Capítulo 68 | Até o Altar

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Anne Green

Ontem à noite, estávamos sob o céu estrelado de Lido di Venezia, sentados na areia da praia, e Isaque decidiu brincar de astrônomo. Mesmo sem ser o maior entendedor do assunto, ele falava com tanta empolgação sobre as estrelas e o universo que era impossível não me deixar levar por seu jeito divertido e cativante. Eu queria que aquele momento durasse para sempre.

— Se pudesse, passaria a noite toda aqui com você, observando as estrelas e sentindo o seu carinho — confessei, percebendo o olhar apaixonado de Isaque e o sorriso meio tímido, meio galante, que surgiu nos seus lábios.

— Isso é tudo o que eu quero, Anne, viver momentos assim com você — ele respondeu, enquanto acariciava meu queixo com ternura e me envolvia em seus braços, me protegendo do frio.

Eu estava de moletom preto, calça jeans, cabelo preso num rabo de cavalo e tênis branco. Ele, com seu moletom marsala e calça preta, também parecia à vontade. O frio daquela noite não incomodava; na verdade, a presença de Isaque me aquecia de uma maneira especial.

Deitei a cabeça em seu ombro enquanto ele deslizava os dedos pelos meus cabelos, e naquele instante, senti que nada mais importava além de nós dois.

— Eu te amo tanto, Anne — ele sussurrou, deixando um beijo suave na minha testa.

— Eu também te amo, Isaque — respondi, fechando os olhos e me entregando completamente àquele momento perfeito.

De repente, ele perguntou, com um sorriso travesso no rosto:

— Você conhece a história da princesa Ana?

Franzi o cenho e olhei para ele.

— Não, nunca ouvi. Me conta!

— Era uma vez... — começou, e eu ri do jeito teatral que ele adotou. — Uma princesa que vivia em Veneza. Ela tinha os cabelos dourados como o sol, olhos que brilhavam mais que as estrelas, e um sorriso capaz de derreter qualquer coração. Ela adorava passear pela cidade, cantar, dançar e alimentar os pombos. Mas, sabe, só uma pessoa conseguiu conquistar o coração dela: o príncipe Isaac.

Ri ao perceber que Isaque estava criando uma história sobre nós dois. O modo como ele inventou os nomes dos personagens me fez rir ainda mais. Isaac é a versão inglesa de Isaque, mas, como o verdadeiro Isaque é brasileiro, ele resolveu dar um toque especial e chamar o príncipe de "Àizak".

— O príncipe Isaac era um homem imponente, bonito, inteligente, esperto...

— Tá bom, Isaque, já entendi que você está se superestimando — brinquei, rindo ainda mais.

Ele continuou com a mesma seriedade divertida.

— Um dia, enquanto a princesa passeava por Veneza, o príncipe a viu e se apaixonou perdidamente. Foi amor à primeira vista. Ele sabia que jamais poderia deixá-la escapar, então, resolveu cortejá-la.

— Cortejá-la? — repeti, fingindo surpresa e mergulhando nos olhos dele.

— Exatamente! E depois de alguns encontros, ele a pediu em casamento, bem aqui, em Veneza. Logo depois, eles se casaram, tiveram filhos lindos e viveram felizes para sempre.

— Então Isaac e Ana eram uma versão nossa de conto de fadas? — perguntei, rindo da leveza da situação.

— Sem dúvida! Não é incrível, amor? — disse ele, com aquele sorriso sereno que fazia meu coração bater mais forte.

— Você é inacreditável — murmurei, voltando a deitar minha cabeça em seu ombro, completamente tomada pela magia daquela noite.

— Quais serão os nomes dos nossos filhos? — Isaque perguntou de repente, me fazendo sentir um friozinho na barriga.

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