Uma luz

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Os meses passavam e não havia novidades sobre a guarda das crianças.   O Dr. Gonçalo quis fazer o pagamento para Firmino, mas ele não aceitou.

- Não é justo Firmino!  Então deixa eu continuar a pagar o teu salário.   Faz de conta que continuas a trabalhar.

- Isso pode ser.  Vou manter o carro em bom estado para quando eles regressarem.

Os gémeos estavam felizes, apesar de Rodolffo mostrar alguma tristeza.

- Mana, como achas que está a Ju?

- Não sei.  Deve estar bem, espero eu.  Sabes, ela é bem legal e eu no principio só tinha muitos ciúmes dela contigo e com a mãe.

- Eu tenho tantas saudades dela.  Do cheirinho dela.

- Por isso é que tu dormes com o robe dela?

- Sim.  Tem o cheirinho, ainda.

- Mano!  Tu gostas dela como irmã?

- Sim.  Querias que fosse como?

- Rodolffo!  Nós já temos quase 15 anos.  Eu gosto de um menino lá da aula.

- Mas eu não gosto de ninguém.

- Só da Ju, não é?

- Porque ela é a minha irmãzinha como tu.

Luísa terminou a conversa pois foi ajudar Rosa.  Rodolffo ficou sózinho a pensar em tudo.

Rosa tinha ouvido parte da conversa dos dois e precisou ligar para o pai.

- Minha filha, estou a caminho do escritório do advogado.  Espero que as notícias sejam boas.  Depois falo contigo.

Chegou e foi logo conduzido ao escritório.

- Bom dia Firmino.  Parece que hoje é um bom dia.

- Diga-me que posso ir buscar os meninos!

- Pode.  O despacho do juiz foi favorável, mas precisamos falar sobre o assunto.  Eles voltam para casa e quem cuida deles.

- Eu e Ana.  Eu vou conversar com ela.
De certeza que ela vai ficar feliz.

- Mas estamos a meio do ano lectivo.  Precisamos que eles terminem a escola para regressarem e ainda há a pequenina de quem nada sabemos.

- É verdade.  A filha da Ana mudou de cidade e agora está mais longe.  

- Consiga-me a morada dela que eu mesmo vou lá.

No fim da conversa, Firmino ligou à filha, mas pediu que não dissesse nada por enquanto.  Iria lá quando tudo estivesse resolvido por completo.

Enquanto isso, Juliette passava por uma fase complicada. Cresceu no orfanato sem nada, inclusive sem amor.  Foi adoptada e recebeu além se conforto, muito amor que desapareceu de um dia para o outro.

A nova família tratava-a bem e ela frequentava a escola local, mas sentia muita falta dos irmãos.   Tinha sido retirada de casa tão rapidamente que nem uma simples recordação deles trouxe com ela.

Por vezes era na solidão de seu quarto que ela podia estar triste e então chorava com saudades.

"Por favor, Jesus!  Cuida dos meus manos.  Faz a Luísa ser forte na escola e o Rodolffo também".

Robe cor de rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora