Anne Green
Ontem à noite, estávamos sob o céu estrelado de Lido di Venezia, sentados na areia da praia, e Isaque decidiu brincar de astrônomo. Mesmo sem ser o maior entendedor do assunto, ele falava com tanta empolgação sobre as estrelas e o universo que era impossível não me deixar levar por seu jeito divertido e cativante. Eu queria que aquele momento durasse para sempre.
— Se pudesse, passaria a noite toda aqui com você, observando as estrelas e sentindo o seu carinho — confessei, percebendo o olhar apaixonado de Isaque e o sorriso meio tímido, meio galante, que surgiu nos seus lábios.
— Isso é tudo o que eu quero, Anne, viver momentos assim com você — ele respondeu, enquanto acariciava meu queixo com ternura e me envolvia em seus braços, me protegendo do frio.
Eu estava de moletom preto, calça jeans, cabelo preso num rabo de cavalo e tênis branco. Ele, com seu moletom marsala e calça preta, também parecia à vontade. O frio daquela noite não incomodava; na verdade, a presença de Isaque me aquecia de uma maneira especial.
Deitei a cabeça em seu ombro enquanto ele deslizava os dedos pelos meus cabelos, e naquele instante, senti que nada mais importava além de nós dois.
— Eu te amo tanto, Anne — ele sussurrou, deixando um beijo suave na minha testa.
— Eu também te amo, Isaque — respondi, fechando os olhos e me entregando completamente àquele momento perfeito.
De repente, ele perguntou, com um sorriso travesso no rosto:
— Você conhece a história da princesa Ana?
Franzi o cenho e olhei para ele.
— Não, nunca ouvi. Me conta!
— Era uma vez... — começou, e eu ri do jeito teatral que ele adotou. — Uma princesa que vivia em Veneza. Ela tinha os cabelos dourados como o sol, olhos que brilhavam mais que as estrelas, e um sorriso capaz de derreter qualquer coração. Ela adorava passear pela cidade, cantar, dançar e alimentar os pombos. Mas, sabe, só uma pessoa conseguiu conquistar o coração dela: o príncipe Isaac.
Ri ao perceber que Isaque estava criando uma história sobre nós dois. O modo como ele inventou os nomes dos personagens me fez rir ainda mais. Isaac é a versão inglesa de Isaque, mas, como o verdadeiro Isaque é brasileiro, ele resolveu dar um toque especial e chamar o príncipe de "Àizak".
— O príncipe Isaac era um homem imponente, bonito, inteligente, esperto...
— Tá bom, Isaque, já entendi que você está se superestimando — brinquei, rindo ainda mais.
Ele continuou com a mesma seriedade divertida.
— Um dia, enquanto a princesa passeava por Veneza, o príncipe a viu e se apaixonou perdidamente. Foi amor à primeira vista. Ele sabia que jamais poderia deixá-la escapar, então, resolveu cortejá-la.
— Cortejá-la? — repeti, fingindo surpresa e mergulhando nos olhos dele.
— Exatamente! E depois de alguns encontros, ele a pediu em casamento, bem aqui, em Veneza. Logo depois, eles se casaram, tiveram filhos lindos e viveram felizes para sempre.
— Então Isaac e Ana eram uma versão nossa de conto de fadas? — perguntei, rindo da leveza da situação.
— Sem dúvida! Não é incrível, amor? — disse ele, com aquele sorriso sereno que fazia meu coração bater mais forte.
— Você é inacreditável — murmurei, voltando a deitar minha cabeça em seu ombro, completamente tomada pela magia daquela noite.
— Quais serão os nomes dos nossos filhos? — Isaque perguntou de repente, me fazendo sentir um friozinho na barriga.
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Entre a Fé e o Amor
RomansaUm homem cristão, filho de pastores e herdeiro de uma grande empresa renomada, renunciou a sua fé quando passou por duas grandes perdas. Embora seu coração estivesse endurecido, uma jovem mulher veio para trazer luz à sua vida e ajudar-lhe a restaur...