Curiosidade

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-Precisa de ajuda? - dona Regina enfiou a cabeça pela porta do quarto e Freen sorriu, negando com a cabeça e terminando de guardar algumas roupas na cômoda.

-Não tia, obrigada. Eu já estou terminando.

-Ok então. Só não demore, o jantar vai ficar pronto daqui a poucos minutos. - Avisou dona Regina, arrumando os óculos e voltando para descer as escadas e ir até a cozinha. Freen assentiu mesmo sem sua tia ver e parou no meio do quarto, vendo que tudo já estava arrumado exceto uma coisa: seu violão. Ele estava jogado em cima da cama, praticamente gritando "me toque, me toque".

-Só amanhã. - Ela pegou o instrumento e se virou para guardá-lo no guarda roupa, percebendo que havia acabado de falar com seu violão. - Deus, eu realmente estou enlouquecendo. - Freen riu de si mesma, colocando o objeto em seu devido lugar e descendo para jantar, como sua tia havia pedido.

-Bem na hora. - Dona Regina sorriu, colocando uma travessa com frango assado na mesa. - Filha, vem jantar! - Ela berrou e foi até a geladeira pegar uma jarra de suco.

Freen se sentou em uma das cadeiras da mesa, mexendo em seu celular e se perguntando se Becky havia ouvido os berros de sua mãe. Ela ainda não havia visto o rosto da menina e estava particularmente curiosa para isso. Já que havia sido completamente ignorada quando tentou falar com ela no momento em que chegou, tentaria atrair nem que fosse o mínimo de atenção dela agora, no jantar. Apesar disso, Freen não estava chateada pelo fato de Becky não ter lhe dado atenção, mais cedo. Ela entendia que isso não era culpa da menina e realmente iria tentar ser gentil com a filha de sua tia.

Só não sabia por que estava tão interessada na menina. Quer dizer, Freen sempre costumou gostar mais de meninas do que de meninos, se é que me entendem, mas Becky estava longe de ser vista por ela com aqueles olhos até porque, Freen nem sabia mesmo como era o rosto da menina. Talvez ela só estivesse curiosa em relação à garota, já que não estava acostumada a lidar com esse tipo de gente.

-Oi filha. - dona Regina sorriu para a porta da sala de jantar e Freen ergueu os olhos do seu celular para finalmente ver a menina.

Becky se sentou de frente para Freen e sua mãe se sentou na cabeceira da mesa, permitindo que Freen olhasse a menina a sua frente o quanto quisesse. Em momento nenhum a garota se atreveu a levantar o olhar para a mulher a sua frente, era quase como se ela tivesse medo de ter contato com outras pessoas.

Antes de começar a comer, Freen parou por alguns segundos e deu uma boa olhada nos traços latinos da menina a sua frente, esperando guardar todos eles para imaginá-los da próxima vez que ela resolvesse falar com a menina e ela fingisse que Freen não existia. A mulher não teve medo de admitir para si mesma que achou a garota bonita até demais, não entendendo como diabos ela conseguia ser tão fofa sem nem ao menos abrir a boca para falar um "boa noite" ou fazer outra coisa que não fosse comer.

-Obrigada por me deixar ficar aqui, tia. - Freen resolveu puxar assunto, percebendo o silêncio que se instalara na mesa, apenas com o barulho dos talheres batendo nos pratos e os copos sendo repousados na superfície de madeira.

-Que isso Sarocha, sua mãe é minha melhor amiga, você é praticamente da família. - dona Regina disse gentilmente e Freen riu um pouco, erguendo o olhar de seu prato por um momento para observar o que Becky fazia. Incrivelmente ela ainda comia, como se nada estivesse acontecendo e estivesse sozinha na mesa.

Becky queria morrer a continuar naquela mesa com Freen e sua mãe conversando animadamente. Não que ela se importasse com a conversa, ao longo dos anos ela aprendeu a não se incomodar com as risadas altas das pessoas a volta dela, afinal, rir era sinal de alegria e Becky ficava feliz de saber que as pessoas a volta dela estavam felizes.

Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora