zweiundvierzig

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Sina Deinert🪡

A manhã começou com a típica correria de segunda-feira. Eu arrumava a bolsa de Harry enquanto ele tomava café, e meu celular já vibrava com mensagens de clientes e notificações do trabalho. Ser estilista demandava muito tempo, e conciliar isso com os cuidados com Harry era sempre um desafio, mas eu dava o meu melhor para manter tudo em equilíbrio.

— Está pronto, meu amor? — perguntei, agachando-me para ajustar o cachecol dele.

Harry assentiu, com um sorriso tímido. Seus olhos ainda carregavam um certo ar de preocupação, mas ele parecia mais animado. Talvez a escola e o hockey fossem distrações suficientes para afastar os pensamentos que ele tinha sobre o pai.

Depois de deixá-lo na escola, segui para o estúdio onde trabalho. A rotina de reuniões com clientes, ajustes e seleção de materiais ocupou a maior parte do meu dia, mas minha mente sempre voltava para Harry. A imagem dele perguntando se Noah gostava dele ainda ecoava na minha cabeça. Saber que meu filho estava lidando com essa dúvida me partia o coração.

Conforme a tarde avançava, enviei uma mensagem para Rodrigo, combinando com ele de nos encontrarmos na escolinha de hockey do Harry. Ele sabia que eu gostava de estar presente nas atividades do nosso filho sempre que possível. No caminho, imaginei como seria bom para Harry ter um momento tranquilo e divertido após um fim de semana emocionalmente pesado.

Ao chegar na escolinha, vi Harry já em campo, patinando com os outros meninos. Ele parecia concentrado e determinado, o que me deixou um pouco mais tranquila. Rodrigo chegou logo em seguida e nos cumprimentamos com um sorriso.

— Ele está indo bem — comentou Rodrigo, observando Harry com orgulho.

Assenti, sentindo um misto de orgulho e alívio. O hockey parecia um porto seguro para Harry, algo que o conectava tanto com o pai quanto com ele mesmo. No final do treino, ele veio correndo em nossa direção, animado, e seguimos para casa, onde preparei um jantar rápido antes de nos arrumarmos para o jogo de Noah.

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Chegamos ao ginásio um pouco antes do início do jogo. A atmosfera estava eletrizante, com torcedores animados, luzes piscando e o som alto dos tambores. Para Noah, esse era um jogo decisivo, e eu sabia o quanto ele estava nervoso. Apesar de todas as complicações entre nós, eu queria que ele tivesse sucesso e que Harry o visse triunfando.

Enquanto nos acomodávamos nas arquibancadas, notei Ashley, a namorada de Noah, sentada alguns assentos à nossa frente. A princípio, tentei ignorá-la, concentrando-me em Harry e na empolgação dele ao ver o pai no gelo. Ele estava radiante, pulando e gritando a cada jogada, o que me encheu de alegria.

No entanto, em um momento de distração, percebi que Harry se aproximou de Ashley, talvez por curiosidade ou apenas para se sentir parte daquele lado da família. Vi quando ele tentou puxar conversa, mas o que se seguiu foi um golpe que eu não esperava.

Ashley olhou para ele com um ar de desdém, afastando-se ligeiramente e murmurando algo que não consegui ouvir. A expressão de Harry mudou instantaneamente; ele ficou quieto, os ombros caídos, e voltou para o meu lado, de cabeça baixa.

Senti uma onda de raiva tomar conta de mim. Era como se todas as preocupações que eu carregava tivessem explodido naquele instante. Levantei-me e caminhei até Ashley, decidida a esclarecer as coisas.

— Ashley, podemos conversar? — pedi, mantendo a calma, mas firme.

Ela me olhou surpresa, talvez sem esperar que eu fosse confrontá-la. Aproximei-me dela, olhando diretamente em seus olhos.

— Não sei o que você disse para o Harry, mas espero que tenha sido algo respeitoso. Ele é uma criança e merece ser tratado com carinho. — minha voz saiu firme, e eu sabia que estava deixando claro que não toleraria qualquer atitude negativa em relação ao meu filho.

Ashley tentou dar uma resposta evasiva, algo sobre "não querer se envolver" e "Harry ser responsabilidade de Noah", mas minha expressão era o suficiente para deixá-la desconfortável. Voltei para o meu lugar ao lado de Harry, acariciando seu cabelo e garantindo que ele sentisse minha presença protetora.

O jogo continuou, e para o alívio de todos, o time de Noah venceu. Ele brilhou no gelo, e Harry vibrava de alegria ao ver o pai triunfar. Quando o jogo terminou, Noah veio até onde estávamos, ainda empolgado com a vitória. Ele olhou para Harry, visivelmente emocionado, e depois voltou-se para mim e Rodrigo.

— Vocês querem vir comemorar com a gente? Seria bom ter a companhia de vocês — convidou ele, o olhar cheio de expectativa.

Hesitei. A ideia de comemorar ao lado de Noah e Ashley, depois do que havia acabado de presenciar, me deixava desconfortável. Ao mesmo tempo, eu sabia que Harry queria passar mais tempo com o pai, especialmente em um momento tão especial.

Olhei para Rodrigo, que me lançou um olhar de apoio. Ele sempre respeitava minhas decisões e sabia o quanto era importante para mim proteger Harry de qualquer situação desconfortável.

— Vamos pensar, Noah. Não quero que Harry se sinta desconfortável — respondi, tentando ser educada.

Noah assentiu, percebendo minha hesitação, mas manteve o sorriso.

— Entendo. Se vocês decidirem aparecer, será ótimo. Vou esperar vocês — disse ele antes de se afastar para comemorar com o time.

Enquanto eu caminhava para fora do ginásio, senti o peso das decisões que precisava tomar. Eu queria que Harry tivesse uma relação com o pai, mas também precisava proteger seu coração de qualquer dor. E, naquele momento, eu sabia que cada escolha precisava ser cuidadosamente pensada para garantir que ele crescesse cercado de amor e respeito.

My Hockey PlayersOnde histórias criam vida. Descubra agora