Capítulo 42 | Aliança de Ouro

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Isaque Campbell

No altar iluminado por luzes suaves, o culto seguia em um ritmo tranquilo. Meu pai, com sua presença imponente e voz firme amplificada pelo microfone, dirigia-se à congregação. Quando chegou o momento da apresentação, ele fez uma pausa, e o ambiente ficou envolto em uma expectativa silenciosa. Com um sorriso cheio de orgulho, ele ergueu a mão na minha direção.

"Gostaria de apresentar a todos meu filho", anunciou, a voz carregada de carinho. De repente, todos os olhares se voltaram para mim, sentado no primeiro banco do andar de cima. Com uma mistura de respeito e hesitação, levantei-me, sentindo o peso de todos aqueles olhos sobre mim. Olhei para meu pai, que continuava a falar com orgulho, o brilho em seus olhos revelando a importância daquele momento.

Enquanto ele falava mais sobre mim, notei a atenção da congregação; alguns sorriam calorosamente, enquanto outros pareciam curiosos para conhecer melhor a pessoa de quem meu pai tanto se orgulhava. Suas palavras ressoavam com carinho, destacando a saudade que ele sente de me ver novamente ali.

Sentei-me rapidamente, sentindo o impacto de ter sido o centro das atenções. Uma parte de mim queria cavar um buraco e me esconder, ou simplesmente sair correndo, mas eu sabia que não podia. Enquanto me acomodava no banco, Anne olhou para mim com afeto, seu sorriso orgulhoso iluminando o rosto. Ela segurou minha mão com carinho, como se quisesse dizer: "Estou aqui com você". Aquele gesto me ajudou a relaxar.

À medida que o final da pregação do meu pai se aproximava, olhei discretamente ao redor e percebi um corredor vazio, uma rota de fuga perfeita enquanto todos ainda estivessem distraídos. Eu não queria enfrentar novamente os olhares curiosos da congregação, então a ideia de sair sem ser notado parecia a melhor opção.

— Anne — sussurrei perto do seu ouvido, tentando captar sua atenção.

Ela virou o rosto na minha direção, e meus olhos foram automaticamente atraídos para seus lábios, que estavam cobertos por um batom nude combinando perfeitamente com seu vestido. Mas logo me lembrei de onde estávamos e da necessidade de me comportar.

— Quando todos estiverem orando de olhos fechados, poderíamos sair por aquele canto que está vazio. O que acha? — sugeri. Ela franziu a testa e balançou a cabeça em negativa.

— Por que está com tanto medo de encarar as pessoas? Se elas quiserem se aproximar de você, deveria permitir. Todo mundo aqui admira você, e, pelo fato de você ter se "desviado" — ela fez aspas no ar com os dedos, sendo bem direta —, para eles é novidade ver você na igreja.

— As moças não param de me encarar, e se elas quiserem se aproximar? — perguntei, tentando provocar um pouco de ciúme nela. Involuntariamente, um sorriso travesso escapou quando a vi olhando discretamente para as garotas nas fileiras de trás.

Ela então voltou a olhar para mim, com uma expressão que me deixou curioso sobre o que viria a seguir.

— Isaque, para ser sincera, você é um homem bonito, e essas meninas morrem de vergonha de se aproximar de um rapaz como você.

— Você me acha bonito, Anne? — perguntei, com um sorriso travesso nos lábios, vendo-a corar.

Ela desviou o olhar rapidamente, fixando-o no altar lá embaixo.

— Eu só estou tentando ajudar você a parar de querer se esconder — respondeu, ainda evitando me encarar.

— Mas você disse que sou um homem bonito. Não sabia que me admirava assim — provoquei, aproximando-me para falar ao seu ouvido.

— Isaque, você sabe que aqui é uma igreja, não sabe? Por que está dando em cima de mim desde a hora que chegou? — disse ela, ousando olhar nos meus olhos novamente, embora com dificuldade de sustentá-los.

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