Algo está acontecendo...

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Pov- Becky

-Pronto meninas. - Minha mãe disse quando parou o carro na porta de casa.

- Obrigada mãe. - Disse e logo em seguida desci do carro, sendo seguida por Freen. Minha mãe acenou e arrancou com o carro.

-Baby, você não tem de ir para o trabalho? - Perguntei a ela, que abria o portão pra mim.

-Só daqui a um tempo. A consulta foi mais rápida do que eu tinha calculado. Tá cansada? - Assenti e bocejei.

-Estou. - Confirmei, começando a subir as escadas. Só queria deitar um pouco e dormir, organizaria as ideias depois disso.

Freen subiu junto comigo e me cobriu depois que eu deitei, beijando minha testa. Eu sabia que não teria feito nada disso sem ela, sem o apoio e o amor dela. Acariciei seu rosto quando Freen sentou na beirada da cama, tentando fazer com que ela soubesse, através daquele pequeno toque, tudo o que eu sentia por ela.

-Obrigada. - Falei baixinho. Freen sorriu sem mostrar os dentes e pegou minha mão entre as suas, beijando os nós dos meus dedos.

-Não precisa agradecer.

-Precisa, baby. Eu não teria conseguido sem você. - Ela negou com a cabeça e inclinou o corpo, beijando minha testa.

-Teria sim. Você conseguiu isso por si mesma, sozinha. Eu sei que você pode passar por isso e você vai. Não gosto quando fica se culpando e se odiando, não vejo motivos para essas atitudes autodestrutivas. - Suspirei.

- Não pode ser de outro jeito, baby. - Encarei o teto, expirando pesadamente. São raras as vezes que eu consigo fazer alguma coisa normal, sem estragar tudo. Não é como se eu enxergasse alguma coisa que me fizesse querer parar de me odiar. Senti meus olhos encherem de água, mas prendi o choro. Eu não iria chorar hoje.

-Claro que pode. Você precisa procurar qualidades em você. Coisas as quais você faça, por mais que pareçam bobas, que você goste e ache que sejam boas. Porque ficar procurando motivos para se odiar é a última coisa que você precisa no momento. Tudo o que você tem que focar é no seu tratamento e não em aspectos que te deixem para baixo, tudo bem? - Assenti. Freen acariciou meu rosto e deu um sorriso lindo, daqueles que só me deixavam mais e mais apaixonada por ela. - Eu preciso ir agora, volto a tempo do jantar. Prometo. - Me sentei na cama para segurar seu rosto e beijá-la suavemente.

-Meu anjo... Já to com saudade. - Disse e ela sorriu.

-Eu volto logo. E você, mocinha, trate de descansar. - Ela beijou a ponta do meu nariz. - Eu amo você. - Dei um sorriso enorme e logo em seguida Freen saiu do quarto.

Assim que me vi sozinha, afundei dentro das cobertas.

Eu estava feliz comigo mesma, pelo dia de hoje. Por ter dado tudo certo na escola, por eu não ter saído correndo do consultório do Dr. Halphins, por minha mãe e Freen terem ficado felizes com tudo isso. Claro que eu ainda sabia que teria muita coisa pela frente, teria que me adaptar a tal clínica se eu resolvesse ficar lá e tudo mais, mas eu sabia, de alguma forma, que tudo iria se encaixar em seus determinados lugares.

Eu estava... Deus, qual era a palavra?

Confiante.

Eu estava confiante.

Pela primeira vez em toda a minha vida, eu sentia esse tipo de coisa dentro de mim. Confiança e determinação para começar o meu tratamento e ser o mais normal que essa Síndrome me permitiria ser.

Acho que eu nunca havia me sentido desse jeito. Não que de uma hora para a outra eu fosse, de repente, deixar de ser insegura. Até porque, até onde eu sei, todas as pessoas do mundo tem algum tipo de insegurança. Sendo normais ou não, isso é normal. E eu ficava feliz por ter sentimentos normais, de vez em quando.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora