alguém diferente.

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Antes de lerem, eu quero deixar claro que essa história é uma adaptação, e que é uma história linda e um pouco clichê, mas que envolve bastante aventuras e reflexão sobre como é visto as pessoas que tem síndrome de asperger diante da sociedade e como elas se comportam em seu dia-a-dia.
Bom... e é isso galerinha, tenham uma boa leitura e espero que gostem.

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-Filha... - Dona Regina se abaixou na frente da menina, tirando-lhe do desenho no qual havia trabalhado a manhã inteira.- Você lembra-se da Clara, certo?- Ela perguntou e Becky assentiu. - Sabe que a filha dela chega hoje, não sabe?

-Sei... - Becky respondeu baixo, ouvindo com atenção o que sua mãe tinha para dizer.

Às vezes Becky se sentia um pouco estranha porque, mesmo sabendo que ela não era normal, ela era capaz de guardar as informações que lhe eram passadas sem que fossem repetidas três ou quatro vezes. O problema era que sua mãe não entendia isso e gostava de frisar bastante as coisas que lhe dizia, fazendo Becky se sentir cada vez mais deslocada e diferente das outras meninas da sua idade. Não que a sua condição de portadora da Síndrome de Asperger a deixasse se sentir normal pelo menos uma vez em todos os seus dezesseis anos de vida.

- Eu queria pedir para que você tentasse ser legal com ela. Sarocha é uma menina de quem eu gosto muito, e ela provavelmente vai tentar ser gentil com você e, eu sei que não é fácil, mas apenas tente ser gentil com ela também, ok? - Ela odiava quando a mãe lhe pedia esse tipo de coisa, era quase como se ela dissesse "seja normal, Becky, não seja retardada". Mas a garota simplesmente não conseguia e se sentia horrível por não ter vontade de tentar. Ela achava confortável viver em seu próprio mundo, longe de todas as outras pessoas normais.

-Tudo bem, mãe. Eu prometo tentar.

Respondeu com a voz baixa e voltou a pegar o lápis, focando sua atenção novamente em seu desenho. Dona Regina sabia que a conversa com sua filha havia acabado ali e nem adiantava tentar dizer mais alguma coisa, havia sido assim por toda a vida de Becky e ela respeitava isso.

Assim que sua mãe saiu da sala, a menina pegou seu caderno e saiu da casa, indo até o quintal e se sentou em um balanço que ali havia, dando os últimos retoques com o lápis na forma perfeitamente reconhecível que se encontrava no papel. Ela colocou a ponta do lápis na boca e afastou o desenho do colo, olhando-o melhor e procurando imperfeições. Não as encontrou, então concluiu que havia terminado. Começou a folhear o caderno, observando seus outros desenhos que se resumiam na mesma figura, retratada de jeitos diferentes. Ora homem, ora mulher. Ora criança, ora adulto. Mas sempre a mesma figura, com a mesma intenção. Porque ela era tão fascinada por aquilo? Becky não sabia ao certo a resposta, mas sabia que olhar para aquelas figuras a fazia se sentir melhor.

Desenhar, em geral, fazia a garota se sentir melhor. Ela gostava de colocar sua imaginação no papel e sentir que ali, com aquele lápis na mão, ela podia dizer o que quisesse sem medo de parecer uma esquisita, como costumavam chamá-la na escola pelas suas costas. Contudo, a menina havia aprendido a não se importar mais com o que as pessoas a chamavam. Becky achava que as pessoas eram cruéis e incapazes de apenas compreender que alguns nascem diferentes da grande maioria. Acreditava veementemente na teoria a qual ela desenvolveu em toda a sua vida, que provavelmente as pessoas normais achavam que autistas ou pessoas com síndromes/problemas mentais não tinham sentimentos.

Quer dizer, em que outra coisa ela podia acreditar? Ninguém nunca havia tentado ser legal com ela, tirando as amigas da sua mãe e seus parentes e ela não estava nem um pouco confortável com essa história da filha de Clara vindo morar aqui para fazer faculdade. Ela até achava Clara legal e simpática, mas mal lembrava direito da mulher, quanto mais de sua filha. Tudo o que Becky se recordava era de ficar trancada no quarto toda a vez que sua mãe recebia visita e que Clara e Mike, pais de Freen, vinham no quarto falar com ela e a menina não respondia, mas achava gentil da parte deles. Também se lembrava de escutar Freen e seus irmãos correndo e gritando pela casa e apenas fechar os olhos e pedir para que eles fossem embora logo ou apenas ficassem em silêncio. Ela simplesmente odiava muito barulho em volta dela, isso fazia ela querer gritar para parar.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora