duas grandes perdas. Embora seu coração estivesse endurecido, uma jovem mulher veio para trazer luz à sua vida e ajudar-lhe a restaur...