Não acho certo

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Juliette conversava com Luísa no quarto de ambas enquanto vestiam o pijama, depois do banho.

Luísa, mais velhinha comentava este ou aquele amigo presente na festa.

- O Rui até é bem gato, mas não percebi porque saiu da festa sem dizer nada.

- Porque me estava a incomodar e o Rodolffo expulsou-o.

- Foi?  Nem percebi.

- Ele sempre tem conversas porcas comigo.  No colégio é igual.

- Porque nunca disseste nada?  O Rodolffo já teria resolvido o assunto.

- Porque não quero que ele brigue por mim.  Eu sei defender-me.  A propósito,  o Rodolffo ficou lá fora sózinho?

- Ficou.  Vai lá chamá-lo para vir dormir.   Lá fora já está frio.

Juliette vestiu um casaco quente e foi ter com ele.  Encontrou-o deitado na rede e coberto com uma manta.

- Vais dormir aí?  Anda para dentro.

Juliette chegou perto da rede e viu que Rodolffo estava triste.

- Eu estou bem aqui.  Vai dormir, não te preocupes.

- Vou ficar aqui contigo.  Dá aí um espacinho na rede.

Rodolffo afastou-se um pouco e ela deitou-se ao lado dele sobre o seu braço.
Ele puxou a manta para a cobrir e ali ficaram a olhar as estrelas.

- O teu coração bate tão forte!

- É por estares aqui comigo.

- Não gostas?  Se quiseres vou embora.

- E quem falou que não gosta?  Por mim ficávamos assim sempre.  Adorei o teu presente.

- Fui eu que escolhi sózinha  e mandei gravar.

- O juntos para sempre é de verdade?

- É.  Nunca me vou separar dos meus manos.

- Ju!  Eu quero ser mais que mano.

- Eu sei.  Meu amigo.  Tu já disseste.

- Dás-me um beijo?

- Dou.  Muitos beijinhos. - e voltou-se para ele beijando-o na bochecha.

- Ju!  Não é esses beijos.  Eu quero um beijo assim... e deu-lhe um selinho.

Juliette levantou-se rápidamente e ficou sentada na rede.  Rodolffo fez o mesmo.

- Não fiques com raiva de mim.  Eu gosto muito de ti.

- Nós somos irmãos.   Não podemos beijar assim.

- Não somos irmãos verdadeiros, Ju.  Podemos sim se nós quisermos.

- Eu não quero.  Eu não acho certo.

- Por essa história de ser irmão ou porque não gostas de mim?

- Por tudo.  Eu não acho correcto.  Nós crescemos juntos sempre como irmãos.  A mãe Maria ia odiar.

- A mãe Maria só ia querer a nossa felicidade, mas eu entendo-te.  Desculpa se eu me precipitei, mas não quero esconder o que sinto.

- E ainda somos crianças.

- Adolescentes.  Eu completei hoje dezasseis anos.  Já vi amigos meus namorarem bem mais novos.

- Namorar?  Eu não vou namorar contigo.

- Está bem.  Vamos para dentro e esquece tudo o que falámos aqui.  Vai tu primeiro.

-  Está frio.  Anda também.

Os dois entraram em casa, subiram as escada e cada um seguiu para o seu quarto depois de um até amanhã sem jeito.

Robe cor de rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora