Amiga

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Naquele dia, Becky não prestou atenção em nenhuma aula. Não desenhou e quase se esqueceu de por os fones de ouvido, só se recordando de tal coisa quando percebeu que o barulho a sua volta estava começando a aumentar. Ainda assim, ela ficou muito dispersa para prestar atenção nas pessoas a sua volta, se acotovelando e passando por todos eles sem se incomodar muito com o fato de estar no meio de uma "multidão".

Tudo o que ela conseguia pensar era nas mãos de Freen nas suas, no seu sorriso e em suas palavras gentis. Que droga, porque ela não conseguia se concentrar em outra coisa? Isso era idiota e completamente desconhecido para ela. Freen provavelmente essa hora estava na faculdade paquerando alguém e Becky na escola apenas sendo uma iludida. Que ridículo.

O que ela não fazia a mínima ideia era que
Freen estava a ponto de se jogar na frente de um caminhão com moto e tudo se aquilo fosse fazê-la parar de pensar na garota. Freen nunca foi burra e sempre foi mais racional do que emocional, o que a ajudava muito na hora de sair de situações difíceis. O problema agora era que, por mais que seu cérebro trabalhasse estupidamente bem em ficar esfregando na cara dela todos os motivos pelos quais ela não podia ousar chegar perto da menina com outras intenções, seu coração tomava conta quando ela estava perto da garota e coisas que não deveriam acontecer, aconteciam.

Ela só queria esquecer essa história e tratar a Becky como uma garota normal de quem ela queria ser amiga e não ficar imaginando coisas que não deveria com ela.

Freen só queria tirar Becky da cabeça e vice versa.

Mas as duas sabiam que aquilo era a última coisa que iria acontecer.
[...]

-Filha, eu vou ter que viajar por uns dias. - dona Regina comentou enquanto dirigia, levando a menina para casa depois da escola.

-Quantos dias? - Perguntou, tirando a atenção do lado de fora da janela para encarar sua mãe.

- Cinco dias. - Suspirou, assentindo.

- Tudo bem, mãe. - dona Regina torceu a boca. Ela sabia que Becky odiava ficar sozinha quando ela precisava viajar a trabalho. Já pensou em tentar conseguir alguém para lhe fazer companhia, mas a garota havia lhe dito que ter alguém por perto era pior do que ficar sozinha.

-Me desculpe querida. - Soltou o ar devagar, parando em um sinal vermelho. - Eu sei que você odeia quando eu viajo.

- É o seu trabalho, eu entendo. - Becky encarou o teto do carro e algo se iluminou na mente de sua mãe.

-Mas você não vai ficar sozinha, tem a Sarocha agora, lembra? - O coração da menina parecia que ia voar do peito no segundo em que o nome de Freen foi pronunciado. Ela iria ficar cinco dias sozinha com Freen dentro de casa e sinceramente, ela não estava preparada para isto.

-Quando é que você viaja? - Becky mudou de assunto.

-Amanhã de manhã. - Os dedos da menina se apertaram em torno do couro do banco, sem que a mãe visse. Ela apenas assentiu levemente, concordando e logo a mãe estacionou na porta de casa.

- Até à noite. - Foi tudo o que Becky disse antes de saltar do carro e entrar em casa.

Subiu para seu quarto devagar, aproveitando que Freen ainda não havia chegado da faculdade para andar pela casa sem ter medo de encontrá-la por ai, com seus cabelos propositalmente bagunçados e aquele sorriso lindo que ela sempre abria quando a via. Becky definitivamente não precisava disso agora, já que teria que conviver com Freen por cinco dias sem sua mãe por perto.

Ao abrir a porta de seu quarto, deu de cara com um papelzinho no chão. Abaixou-se para pegá-lo e deduziu que Freen havia deixado ali depois que Becky havia descido para tomar café. Sorriu automaticamente enquanto o abria e seu sorriso alargou quando leu o conteúdo da mensagem ali contida: "Não foi nada, aliás, se você quiser dar uma voltinha de moto por ai é só me pedir, haha. Brincadeira, eu sei que você ficou com medo. E, bom... Se quiser me ver cantar, já sabe onde me achar".

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora