Seis anos se passaram. Os irmãos viviam uma felicidade plena quando uma tragédia assolou a família.
Numa viagem e já de regresso a casa, Maria e Estêvão sofreram um grave acidente rodoviário que lhes tirou a vida, deixando os filhos completamente desamparados.
A única família viva era uma tia avó que foi avisada e logo se disponibilizou para ficar junto das crianças.
Estêvão havia salvaguardado esta situação e já tinha instruído os seus advogados em relação à fortuna. Só não previu quem poderia encarregar-se dos filhos.
Lucrécia, a tia, chegou e logo as crianças sabiam que nada seria fácil para eles. Pessoa de idade, mentalidade retrógrada, quem começou por sentir o impacto maior foi Juliette por não ser filha de sangue.
Depois das cerimónias fúnebres, mostrou ao que vinha.
As crianças nem tinham direito a chorar os pais que logo eram repreendidos.- Tu aí, minha sonsa, vamos lá arrumar os quartos. - dizia ela para Juliette.
Já tinha despedido todo o pessoal da casa com excepção da cozinheira e o motorista.
- A partir de agora e até irmos embora, são vocês que vão tratar da casa.
- Para onde vamos? Vamos deixar o colégio? - questionou Rodolffo.
- Sim. Eu não gosto da cidade e vamos todos para o campo.
- Nós não queremos ir.
- Vocês são crianças. Não têm quereres. Tu e a tua irmã vão comigo.
- As minhas irmãs!
- A Luísa. A outra não é tua irmã nem da família.
- É sim. Os nossos pais adoptaram-a.
- Não me questiones meu fedelho. De agora em diante vão fazer o que eu mandar.
Dias depois, Ana, a cozinheira, senhora dos seus 60 anos ouvia a megera decidir o destino de Juliette.
- Vou entregá-la a uma família que precise de alguém para trabalhar. Os outros dois ficam comigo, até por conta do que vou receber mensalmente. Ana ouvia e não queria acreditar.
- Mas senhora! Vai separar as crianças? Elas vão sofrer. A menina Juliette está na família há 6 anos.
- Tempo demais. Tem idade suficiente para ser prestável a alguém.
Ana sabia que devia fazer alguma coisa.
Num dia em que Lucrécia saiu para fazer compras preparou uma mala com alguma roupa de Juliette e levou-a para sua casa.
Dias depois o motorista foi instruído para entregar Juliette a um casal num lugar específico.Combinado com Ana, o motorista entregou Juliette na casa dela onde a filha desta a esperava para levar para a cidade vizinha.
Horas depois os gémeos questionaram a tia sobre o paradeiro da irmã e esta apenas disse com a maior das calmas " foi embora".
Rodolffo gritou com ela e recebeu um tapa.
Subam, vão preparar as vossas malas que amanhã vamos viajar. Vão deixar esta casa para sempre.
- E as nossas coisas? As recordações dos pais?
- A casa fica fechada. Quando forem adultos podem tomar posse dela novamente. Não levem muita coisa que não vão precisar.
Os dois subiram e ficaram longo tempo abraçados a chorar. Rodolffo arrumou a sua mala rápido e foi ajudar Luísa. Ele era muito mais prático nisso.
- Eu não vou conseguir levar tudo. Olha, a Juliette deixou tanta coisa!
Rodolffo olhou tudo o que fora dela e sem Luísa perceber pegou numa peça de roupa e levou para a sua mala. Pelo caminho encostou-a ao rosto e inspirou o perfume dela.
- Eu vou achar-te minha irmazinha. Logo que eu possa vou procurar-te.
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Robe cor de rosa
FanfictionÉ na infância que se criam memórias que podem ou não marcar uma vida.