Isaque Campbell
A luz do sol batia direto no meu rosto, parecendo que queria incendiar a minha pele enquanto abria os olhos. A janela estava escancarada, ignorando completamente o ar-condicionado que eu tinha deixado ligado, e eu percebi que ele trabalhou em vão. Eu estava exausto, largado na cama, sentindo a brisa da manhã percorrer pelo meu corpo. Faltavam poucos dias para o meu casamento, e, vou ser sincero, a ansiedade estava me fritando por dentro.
Meu coração dava umas aceleradas loucas, e aquele frio na barriga chegava do nada, a qualquer hora. Era só alguém mandar um “Tá chegando, hein, Isaque?” e pronto, meu corpo tremia inteiro. Sim, eu sei que tá perto. Eu sei mais do que qualquer um. Mas parece que minha ficha não tinha caído ainda. Casar. Me tornar marido. Virar um cara de família.
Lá estava eu, ainda deitado, ignorando o relógio, tentando processar tudo isso. Respirei fundo e me sentei na cama, sem camisa, deixando o vento me ajudar a clarear as ideias.
“Eu vou me casar com a Anne”, falei pra mim mesmo, como se estivesse tentando preparar meu próprio cérebro.
“Anne vai ser minha esposa.”
“Prometo amá-la, respeitá-la...”
De repente, meu celular vibrou interrompendo meus pensamentos. Claro, o Marcos.
— Fala, cara — atendi com aquela voz de quem acabou de acordar.
— Esqueceu que temos que estar na alfaiataria daqui a uma hora? — a voz dele misturada com o ronco do motor do carro esportivo me dizia que ele tava em um dos seus brinquedos. Melissa com certeza não estava junto. Ela detesta esses carros.
Eu tinha esquecido, óbvio.
Suspirei fundo e me joguei de volta na cama. A verdade era que eu estava tão ansioso que mal conseguia pensar direito.
— Vou me arrumar, relaxa — disse, encarando o teto como se ele fosse me dar alguma resposta.
— Tô indo aí.
— Não precisa, Marcos. Eu já disse que vou me arrumar — falei, apressado, levantando pra ver pela varanda se via o bendito Jaguar F-Type chegando.
— Já tô subindo, Isaque.
— Não, Mar...
Ele desligou na minha cara. E claro, não demorou muito pra campainha tocar. O porteiro sempre deixava o Marcos subir sem nem me avisar. Inacreditável.
Fui até a porta e lá estava ele, todo sorridente, como se tivesse ganho na loteria.
— Depois que casou, não para de sorrir, não é? — zombei, fechando a porta.
— A alegria de um relacionamento cristão é ser casado — Marcos respondeu, largando-se no sofá. — Mas, cara, vai se vestir logo. Ninguém merece te ver sem camisa, Isaque. Não estrague meu dia — falou, fazendo uma pose dramática, e eu não aguentei segurar a risada.
— Eu não gosto de olhar pra tua cara, mas mesmo assim não mando você cobrir ela — retruquei, enquanto ele fazia uma cara de sarcasmo. — E, convenhamos, não é você que preciso agradar sem camisa.
— Guarda essa pra o casamento, Isaque. Tá mais perto do que nunca — ele disse, sem tirar os olhos do celular.
— Cara, presta atenção aqui — sentei-me no sofá, de frente pra ele. — Eu vou casar, Marcos, da pra entender? Eu. Vou. Casar.
— Sério? Se você não fala, eu nem ia notar — brincou, rindo enquanto bloqueava o celular. — Dias atrás vocês estavam rindo de mim. Agora olha quem está nervoso.
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Entre a Fé e o Amor
RomansUm homem cristão, filho de pastores e herdeiro de uma grande empresa renomada, renunciou a sua fé quando passou por duas grandes perdas. Embora seu coração estivesse endurecido, uma jovem mulher veio para trazer luz à sua vida e ajudar-lhe a restaur...