Identidade falsa

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- Ana!  Falta tanta roupa da mãe.

Juliette e Ana faziam o balanço das faltas no quarto dos pais.

- E as jóias que estavam nesta caixa, sapatos, o conjunto de acessórios do cabelo, em prata que a mãe sempre tinha na penteadeira.  No banheiro não tem nenhum perfume da mãe e do pai.
Agora como vamos provar que as coisas existiam?

- Podes deixar.  Também achei falta de umas pratas da sala.  Quando eu soube que a senhora Lucrécia vinha eu fotografei toda a casa e cada acessório.  Só não vi o cofre porque não sei a senha.

- Eu acho que a Luísa sabe.  Eu ouvi ela e a mãe conversarem um dia sobre o que estava lá dentro.

- Que bom.  Espero que a tua tia doida não tenha descoberto a senha.

Com base nas fotos, fizeram um inventário e constataram as faltas.  Firmino ia levar a lista ao dr. Gonçalo para que exigisse a restituição de todos os artigos, principalmente as jóias e pratas.

- Olha, Ana!  A doida até deixou aqui a mala dela para levar as nossas. Deixa ver se tem alguma coisa.

Vasculharam a mala toda e encontraram alguns documentos.

Todos eles se referiam  a Lucrécia, mas as fotos dos mesmos não conduziam com o figura que tinha estado ali.  Apesar de mais velha dava para perceber que não eram a mesma pessoa.

Num outro documento estava uma morada ali mesmo da cidade.
Ana ficou intrigada, mas não comentou nada com Juliette.   Resolveu ficar com os documentos e entregá-los a Firmino.

Firmino olhou para eles com espanto e decidiu investigar por conta própria.   Nesse mesmo dia iria até à morada para esclarecer o assunto.

A casa estava situada num bairro que não sendo dos mais luxuosos era bastante conceituado.  Firmino tocou à campainha e ninguém respondeu.   Decidiu tocar na porta ao lado.

Uma senhora de idade avançada veio abrir.

- Peço desculpa pelo incómodo, mas achei uma documentação da senhora Lucrécia.  Já toquei na porta dela, mas ninguém respondeu.

- Documentos de quem?

- Da senhora Lucrécia.  - Firmino mostrou os documentos.

- Misericórdia!   Essa senhora faleceu há anos.

- Verdade?  Então a casa está fechada?

- Não.   A empregada que últimamente cuidava dela mudou-se para cá na sua morte.

- E a senhora sabe o nome da empregada?  É para lhe deixar um bilhete na caixa do correio.

- Zulmira Capitolina.  É o que sei.  Pode ter outro nome, mas por aqui é assim que é conhecida.

- Muito obrigado.  A senhora foi muito gentil.

- Não tem de quê.   Passar bem.

A senhora fechou a porta e Firmino nem queria acreditar que a esta hora os meninos pudessem estar em apuros se tivessem ido com a megera, mas e a documentação com a custódia?  Seria falsa com certeza.

Saiu dali directamente para o consultório do dr. Gonçalo e explicou-lhe tudo.  Juntos foram fazer uma queixa por furto e apropriação de bens e ainda roubo de identidade.

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