Juliette foi entregue para adopção pelo seu pai depois da mãe a ter abandonado. Desde os dois meses de idade viveu no orfanato até que os novos pais a descobriram.
Maria e Estêvão, pessoas de posses, tinham por hábito participar nos eventos realizados pelo orfanato para angariar verbas. Foi o caso de agora, mas ao contrário das outras vezes, uma garotinha aproximou-se deles e com voz doce perguntou a Maria:
- Queres ser a minha mamãe?
Maria não conseguiu responder de imediato, tal foi a surpresa. Olhou para Estêvão e depois para a miúda e devolveu a pergunta.
- Tu queres que eu seja tua mamãe?
- Ela assentiu com a cabeça e deu-lhe a mão. Não mais se largaram.
O processo durou alguns meses e agora que foi finalizado, finalmente puderam levá-la. Não contaram nada aos gémeos. Queriam fazer surpresa, mas não esperavam a reacção da Luísa.
Sentados à mesa para jantar, Luísa continuava emburrada e Rodolffo sentou Juliette ao seu lado e era todo doçura com ela.
Maria serviu toda a gente e ficou encantada ao ver Juliette juntar as mão e fazer uma oração de agradecimento. Não era habitual ali em casa, mas Maria gostou do gesto.
- De hoje em diante faremos sempre oração. Cada dia será um.
- Que ideia idiota. - barafustou Luísa.
- Luísa! De castigo ficas sem sobremesa.
Ela olhou para Juliette com cara de quem chupou limão azedo.
Tudo por culpa dela. Que garota insuportável. - pensou.
Maria, terminado o jantar foi arrumar as poucas roupas de Juliette e também preparar a cama.
- Amanhã vamos comprar umas roupas para ti. Também vou comprar um roupeiro novo, porque o da Luísa está cheio.
- Mãe, eu também preciso de roupa. - falou Luísa.
- Depois vemos. O que precisares eu compro, mas podes ver alguma coisa que já não te sirva e que a Juliette possa usar.
- Eu acho que ainda me serve tudo. Não tem nada para ela.
- Certo. Então compramos tudo novo.
Quando Maria as deixou sózinhas, Luísa fez questão de mostrar a Juliette o seu lado perverso.
- Não penses que vais tirar a minha família. Eu nunca vou ser tua irmã.
- Juliette não respondeu. Já de pijama vestido, deitou-se e virou-se de costas para Luisa. Tinha os olhos rasos de àgua, mas não deixou que ela percebesse.
Apesar de tudo conseguiu dormir a noite toda sem sobressaltos. Acordou bem cedo e quando Maria veio para as acordar, encontrou-a já pronta e de banho tomado.
- Luísa, despacha-te. A Juliette já está pronta e temos que sair cedo para aproveitar de manhã que não há muito movimento.
Vem Ju. Vem tomar café.
Ouviste, Luísa? Sai da cama se queres ir.Luísa contrariada levantou-se a resmungar qualquer coisa imperceptível. Já elas tinham terminado o café quando ela chegou à cozinha.
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Robe cor de rosa
FanfictionÉ na infância que se criam memórias que podem ou não marcar uma vida.