-Tia, eu disse para você não parar o carro aqui na frente. - Freen reclamou, entrando no carro. - Agora tá todo o mundo rindo de mim. - Olhei para o lado de fora através da janela e percebi que havia um pequeno grupo de meninas se cutucando e rindo, apontando para o carro.
- Para de besteira. - Minha mãe riu e deu partida no carro.
Freen se virou na minha direção e sorriu.
-Oi minha princesa. - Disse baixo e me abraçou. Tentei ignorar o olhar da minha mãe através do espelho retrovisor, mas foi impossível. - Foi tudo bem na escola? - Perguntou me soltando e eu assenti, me esticando para dar um beijo na sua bochecha.
-Não entendi a palhaçada de só beijar no rosto na minha frente, até parece que eu não sei que vocês chupam as línguas uma da outra quando eu não to perto. - Corei violentamente e escondi o meu rosto no ombro de Freen, sem dar tempo de ver qual foi a sua reação.
- Mãe... - Repreendi, com a voz abafada.
-Eu to falando alguma mentira? Façam-me o favor. - Eu não podia ver o seu rosto, mas sabia que ela estava revirando os olhos.
Ficamos em um silêncio constrangedor até que o carro parasse em frente a nossa casa, minha mãe adorava nos deixar com vergonha e eu já devia ter me acostumado com isso, mas ainda não me acostumei.
-Até de noite, meninas. Juízo! - Ela gritou para fora da janela enquanto entravamos em casa e eu acenei, vendo o carro arrancar em seguida.
Entramos em casa em silêncio, Freen, gentil como sempre, abriu e fechou a porta para mim. Larguei minha mochila no sofá e sentei no mesmo, puxando um caderno e abrindo na página do dever de casa. Procurei meu lápis no meu estojo e comecei a resolver as simples ao meu ver questões de matemática, passando pelas três primeiras sem nem parar para pensar em algum cálculo ou algo do tipo.
- Princesa. - Ouvi Freen se sentar do meu lado e parei o que estava fazendo, me virando para encará-la. - Eu preciso sair. É rápido, eu prometo.
-Onde você vai? - Perguntei, sem poder conter a curiosidade.
-Não posso dizer. - Freen me olhou com uma expressão indecifrável e eu me senti confusa.
- Por quê?
-Você vai ver. - Piscou para mim e ameaçou levantar, mas eu segurei seu braço, me sentindo um pouco desesperada.
-Da última vez que você saiu sozinha, aconteceu aquele acidente com você. - Suspirei e senti meus olhos pinicarem, lembrando daquele fatídico dia.
-Não, não, nada vai acontecer comigo, tudo bem? - Assenti, querendo acreditar naquilo. - Se isso te deixa mais tranquila, eu vou a pé, inclusive.
-Tá bom, então. - Ela me puxou para um abraço e eu fechei os olhos, inspirando seu cheiro e rezando mentalmente para que nada acontecesse com ela. Por mais que eu soubesse que Freen sabia se virar e tudo mais, eu não podia me impedir de ter medo. - Vai rápido. - Pedi e ela segurou meu rosto, selando nossos lábios de uma forma demorada, me deu um frio gostoso na barriga.
Não pude deixar de me sentir apreensiva pelos minutos em que Freen passou fora. Embora eu tivesse voltado para o meu dever de casa e estivesse quase terminando, era como se a minha mão fosse uma parte separada do meu corpo, os números que eu escrevia não passavam a mesma informação para o meu cérebro.
Acabei por terminar o exercício e partir para o de física, que também não era tão difícil assim. Sempre tive facilidade com números, bom, em alguma coisa eu tinha que ser boa, além de desenhar. Até porque, isso me distraia de ficar pensando o tempo todo em Freen, embora eu soubesse que ela ia ficar bem e que já era bem grandinha para saber se virar sozinha. Acidentes acontecem, podia ter acontecido com qualquer um, mas eu ficava com medo do mesmo jeito.
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Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)
أدب الهواةExistem muitas definições para o amor. Uns dizem que amor não existe sem sacrifício. Outros dizem que amor é ter paciência e esperar o outro poder se entregar a você. Alguns até são mais ousados e acreditam que o amor é uma composição de elementos q...