Capítulo 04

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Red Hearts Pov


Enquanto cavalgava pelas paisagens surreais das País das Maravilhas, o vento soprava suavemente, mas minha mente estava em tempestade. Eu falava com Apolo, como se ele pudesse entender cada palavra.

 - Por que é tão difícil, Apolo?-  O cavalo relinchava, como se estivesse tentando me consolar, mas eu sabia que ele não conseguiria resolver os meus dilemas. - Eu só queria que Chloe visse o que sinto por ela.

- Não mudaria nada de qualquer forma. - continuei murmurando para o animal que trotava majestosamente. - Ah! eu daria qualquer coisa para Chloe me olhar daquele jeito Apolo...

O cavalo relinchou alto, como se quisesse chamar minha atenção para algo. Quando olhei para frente, vi o enorme palácio onde cresci, construído na cor escarlate e repleto de torres. Lembro-me de que adorava explorá-las com Morgan quando era criança.

— É! Chegamos. — Parei na frente da entrada principal, chamando a atenção de alguns guardas, que, quando me reconheceram, vieram correndo até mim. Desci de Apolo, entregando suas rédeas para o guarda que se posicionou à minha frente. — Cuidem bem dele e o deixem pronto para sair amanhã cedo.

O guarda me respondeu apenas com um "Sim, Alteza" e saiu com Apolo. Entrei no palácio e encontrei alguns criados.

- Onde está a Rainha, por favor? - perguntei.

- Está na sala de jantar, Alteza - disse um homem que parecia ser novo, pois não me lembrava dele.

- Obrigada - agradeci e caminhei rapidamente até a sala onde minha mãe estava. Dois guardas abriram a porta para mim, revelando a imagem da Rainha Bridget e de Amália jantando em um clima agradável. Amália foi a primeira a me ver.

- Red! - Ela sorriu e se levantou, vindo até mim. Minha mãe se virou na velocidade da luz, e seu rosto se iluminou ao me ver. - Que bom ver você...

- Oi, Mali... - abracei Amália e olhei para minha mãe. - Oi, mamãe...

- Oi, meu amor... - Ela agarrou meu pescoço, me apertando, talvez me deixando sem ar. - Que saudade de você.

- Meu bem, você vai matar a menina! - Amália comentou, e minha mãe a olhou com uma expressão severa. - Só estou falando...

Fui arrastada até uma cadeira na mesa de jantar e fui forçada a me sentar.

- Mas então... por que você não está em Auradon? - Amália perguntou.

- Eu... Precisava falar com vocês sobre uma coisa. - As duas me olhavam atentamente. - Eu quero me inscrever no programa militar daqui.

Mali me olhava animadamente enquanto minha mãe me olhava como se tivesse visto alguém chutar um animal indefeso.

- Isso é... - minha mãe começou, mas Amália a interrompeu.

- Ótimo! 

- AMALIA! 

- Que foi? Bridget é ótimo que ela queira se preparar para ser rainha. - Minha mãe a olhou indignada. - Você também teve que fazer um curso militar...

- Curso! falou certo, eu nunca tive que passar por nenhum treinamento. - Ah! a irredutível rainha de copas. - E a minha filha também não vai. Ela não precisa provar nada para ninguém.

- Mas eu quero ir mãe... - tentei falar mas ela apenas levantou a mão, sinalizando para que eu parasse de falar.

- Filha... Como rainha, eu sei tudo que eles vão fazer com você lá, eles não vão pegar leve com você só porque você é princesa. - Confesso que me ofendi.

- Eu sei que não. E também não quero que eles peguem leve comigo, eu não preciso disso. - Disse determinada, e acho que se alguém pudesse morrer de orgulho, esse alguém seria Amália agora.

- Isso!  essa é minha filha. - Ela se levantou de seu lugar e se sentou ao meu lado. - Eu consigo te colocar lá dentro rapidinho...

- Já disse que não. - Falou minha mãe.

- Bridgh... se nossa filha sabe que da conta, por que NÓS vamos tentar impedi-la? 

- Porque... - Ela se interrompeu. - Ela já esta longe da gente Amália, ela vai ficar ainda mais longe por quatro anos? 

Agora eu entendi. Me levantei indo ate ela e a abraçando por trás.

- Mãe, eu preciso fazer isso... - Comecei a acariciar seus ombros. - Não estou pronta para falar sobre isso, mas é uma coisa que vai me fazer bem.

Ela suspirou. Me abaixei ao seu lado fazendo com que ela me olhasse.

- Por favor... - Implorei. Minha mãe pareceu ponderar por um momento.

- Tudo bem Red, você vai. - Me levantei animada. - Mas... se você não responder minhas cartas, ou ignorar minhas visitas eu mando prender você, entendeu?

- Sim majestade. - Ela olhou para mim e depois para Amália.

- Coma, e depois passe a noite aqui. Esta tarde. - ela se levantou e saiu. Amália veio até mim e me abraçou de lado.

- Eu estou muito orgulhosa de você, meu amor. - Sorri para ela, e ela deixou um beijo em minha cabeça e saiu atrás da minha mãe.

Me sentei novamente, e um criado me serviu um prato, agradeci silenciosamente começando a comer. Não me preocupei  pois sabia que Amália lidaria bem com minha mãe.




Chloe Charming Pov


O encontro com o Dever foi sensacional, mas havia momentos em que minha cabeça doía. Parecia que eu estava tentando lembrar de algo, mas não consegui. Tentei ao máximo ignorar isso, porém, não foi mais possível. Tive que vir para o quarto mais cedo por conta disso e, por incrível que pareça, a dor de cabeça passou.

Chamei por Red quando entrei, mas não havia sinal dela, o que era estranho, pois ela não disse que iria sair nem nada do tipo. Minha cabeça deu outra pontada. Decidi tomar um banho e colocar meu pijama para ver se a dor passava, mas nada adiantava. Só fui me sentir melhor quando, sem querer, esbarrei na escrivaninha de Red e seu perfume caiu no chão. Peguei-o e, não sei por que, levei-o ao nariz. Ao sentir o cheiro dela, qualquer resquício de dor desapareceu automaticamente.

Estranhei o acontecimento, mas não me apeguei muito àquilo; estava cansada demais. Dever havia planejado um piquenique no meio da floresta, em uma clareira, e era uma boa caminhada até lá. Deitei a cabeça no travesseiro e apaguei.

No dia seguinte, acordei por volta das 8:00 da manhã, o que significava que eu estava atrasada para a primeira aula. Resolvi só aparecer para a segunda, me arrumei calmamente e, só quando estava organizando minha bolsa, percebi que a cama de Red estava intacta, o que significava que ela não dormira aqui ontem. Será que ela estava com alguém? Minha cabeça deu mais uma pontada, dessa vez tão forte que me fez sentar na cama novamente.

Saí do quarto decidida a ir na enfermaria. Ao passar em frente ao castelo da escola para ir para outra ala, vi Red chegando em um lindo cavalo branco. Ela usava um sobretudo de couro vermelho que eu não me lembrava dela ter, e mantinha uma postura confiante que, por algum motivo, fez meu coração palpitar mais rápido. O que? Isso não faz sentido. Eu amo Dever... 

Não é?



Entre o vermelho e o azul - Red and ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora