Narradora -POVNinguém sabia muito o que fazer quando esse tipo de acidente acontecia. Alguém era "especial", algum idiota falava alguma coisa ruim de propósito ou não e pronto, a merda estava feita. O pior problema não era o que havia acontecido e sim as pessoas em volta. Ninguém sabia direito como lidar com a situação e era sempre mais fácil esperar que alguém tomasse uma atitude. Era mais confortável e, pelas costas, poderiam apenas dizer um "coitadinha". As pessoas sempre encontram o caminho mais fácil e confortável, ainda que aquilo prejudique ou deixe de ajudar alguém necessitado.
Freen trincou os dentes de ódio e iria abrir a boca para literalmente mandar sua mãe ir se foder.
Mike se retraiu no sofá, tenso.
Dona Regina cerrou os punhos. Clara havia sido sua melhor amiga por todo esse tempo, mas ela podia simplesmente dar-lhe um tapa na cara ali mesmo.
Heng se mexeu desconfortável e alternou o olhar entre Becky, Freen e Clara, se perguntando quem é que iria gritar primeiro.
Nam mordeu o lábio inferior, nervosa, olhando para Freen e pedindo internamente para que ela não fizesse nada estúpido.
Becky saiu correndo ao mesmo tempo em que seus olhos arderam, indicando que ela estava chorando. Só conseguia fazer suas pernas se mexerem para fora daquela casa e parecia que o ódio que sentia de si mesma não diminuía a medida que ela atravessava a porta da frente e encontrava a rua.
Por dez segundos, ninguém foi capaz de se mexer.
Dona Regina estava se decidindo se iria atrás da filha ou esganava Clara.
Mike encarou as pessoas em volta dele, desejando que alguém fizesse/falasse alguma coisa.
Heng desejou que alguém fosse atrás da menina, mas ele mesmo era hipócrita o suficiente para não se levantar.
Nam olhou para a mãe com os olhos estreitos, acusando-a silenciosamente.
Clara observou Becky sair correndo e negou com a cabeça, como se confirmasse para si mesma que ela havia feito merda.
Freen engoliu todos os xingamentos que ela tinha na garganta e saiu correndo atrás da menina.
Becky corria. Ela havia dobrado a esquerda quando saiu da casa e estava quase chegando a esquina. Não enxergava direito 0 que estava acontecendo a sua volta e não conhecia absolutamente nada em San Miguel, mas queria se distanciar daquele lugar e sabia que correr era a melhor solução.
Freen estava correndo atrás de Becky, mas ficava dividida porque queria muito matar sua mãe, ao mesmo tempo. Claro que Becky e seu bem estar eram mais importantes e Freen acelerou o passo quando Becky dobrou a esquina, com medo de perdê-la de vista. Onde diabos ela estava indo?
-Rebecca! - Freen gritou, a menina pareceu não escutar e simplesmente continuou correndo. Atravessou a rua sem ao menos olhar para ver se vinha carro e aquilo deixou Freen em um extremo estado de desespero, a ideia de Becky se machucando era uma coisa que a deixava desesperada.
No ritmo que a menina corria, Freen não iria alcançá-la tão cedo, mas estava correndo o máximo que conseguia. Becky não estava se importando tanto com a velocidade, não percebeu quando seu corpo começou a diminuir o ritmo, seus pulmões ardiam por ar, mas ela não podia parar. Queria se ver longe daquela casa e do quão diferente se sentiu ali, no meio de tantas pessoas normais.
Becky estava tão perdida que nem mesmo percebeu que Freen estava atrás dela e achava que se tivesse percebido, não teria parado. Ela não sabia direito o que queria, mas queria ficar sozinha. Contato com outras pessoas, ainda que fosse Freen, poderia fazer Becky surtar e aquilo era a última coisa que ela queria.
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Meu Porto Seguro É Você 🔐 (Freenbecky)
FanfictionExistem muitas definições para o amor. Uns dizem que amor não existe sem sacrifício. Outros dizem que amor é ter paciência e esperar o outro poder se entregar a você. Alguns até são mais ousados e acreditam que o amor é uma composição de elementos q...