sorriso

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Becky suspirou, pegando seus livros e sabendo que o sinal iria tocar dali a alguns minutos. Olhou em seu horário qual era a próxima aula, já que ela possuía um pouco de dificuldade para decorá-la e ficou feliz em ver que era matemática. Ela quase nunca assistia às aulas dessa matéria, pois era ótima com cálculos e tirava de letra apenas lendo as teorias que vinham nos livros da escola. Então, ela geralmente gastava o tempo dessas aulas fazendo o que ela mais gostava: desenhar.

Sentou na última cadeira da última fileira e colocou seus fones de ouvido no último volume, sabendo que em breve a sala se encheria de gente e o falatório começaria, dando-lhe uma grave dor de cabeça. Becky odiava lugares cheios de gente e odiava muito barulho em volta dela, logo, odiava a escola. Não a finalidade da escola em si, pois adorava estudar, mas odiava as pessoas e todo o seu barulho. Será que eles não podiam parar um segundo, em silêncio e refletir sobre si mesmos? Tinham mesmo que sair por ai gritando para todo o mundo ouvir como a festa do final de semana foi legal ou como seus pais foram legais em lhes dar um carro novo? Quer dizer, isso importa para quem? Para Becky não importava. E talvez fosse por isso que as pessoas a chamavam de retardada.

Seu lápis começou a correr pela folha, dando forma a mesma figura de sempre, só que feminina dessa vez. Becky simplesmente desenhou a aula inteira, demorando um pouco para se dar conta quando o sinal tocou e só percebendo quando todas as pessoas haviam saído da sala. Chateou-se por um momento, pois queria terminar o desenho, mas recolheu suas coisas e começou a sair da escola, feliz por poder ir para casa. Em momento nenhum ela retirou seus fones, tendo consciência de que a barulheira era duas vezes maior nos corredores.

Sua mãe já a esperava no carro, do lado de fora e Becky agradeceu por isso, sem precisar ficar parada na porta da escola vendo as pessoas passarem por ela cochichando coisas que ela não iria gostar de ouvir, provavelmente. Dona Regina deixou a filha em casa e correu para voltar para a empresa. Ela sempre fazia isso, visto que a menina não gostava de voltar no ônibus escolar por motivos totalmente compreensíveis que não era necessário citar.

Becky entrou em casa e ficou feliz por ver que Freen ainda não havia chegado, lhe dando um pouco de tempo para respirar antes de realizar que dali a pouco ficaria sozinha com a mulher. Mas não podia ser tão ruim assim... Bastava ela se trancar no quarto. Sim! Era isso que ela faria: se trancaria no quarto até que sua mãe chegasse, assim não correria nenhum risco de Freen vir falar alguma coisa com ela.

Ela começou a subir as escadas para ir para o seu quarto, até que parou na metade delas e se perguntou se era isso mesmo que ela queria. Becky queria se esconder de Freen? Parte dela sim, parte dela não. A menina gostava de toda essa atenção que ela recebia de Freen, principalmente depois daquela manhã. Mas não sabia como lidar com aquilo, ela não sabia como lidar com as pessoas em geral, então preferia se afastar. Por mais que Freen lhe fizesse ter vontade de saber ser normal.

Portanto, decidiu que não iria se trancar no quarto, mas também não iria ficar perto de Freen. Sentou-se no sofá com seu caderno de desenho em mãos e voltou a trabalhar no que tinha começado durante a aula de matemática mais cedo, ficando satisfeita pela forma que ele estava tomando.

Becky controlou a vontade que ela teve de sair correndo escadas acima quando ouviu o barulho da moto parando na frente de sua casa e tentou voltar sua atenção para o desenho, mas não conseguiu. Logo ouviu a porta da frente abrir e espiou Freen através de uma mecha de cabelo que caía sobre seu rosto, visto que sua cabeça estava abaixada.

Freen usava os mesmos jeans e a regata de mais cedo, segurado a jaqueta em uma mão e as chaves de casa na outra. Sua mochila pendia despreocupadamente sobre um dos ombros e ela deu uma rápida olhada no celular. Como ela conseguia ser tão... Como era mesmo a palavra? Linda. Como ela conseguia ser tão linda? Não estava fazendo nada demais e Becky não conseguia parar de olhar, sem conseguir disfarçar.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora