A decisão

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Narrador POV

Freen ainda estava dormindo quando sua tia chegou. Becky se encontrava acordada, não havia pegado no sono em momento algum. Isso se devia ao fato de que ela já havia dormido muito no hospital devido a todos aqueles remédios e sedativos e seu corpo se encontrava completamente descansado deste tipo de necessidade.

Não havia parado para pensar direito sobre a briga com Freen e sobre como ela a ignorou. Não queria pensar naquilo naquele momento, parecia um pouco sem sentido porque agora tudo tinha sido resolvido e as duas estavam de bem. Becky não queria brigar com Freen nunca mais, não queria mais se sentir como se fosse obrigada a puni-la por algo que ela fez, não queria ignorar Freen e agora aquilo parecia que havia acontecido há muito tempo. Como aqueles sonhos ruins enevoados que as pessoas têm e carregam poucas lembranças do mesmo, embora soubessem que eles existiram.

Becky ainda não havia se mexido, apesar de perceber que seu braço já estava dormente. Estar desta forma com Freen a fazia mais calma do que qualquer outra coisa no mundo e ela sentia como se todos os pensamentos ruins e autodepreciativos fossem apenas algo que ela precisava resolver depois, como pensar de onde ela tiraria forças para voltar para a escola e sobre como ela finalmente realizou o quanto queria ser normal.

Não era só uma questão de querer ser normal, de fato. Ela sempre quis isso durante toda a vida. Embora soubesse que muito disso se devia ao fato dela estar completamente chocada consigo mesma por ter tentado retirar a própria vida ou o quão ela se sentiu extremamente mal por ver sua mãe e Freen ficando tão abatidas pelo que quase aconteceu, Becky sabia que aquilo era por ela mesma.

E talvez, só talvez pudesse ter algo a ver com as palavras duras de Freen naquele fatídico dia. Becky agora entendia que Freen nunca quis falar nenhuma daquelas coisas, pelo menos não naquele tom ríspido e seco que só fazia as palavras serem mais cortantes. Mas ela não era burra e sabia que, se Freen disse, em algum momento ela ou o seu subconsciente pensaram aquilo.

-Filha? - dona Regina perguntou abrindo a porta devagar. Becky despertou de seus devaneios e saiu cuidadosamente debaixo do braço de Freen, ficando meio sentada meio deitada na cama.

-Oi mãe. - Becky falou baixo.

-Eu trouxe comida. - dona Regina disse entrando no quarto e balançando uma sacola em mãos. Becky fez uma careta.

-Eu não estou com fome, mãe.

-Você sabe que tem que comer. Nem que seja só um pouco. - Becky assentiu, olhando sem vontade para as embalagens de alumínio que a mãe retirava da sacola. Depois olhou para Freen e pensou que em todos esses dias ela nem se alimentou direito e também não dormiu direito. No mínimo ela estava morrendo de fome. E, ainda que não estivesse, Becky a faria comer do mesmo jeito.

-Baby. - Becky a chamou, se virando para Freen. - Baby, acorda. Minha mãe trouxe comida, vamos almoçar. - Freen abriu os olhos.

-Hã?

-Comida. Almoçar. - Freen negou com a cabeça fechando os olhos e resmungou algo sobre querer dormir. Becky revirou os olhos. - Baby-. Ela chamou novamente e se inclinou para sussurrar no ouvido de Freen. - Se você levantar agora, eu te dou um beijo depois. - Sua mãe ainda estava no quarto e não, ela não iria beijar Freen com a mãe ali.

-Um ótimo incentivo. - Freen sussurrou de volta, esfregando os olhos.

-Filha, você acha que consegue descer para comer ou prefere fazer isto aqui mesmo? - Becky ponderou um pouco. Não se sentia mais tão fraca como no hospital e descer umas escadas não iria matá-la, de qualquer forma.

-Eu vou descer. - sua mãe assentiu e começou a levar as embalagens de comida para baixo. Freen ajudou Becky a descer até a cozinha e não havia sido tão difícil assim.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora