Entre o vermelho e o azul - Red and Chloe

Capítulo 11

Red Hearts POV

Uma coisa eu posso afirmar, maldita foi a hora em que me alistei nisso.

Quatro anos de treinamento militar são extremamente desafiadores, e nesse tempo, encarei testes de resistência e uma rotina exaustiva. Contudo, houve aspectos positivos, como as várias amizades que fiz, que impediram que esses anos fossem tediosos. Além disso, minha relação com Morgan era bastante caótica, o que nos rendeu algumas punições, e posso afirmar que fizemos muitas rondas noturnas juntas.

Outra mudança significativa que experimentei foi nas minhas condições físicas e psicológicas. No aspecto físico, fortaleci consideravelmente meus braços e pernas graças aos treinamentos com espadas e às corridas matinais, e também acredito que cresci cerca de cinco centímetros. Em relação ao meu psicológico, a disciplina e uma rotina constante e regrada trouxeram-me um benefício considerável.

Também amadureci muito durante esse tempo, o que me fez perceber que cometi muitos erros ao partir sem conversar com Chloe. Ela nunca saiu da minha mente; ainda sou perdidamente apaixonada por ela e faria qualquer coisa para vê-la novamente, mas ela provavelmente deve me odiar agora.

Mas retomando, naquele momento eu estava a caminho de casa. Sentado no ônibus com Morgan ao meu lado, sentia meu corpo, ainda vestido com o uniforme branco oficial da guarda, tremer de ansiedade pela expectativa de ver minha família novamente. Claro, encontrei minhas mães durante esses quatro anos, mas sempre por breves períodos, e a ideia de que agora seria para sempre trazia um conforto imenso ao meu ser.

- E você Red? - A voz de Morgan me traz de volta para a realidade.

- Eu o que? - Perguntei perdida no assunto.

- Estamos planejando ir ao bar do pai do Steven amanhã. - Steven era um colega nosso, muito gente boa, e só se alistou na guarda porque minha mãe oferecia uma "bonificação" mensal às famílias mais humildes que dependiam daquele aluno como único provedor. - Apenas para comemorar nosso retorno para casa.

- Amanhã tem aquele baile que minha mãe quer fazer. - Faz uns dois meses que minha mãe fala desse baile para mim, e do quanto era importante que eu fosse. - Se eu não for ela manda cortar minha cabeça.

- Mas o baile é só as 20:00. - Morgan se vira completamente para mim.- A gente vai se encontrar as 15:00, é só você sair por volta das 19:00.

Ponderei por um momento, acho que não faria mal.

- Tudo bem, eu vou. - Minha amiga se animou e voltou a falar com nossos colegas enquanto eu olhava a paisagem pela janela.

Não me dei conta de quando adormeci, mas despertei quando Morgan me tocou, avisando que o ônibus estava prestes a parar. Olhando pela janela, vi uma multidão nos aguardando. Ao descer, dirigi-me ao palanque onde a rainha me esperava. Pelo caminho, recebi cumprimentos e sorrisos das pessoas, o que me fez sentir bem, ciente de que o povo que em breve lideraria apoiava minhas decisões.

- Olá majestade. - disse para minha mãe que já se levantava vindo ate mim.

- Minha filha. - Percebi que havia crescido quando minha mãe me abraçou e eu tive que me inclinar para retribuir o abraço. - Fez boa viajem?

- Fiz sim. - Disse enquanto abraçava Mali, que me olhava sorrindo.

- Estamos iguais agora. - Mali diz se referindo a roupa que eu vestia que era igual a sua.

- E estaremos iguais amanhã também. - Disse querendo citar a roupa de gala que recebíamos ao final do curso. Roupa essa que usaríamos no baile.

- E por falar no baile, filha. - Minha mãe disse chamando minha atenção. - Temos que conversar mais tarde.