Capítulo 63 | Vamos Para Itália

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Anne Green

Estávamos no carro, o silêncio confortável preenchido apenas pelo som suave da estrada sob os pneus. Isaque dirigia com a calma de quem finalmente deixara para trás todas as tempestades. Eu o observava, sentindo uma onda de gratidão e alegria tomar conta de mim. Parecia surreal que, depois de tudo, finalmente estávamos livres. Não havia mais barreiras, mentiras ou segredos. Eu queria explodir de felicidade, pular no colo dele, abraça-lo e dizer o quanto ele significava para mim. Meu coração, antes tão inquieto, agora estava em paz.

— Como será o final? Eles vão pagar por isso? — perguntei, querendo uma confirmação do que já sabia, mas ainda precisando ouvir.

— A polícia está investigando. Henrique provavelmente será preso e perderá a licença. Quanto à Gabriela... não denunciei, mas ela será transferida para outro setor ainda essa semana.

Um alívio doce preencheu o ar ao ouvir suas palavras. Senti um peso gigantesco sair de mim, e meu sorriso se abriu sem esforço.

— Como mulher, consigo imaginar a dificuldade de estar grávida de alguém que rejeita o filho, e ainda ser induzida a falsificar um teste de DNA e colocar a responsabilidade em outra pessoa — comentei, com empatia. — Claro que isso não justifica a mentira dela para você, ela poderia ter pedido ajuda ou conversado antes que a situação chegasse a esse ponto. O que ela fez foi um crime, mas acho que, além de uma transferência de trabalho, Gabriela precisa de suporte psicológico, especialmente por causa da gravidez.

— E o que você quer dizer com isso? Sei que ela foi induzida a falsificar o teste, mas isso não muda o fato de que ela me enganou. Não posso simplesmente ignorar o que aconteceu e ser amigo dela — respondeu ele, enquanto eu olhava para a avenida à frente.

— Não precisa ser amigo dela, só ser mais compreensivo. Ela já está mentalmente abalada, e agora, com a gravidez rejeitada pelo pai, a situação piora, entende?

Isaque refletiu por um momento e depois me encarou:

— Eu já disse que a perdoei. O que mais você acha que devo fazer?

— Acho que cancelar a transferência seria um bom começo, porque ela não vai se sentir bem em um setor onde não se identifica. Eu posso falar com ela, tentar entender e, quem sabe, ajudar de alguma forma.

Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso.

— Como diz a Bíblia: “a mulher sábia edifica”. Se você acha que deve fazer isso, não vou transferi-la.

— Obrigada por entender — sorri para ele. — Nem sei como descrever o alívio que sinto agora — confessei, soltando um suspiro.

Isaque, com seu jeito brincalhão, lançou um sorriso de canto, aquele que sempre fazia meu coração acelerar.

— Pode expressar me beijando — respondeu com seu tom arteiro, sem desviar os olhos da estrada. — E, sim, estou lembrando do propósito, caso você queira perguntar.

— Engraçadinho — respondi, rindo, enquanto ele estacionava o carro em frente à casa dos pais.

Ao sair do carro, fui tomada por uma sensação de encantamento. A casa dos pais de Isaque era mais impressionante do que eu jamais poderia ter imaginado. Seus jardins eram como algo saído de um conto de fadas, perfeitamente arranjados, com flores e árvores que pareciam ter sido cuidadas com amor e dedicação. O verde intenso contrastava com a arquitetura clássica da casa, que impunha respeito e elegância. Fiquei ali, parada por um momento, absorvendo tudo, sentindo uma mistura de admiração e nervosismo.

Quando caminhamos pelo portão, meu coração bateu mais rápido. A porta, imponente e decorada com detalhes em ferro forjado, parecia ser a entrada para um novo capítulo em nossas vidas. Isaque abriu a porta com a confiança de quem pertencia àquele lugar, mas eu não conseguia esconder o fascínio nos meus olhos.

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