Capítulo 42

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Red Hearts POV

Naquele dia, mais tarde, eu e Chloe nos sentamos para conversar sobre um novo bebê, nós decidimos esperar mais um ano e aí, e só aí, tentar de novo. E assim fizemos, um ano depois lá estávamos na mesma clínica de fertilização que fomos na primeira vez.

Infelizmente, nem tudo são rosas. Duas semanas depois que a inseminação foi feita, descobrimos que minha esposa estava gravida, mas dois meses depois, Chloe sofreu um aborto espontâneo.

Foi difícil encarar o fato de que meu filho tinha morrido, mas naquele momento, eu só estava preocupada em cuidar da minha mulher. Chloe ficou deprimida por semanas, nossos filhos não entendiam bem o porquê de sua mãe de repente não sair mais da cama, Leah chegou a ter febre pela saudade da rotina que ela tinha com minha esposa.

Tinha dias que me pegava chorando desesperada por me sentir tão impotente. Meus sogros passaram um tempo conosco, eles tentaram de toda a forma que podiam faze-la reagir, mas não surtiu efeito. Anthony ia até sua mãe e a chamava para andar a cavalo, ou ir até o lago vê-lo nadar, Leah ia até ela e sugeria que elas fizessem um passeio, mas a resposta dela para os dois era a mesma. "Agora não querido(a)".

O tempo parecia se arrastar enquanto eu lutava para encontrar maneiras de trazer Chloe de volta à vida que tínhamos construído juntas. O peso da dor dela me esmagava, e eu sentia que, de alguma forma, também havia perdido uma parte de mim. Tentei ser forte, mas havia noites em que a solidão me envolvia e eu me perguntava se algum dia essa dor passaria.

As flores que eu costumava trazer para nossa casa murchavam sem que ela nem sentisse seu cheiro, e o riso das crianças tinha se tornado uma lembrança distante, pois elas também sentiam o sofrimento que se instaurou na casa. Eu evitei pressioná-la, mas sentia a necessidade de que Chloe falasse sobre seu luto. Um dia, ao levantar-me da cama, resolvi que era hora de agir. Eu não podia deixar que a tristeza a dominasse para sempre.

Decidi organizar um dia especial para nós. Convoquei a ajuda de nossos filhos, planejamos um piquenique no nosso lugar favorito, a clareira. Preparei um cesto cheio de tudo que Chloe adorava: sanduíches, frutas, bolachas e algumas de suas guloseimas preferidas. A ideia era reunir a família e lembrá-la das pequenas alegrias da vida.

Quando o dia chegou, acordei cedo e arrumei tudo, esperando que a energia do ambiente a ajudasse a se sentir um pouco mais viva. Acordei Chloe com um beijo suave, e a convidei suavemente.

- Amor, eu planejei algo especial hoje. Vamos ao parque, espero que você goste. - Ela olhou para mim com uma expressão vazia, mas algo no meu otimismo parecia tocar nela.

- Posso não estar pronta para isso. - Respondeu, porém hesitou ao olhar para os rostos animados de Anthony e Leah. Eu sabia que eles também precisavam de sua mãe.

Finalmente, depois de muita insistência, Chloe concordou em ir. O caminho até o parque foi silencioso, mas cada metro parecia repleto de esperança. Ao chegarmos, o sol brilhava e o ar fresco trazia a magia da primavera com ele. As crianças correram para o gramado, enquanto a risada deles foi um chamado que parecia despertar a Chloe de seu torpor. Gradualmente, ela começou a sorrir ao ver Anthony se esforçando para atravessar a corda bamba que estendi para eles, e Leah tentando imitar seus passos desajeitados. A energia à nossa volta estava mudando.

No entanto, havia um momento que eu temia: o instante em que precisaríamos encarar a realidade do que havíamos perdido. Durante o piquenique, enquanto as crianças se divertiam, um pequeno grupo de pássaros se pousou nas proximidades, e isso fez Chloe parar. Ela olhou para o céu e depois para a floresta.

- Queria que ele estivesse aqui. – Sua voz baixa tomou minha atenção. – É irracional, eu nem o conheci, mas sinto tanta falta dele...

- Não é irracional, amor. – Digo me ajeitando melhor ao seu lado, se forma que meu corpo pudesse abraçar o seu. – Nós íamos ter um filho, uma mistura perfeita entre você e eu, e de repente ele foi roubado de nós. Nos deixou um vazio que nunca vai poder ser preenchido, e nós vamos ter que aprender a lidar com isso...

Entre o vermelho e o azul - Red and ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora