POV: Nascimento
"15 E aos filhos de Israel falarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus, levará sobre si o seu pecado.
16 E aquele que o nome do Senhor certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto.
17 E quem alguém certamente.
18 Mas quem matar um animal, o restituirá, vida por vida."
Levítico 24.
Minha mão latejava de dor, mas continuei socando aquele vagabundo da mesma forma. Cada golpe reverberava pela sala, e meu sangue fervia com a determinação de fazê-lo pagar. Eu não sabia exatamente o que ele havia feito para manter Rafaela ali, mas sabia como faria ele pagar por isso. Cada soco, cada coronhada, era um passo mais perto da justiça. Da minha justiça.
No início, ele era um alvo fácil, seu rosto jovem e delicado sofrendo com a violência dos meus golpes. Mas logo ele começou a resistir, e a luta se transformou em uma batalha no chão. Ele tentava se desvencilhar, desesperado, mas sem sucesso. A arma estava longe, caída no chão. Nem eu, nem ele iríamos usá-la. Eu planejava matá-lo com minhas próprias mãos.
Assim que eu a vi, tudo o que eu sentia de negativo se dissipou. Era como se eu nutrisse um ódio por uma entidade idealizada e quando defrontava a realidade, não correspondia. Eu não consigo ficar puto com ela, não agora, pelo menos.
Ela havia sumido desde que a luta começou. Eu não ouvia sua voz suave, não via sua figura etérea. Será que ela não se importava se eu o matasse? Será que ela entendia o que estava acontecendo? Mas nada disso importava agora. Eu tinha que acabar com aquilo.
Fantasiei, durante todas as horas anteriores, que isso era uma espécie de brincadeira de mau gosto. Estava errado. Ela havia sido sequestrada por um garoto que parecia mal ter saído da puberdade. Nada grita mais Rafaela do que isso. Será que Gabriella sabia de seu paradeiro? Quanto seus amigos estavam envolvidos?
Minha mão, ensanguentada e tremendo de cansaço, parou no ar quando vi uma sombra se formar contra a luz que iluminava a sala. Parei de socá-lo e olhei. Era Rafaela, mas estava irreconhecível. Insanidade, terror e tristeza estampavam seu rosto choroso. Suas mãos trêmulas seguravam a arma, e antes que eu pudesse reagir, ela murmurou algo rapidamente e apertou o gatilho.
Fechei os olhos ao ouvir o clique da arma. Em um milésimo de segundo, minha mente espiralou, esperando pelo pior. Levantei-me do homem desconhecido e corri em direção a ela antes mesmo de perceber que nada havia acontecido. A arma havia falhado, e ela ainda a segurava contra a cabeça, chorando e tremendo.
- Rafaela, me dá essa arma - Falei cautelosamente. Ela assentiu, passando-me a arma com o cano virado para baixo. Peguei-a, coloquei na cintura e recuperei minha outra arma que havia deslizado para longe. Voltei para ela, meus movimentos urgentes porém controlados.
Pelo peso, a arma não estava carregada.
Abracei-a fortemente. O mundo ao nosso redor desapareceu. Apertei-a contra mim, sentindo o calor do seu corpo pequeno e macio. Tudo o que eu havia pensado de ruim sobre ela agora parecia absurdo. Como pude duvidar? Ela era minha âncora, minha luz, meu oxigênio, meu tudo. Ao sentir seus braços ao redor do meu corpo, percebi que toda a frustração e raiva eram insignificantes diante do amor que eu sentia por ela. A ideia de que ela me abandonaria era um erro de comunicação, uma paranoia infundada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob a Farda, o Caos.
RomanceUma história onde Roberto Nascimento, capitão do BOPE, cruza o caminho de Rafaela, uma recém-formada em medicina que atua como psiquiatra no Hospital Central da Polícia Militar. | Dark Romance | Tropa de Elite | Capitão Nascimento | Psiquiatria | H...