Boa noite

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Becky-POV

-Aqui. - Falei entrando no quarto e ascendendo a luz com o cotovelo enquanto equilibrava o prato quente em minha mão. -Seu jantar. - Expliquei quando a vi esfregar os olhos e se ajeitar até estar sentada na cama. - Você tava dormindo? - Perguntei, me sentindo um pouco mal por tê-la acordado.

- Não, eu só tava no escuro. É que você ascendeu a luz de repente. - Assenti e coloquei o prato no seu colo.

- Vê se precisa de mais sal.

-Sopa? - Perguntou fazendo uma expressão sofrida. - Eu odeio sopa.

-Eu não perguntei se você gosta, eu disse que você vai comer. - Disse e lhe entreguei uma colher. Freen levantou as sobrancelhas.

- Hm, que mandona. - Revirei os olhos.

-Idiota. - Freen levou uma colherada a boca e demorou alguns segundos para engolir. Provavelmente estava sentindo o gosto ou algo assim.

-Até que eu gostei. - Sorri. - Moça prendada essa hein. - Falou imitando um sotaque do interior.

-Come e cala essa boca. - Disse, tentando não rir e achando impossível tal tarefa.

-Você não vai comer? - Perguntou entre uma colherada e outra.

-Não, eu já comi e minha mãe também por que... - Ela me interrompeu, parecendo lembrar-se de algo.

-Sua mãe veio aqui falar comigo. - Franzi o cenho.

-Como assim?

-Ela... Bom, basicamente, ela viu a gente se beijando. - Arregalei os olhos o máximo que eu consegui. Eu não tava preparada para isto. Não me sentia em condições de contar nada para a minha mãe agora, eu nem mesmo conseguia assimilar muito pela forma rápida com a qual meus sentimentos por Freen só faziam crescer, quanto mais tinha emocional e palavras para falar sobre isso com a minha mãe. - Não, calma, não fica assustada. Ela... Não brigou.

-Como? - Meu queixo caiu vários centímetros.

- É. Ela foi muito compreensiva, apesar de ter me ameaçado de morte algumas vezes.- Ri um pouco, imaginando a cena.

-Mas... Ela não me disse nada. - Comentei e tentei entender o porquê daquilo.

-Acho que ela queria que eu te contasse.- Assenti e parei para pensar por um segundo.

-Baby, isso muda alguma coisa entre a gente?- Perguntei receosa.

-Não, não pequena, de forma alguma. Muito pelo contrário. Agora não tem mais problema em estarmos juntas, pelo menos pela parte dela. - Então era isso.

-Era sobre isso que você estava com medo, né? - Perguntei e ela assentiu, com a boca cheia. - Mas... Ainda tem seus pais - Neguei com a cabeça. - Eles nunca vão me aceitar.

O que, no fim das contas, era muito verdade. Freen era um pouco mais velha, linda, inteligente, simpática e definitivamente poderia arrumar coisa melhor do que eu. Às vezes eu já me sentia meio que um estorvo na vida da minha mãe, imagina que eu não iria achar que era na vida da Freen.

E provavelmente nenhum, absolutamente nenhum pai ou mãe iria querer que a filha jogasse outras ótimas e incríveis oportunidades de namoro pela janela simplesmente por causa de alguém como eu, que mal sabia o que iria querer fazer quando saísse da escola. Por mais que aquilo me doesse e me desse uma enorme vontade de chorar, era verdade. A pior parte é que eu era completamente consciente dela.

-Não fala assim, eu vou... Conversar com eles o mais breve possível. - Freen disse colocando o prato vazio em cima da mesinha de cabeceira.

- Isso não tá certo.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora