Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)

Eu acho que eu amo você.

Narrador POV

Becky observou Freen dormir tão profundamente que nem acordava com os sacolejos do carro na estrada. Ela não havia dito absolutamente mais nada e ficou tão absorta em pensamentos que acabou dormindo. A menina não conseguia dormir, ela só conseguia pensar no que aconteceu e que poderia ter sido evitado se ela tivesse conseguido ser mais normal.

Não queria pensar no que provavelmente os pais de Freen estavam achando dela, mas sabia que era algo bastante semelhante ao que as pessoas de sua escola pensavam. E ela só queria acabar com isso, acabar com as pessoas falando essas coisas dela porque Becky não queria acreditar no que as pessoas diziam pelas suas costas achando que provavelmente ela era idiota demais para entender, mas Becky escutava e entendia tudo e isso doía demais, só que quase ninguém enxergava tal fato.

A culpa era toda de Becky e não havia discussão sobre isso. Freen não teria brigado com a sua mãe se ela não tivesse sido tão estúpida e anormal, ela seria apenas uma namorada normal e Freen poderia passar o final de semana matando as saudades de sua família, como deveria e Becky queria que fosse assim, mas ela conseguiu ser idiota o suficiente estragando
tudo.

Sabe qual era a pior parte?

Era saber que Freen estava fazendo tudo isso apenas por causa de Becky, e a menina não conseguir achar uma forma boa o suficiente para retribuí-la. Ainda que Becky tivesse certeza que seus sentimentos por Freen só sabiam crescer a cada segundo perto ou longe dela, Becky não conseguia achar palavras boas o suficiente para olhar nos olhos dela e dizer a forma como se sentia ao ver Freen se esforçando tanto para que as duas ficassem juntas.

Mas ela queria. Queria porque ela sabia o desespero que sentia com o fato de apenas pensar em estar longe de Freen, em alguma coisa poder levá-la para longe, aquilo era quase uma tortura psicológica. E ter a consciência de que Freen estava fazendo isso tudo somente para não ficar longe dela era algo que a menina simplesmente não podia descrever com palavras, ela nunca achou que alguém assim poderia existir no mundo, mas ela encontrou essa pessoa quando ela menos esperava.

-Chegamos. - Anunciou dona Regina, do banco do motorista, e Becky olhou pela janela, enxergando os muros altos de sua casa e se perguntando como estava tão absorta em pensamentos que nem mesmo percebeu onde estavam. Sua mãe a encarava do retrovisor e Becky assentiu.

- Tudo bem. Só vou acordar ela e a gente já entra. - dona Regina fez um sinal de positivo e saiu do carro. Freen ainda dormia de uma forma tão profunda que parecia um pecado acordá-la e fazê-la lembrar dos acontecimentos mais recentes, mas ela tinha que fazer isso ou do contrário Freen provavelmente passaria o resto do dia dormindo naquele carro. - Amor? - Becky chamou por Freen sacudindo seu ombro de leve. - Amor? Baby, acorda. - Freen resmungou e abriu os olhos devagar. - A gente já chegou, amor. - Freen olhou para Becky e depois para a janela do carro, vendo a porta de casa.

- Hm, vamos entrar então. - Foi a única coisa que ela disse antes de sair do carro e pegar a mochila dela e a da menina no porta malas, entrando em casa em seguida.

Becky suspirou e entrou em casa logo depois de Freen, desejando poder fazer alguma coisa para fazer Freen se sentir melhor e realizando dolorosamente que não havia nada a ser feito.

- Meninas, vocês querem comer alguma coisa? - dona Regina perguntou quando viu as duas na sala, Becky estava fechando a porta e Freen largando as mochilas no sofá.

-Eu quero. - Becky percebeu, ao tocarem no assunto, que estava mesmo com fome.

-Sarocha? - dona Regina perguntou e Freen negou com a cabeça.

-Não to com fome. - Becky observou Freen subir as escadas e deu um suspiro cansado, indo para a cozinha, atrás da mãe que começava a preparar um sanduíche.