- Ju espera só um bocadinho.
- O que queres, Rodolffo?
- Só quero dizer-te para não estares triste. Vamos esquecer este assunto. Quando fores mais crescida vais entender melhor.
- Mas tu já ficaste diferente comigo!
- Não fiquei. Vais ser sempre a minha pequenina que eu adoro. - e deu-lhe um beijo na bochecha.
Agora deixa eu ir que o Firmino está à espera. Fica bem.- Tu também.
- Ganho um beijo na cara?
Juliette deu-lhe um beijo e ele passou a mão pelo cabelo dela. Entrou no quarto, buscou a jaqueta e saiu.
Juliette entrou no quarto onde Luísa ainda dormia. Tentou fazer o mínimo de barulho para não acordar Luísa, mas não teve jeito. Bateu o pé na cama e soltou um grito que acordou a pobre.
- Desculpa Luísa, não era minha intenção acordar-te, mas bati o pé. Olha, tenho o dedo grande a sangrar.
- Bolas! Estava a sonhar com um gato. Ele ia beijar-me. Acordei na melhor parte. Mostra lá o dedo.
Juliette colocou o pé na cama de Luísa.
- Isso foi só a unha. Lava e coloca um band aid depois de desinfectar. Essa unha já era.
- Era o quê?
- Era unha. Vai ficar negra e cair.
- Poxa! Agora como calço sandálias?
- Pinta as unhas dos pés. Tens ali o meu esmalte rosinha claro.
- Pintas-me mana?
- Depois. Agora deixa-me ir tomar banho. Já me acordaste mesmo.
Luísa foi tomar café enquanto Juliette ficou a fazer as camas e limpar o banheiro. Colocou um biquíni porque queria ficar um pouco na piscina apesar do dia não estar assim tão quente. Vestiu o robe sobre o biquíni e desceu.
- Vou para a piscina.
- Está frio, Ju!
- Se estiver frio não me dispo, mas apetece-me preguiçar à beira da piscina.
- Vai lá que já vou ter contigo.
- Ana eu já arrumei o quarto e o banheiro. Precisas de mim?
- Não. Vão lá para a piscina. Se precisar de alguma eu chamo.
Juliette recostou-se na espreguiçadeira e abriu um livro intitulado "Sei lá" de uma jovem escritora portuguesa.
Luísa chegou, sentou-se so lado dela de phones nos ouvidos e balançando o corpo.
Juliette olhou para ela, fez-lhe sinal para desligar a música, fechou o livro e disse:
- Eu queria conversar um assunto contigo.
Luísa largou tudo em cima da espreguiçadeira, sentou-se na frente dela e disse para ela desenrolar o assunto.
- É sobre o Rodolffo!
- O que tem?
- Ele diz que não somos irmãos. Ontem deu-me um beijo aqui. - colocou o dedo nos lábios.
- Ah, isso!!! Faz tempo que ele anda assim. Quando estávamos lá na fazenda moía o meu juízo. A Juzinha pra cá, a Juzinha pra lá.
Sabes que ele dorme agarrado ao teu robe? Diz que é para sentir o teu cheiro.- Que robe?
- Aquele cor de rosa que ganhámos juntas, só que o meu é verde claro.
- Eu procurei-o quando voltei para esta casa e não achei.
- Está com ele. Queres ir lá conferir?
- Vamos.
Correram para o interior da residência e subiram as escadas que levavam aos quartos. Entraram no quarto de Rodolffo, procuraram o robe no closet, no banheiro e não acharam.
- Olha Ju. Um perfume igual ao teu, sabes para quê?
- Para ele usar?
- Claro que não. Ele põe no robe, mas onde estará?
Luísa encontrou-o debaixo da almofada e mostrou-o. Nisto ouviram a voz do Firmino e do Rodolffo, colocaram o robe no mesmo sítio e saíram rapidamente dali.
Desceram as escadas como quem não deve nada, deram bom dia e regressaram à piscina.Juliette não sabia o que pensar. Na ingenuidade dos seus 14 anos aquilo parecia-lhe tudo menos normal.
- Luísa tu achas o quê disto?
- Acho que o meu irmão está apaixonado pela irmãzinha mais nova.
- Vês, até tu zombas disso.
- Não mana. Se tu não o vês a não ser como irmão, então é isso que tens que lhe dizer. O que sentiste quando ele te beijou nos lábios?
- Fiquei nervosa. Fiquei com uma coisa esquisita na barriga.
- Borboletas?
- E isso que se chama, borboletas?
Tu já sentiste?- Já. Com um menino do colégio quando estava na fazenda. Foi o primeiro menino que eu beijei, mas foi beijo a sério não foi selinho.
- E não tiveste pena de o deixar e vir embora?
- Não. Eu descobri que ele beijava todas. Ainda lhe dei um tapa, eu e outra menina.
Juliette riu e começaram a conversar sobre outros temas. Rodolffo estava em casa e não queriam que por qualquer motivo ele as surpreendesse a falarem dele.
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Robe cor de rosa
FanfictionÉ na infância que se criam memórias que podem ou não marcar uma vida.