Ainda tenho medo

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Por serem menores os três não podiam tomar medidas sobre o seu património.
Rodolffo conversou com as irmãs e queriam presentear, tanto Rita como os filhos de Firmino, como forma de agradecimento pela ajuda durante um período tão conturbado para eles.

A casa de Lucrécia seria ofertada a Rita e o valor correspondente seria entregue a Rosa e Júlio.

Gonçalo estava de acordo, mas teriam que esperar que os gémeos completassem a maioridade.

Firmino e Ana refutaram a ideia dizendo que tudo havia sido feito sem qualquer interesse de ambas as partes.

No entanto Rita recebeu autorização para usar a casa de Lucrécia até que chegasse a hora em que ela poderia ser sua.

Rodolffo pegou na mão de Juliette e levou-a para um recanto mais afastado do jardim.

- Agora vamos lá falar tudo o que tiver que ser falado para evitar certas bocas e indirectas.  Eu começo.

Não escondi que gostava de ti.  Não penses que no início não sofri pela facto de sermos criados como irmãos,  mas a verdade é que não somos.  Lutei contra este sentimento e sofri longe de ti, mas Deus quis que nos reencontrassemos e eu fiquei feliz até sentir o teu desprezo e indiferença.

É difícil para ti, eu sei.  Para mim também,  mas tu nem uma chance me deste.  Não te permitiste mudar de opinião.  NÃO,  não somos irmãos.   SIM, podemos ser namorados, mas parece que não gostas o suficiente de mim.
ENTÃO,  pára de tentar atrapalhar a minha vida.  Eu não estou com a Livia.  Somos apenas amigos, embora ela queira ser mais.  Se eu quiser namorar alguém eu vou porque de ti não espero nada.
Gosto demasiado de ti para te desejar mal.  Quero que sejas feliz nas tuas escolhas, mas pensa bem antes de fazer e dizer as coisas para depois não te arrependeres.  Pronto, falei tudo.

Juliette ouviu tudo em silêncio e quando ele terminou estava com os olhos rasos de àgua.

- Não te quero ver chorar.  - disse Rodolffo secando as lágrimas com os dedos.

- Desculpa se te fiz sofrer.  Isto tudo é difícil para mim.  No meu peito existem muitos conflitos.  O coração diz uma coisa e a cabeça outra.

- O que diz o teu coração?

- Que eu também gosto de ti.  Que eu quero estar junto, tocar em ti, rir contigo, mas a cabeça diz que é errado.

- Segue o coração.   Uma hora a cabeça vai aceitar.

- E as outras pessoas?

- Quem são as pessoas que te preocupam?  A Luísa não é.  A Ana e o Firmino sabem dos meus sentimentos.   Quem mais te preocupa?

- Tu fazes tudo ser tão simples, mas não é.

- Claro que é.  Só precisas aceitar que podemos sim ser felizes juntos.

- O que vão falar na escola se souberem que somos namorados?  Vou ser alvo de chacota.

- Fica um segredo nosso.  Ninguém precisa saber nada. Nem eu , nem tu nem a Luísa conta nada. Pode ser?

- Ainda tenho medo.

- Vou fazer tudo para te livrar desse medo.  Posso dar-te um beijinho?

Juliette disse que sim e Rodolffo segurou-lhe no rosto deixando um selinho demorado nos lábios dela.  De seguida abraçaram-se e assim ficaram alguns minutos.

Robe cor de rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora