Não você, Freen.

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Narrador POV

- E eu me iludindo achando que a Sarocha era o macho da relação, olha, eu não entendo vocês duas. Não mesmo. - Becky estava acordada, mas mantinha os olhos fechados por pura preguiça de abri-los. Entretanto, foi obrigada a fazê-lo quando sua mãe abriu a porta do quarto já falando.

-Mãe. Shh. - Becky pediu pondo o indicador sobre os lábios. Estavam exatamente na mesma posição da noite anterior, Freen ainda estava dormindo e Becky não queria que ela acordasse. Não se fosse para ver a quantidade de tristeza e angústia contida em seus olhos da noite anterior. Não se fosse para vê-la chorando daquele jeito. Não se fosse para fazê-la se sentir mais culpada por aquilo tudo. Não assim.

-Ela ainda tá dormindo? - dona Regina perguntou tentando enxergar melhor Freen, mas não dava. Seu rosto estava perdido no meio dos cabelos da menina.

-Tá sim. - Becky falou baixo e sua mãe ficou em silêncio por um tempo.

- Você dormiu bem? - dona Regina indagou.

-Dormi. - Becky mal havia pregado os olhos naquela noite, mas sua mãe não precisava saber disso.

Dona Regina então ficou um bom tempo em silêncio. Seu olhar era fixo em algo que Becky não conseguia identificar, como se ela estivesse encarando o vazio. Becky sabia que a sua mãe tinha muitas perguntas a lhe fazer sobre o que aconteceu e porque ela fez isso, mas a verdade é que Becky não queria responder. Ela só queria passar uma enorme borracha nisso tudo.

-Como se sente? - Foi tudo o que a mãe disse, por fim.

-Minha cabeça dói um pouco, mas estou bem melhor do que ontem. - sua mãe assentiu.

-Tá com fome? - Becky não estava. Mas não quis decepcionar mais a sua mãe provavelmente mostrando que estava bem pior do que parecia, então apenas assentiu. -Eu vou pedir para a enfermeira trazer o seu café - Becky forçou um meio sorriso como um mudo agradecimento e sua mãe saiu do quarto caminhando a passos lentos.

Sem querer, a porta bateu com um pouco de força e fez um barulho consideravelmente alto. Freen acordou com o barulho e levantou a cabeça rápido, seus olhos estavam arregalados e ela parecia procurar algo desesperadamente com os olhos.

-Amor. - Becky a chamou baixinho, e Freen parou de procurar quando encontrou com o olhar o rosto de Becky. - Foi só a porta batendo, tá tudo bem. - Freen assentiu algumas vezes, e Becky se limitou a observar em silencio enquanto Freen esfregava os olhos e se levantava da cama, bocejando.

-Como é que você tá? - Freen perguntou passando a mão pelos cabelos e olhando Becky em cima da cama.

-Eu to bem. - Freen passou a mão no rosto, olhando pela janela e vendo que o sol já adentrava o quarto.

-Que horas são? Você já comeu? Quer que eu chame alguém? - Becky negou com a cabeça.

-Minha mãe tá aqui, ela foi pedir a enfermeira para trazer o meu café. Não precisa se preocupar. - A mais velha fez que sim com a cabeça e consultou a hora no celular. Ainda não era nem 9h da manhã. -Você tem que comer. - Becky falou, e Freen negou com a cabeça.

-Eu to legal, não to com fome e... - Becky interrompeu.

-Não perguntei se você tá com fome, mandei você ir até a lanchonete comer alguma coisa. - Freen riu um pouco.

-Que mulher mandona é essa que eu fui arrumar. Eu já to indo.

-Idiota. Vem aqui me dar um beijo. - Becky
pediu e Freen fez uma careta.

-Não. Meu hálito tá horrível, eu acabei de acordar.

- O meu também. Vem logo aqui.

-Sendo assim... - Freen se aproximou da cama e selou levemente seus lábios nos de Becky, em seguida beijou longamente sua testa.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora