Apesar de nunca terem vivido no campo, Rodolffo e Luísa estavam a adaptar-se perfeitamente à vida rural.
A filha de Firmino, Rosa, era casada com João e tinham um bébé de pouco mais de um ano que fazia as delícias de toda a gente.
Júlio, o filho, era bem mais novo e após terminar o ensino secundário decidiu que queria trabalhar a terra.
Firmino guerreou com ele para que ele continuasse e tirasse um curso superior, mas ele disse que estudar não lhe dava prazer e queria mesmo era por a mão na massa.
Ele e o cunhado João tocavam a pequena fazenda e ambos estavam satisfeitos.
Todos os dias João levava os gémeos ao colégio e no final do dia ia buscá-los. Rodolffo depois das tarefas escolares sempre arranjava um tempo para os ajudar em algum afazer.
Luísa cuidava de bébé enquanto Rosa fazia o jantar para todos.Firmino já tinha conversado com o advogado e contado a situação das crianças.
Este advertiu-o de que estava a infringir a lei, pois Lucrécia tinha solicitado e obtido a guarda deles. Se ela descobrisse poderia processá-lo.
- Não me importo, Doutor. Aquela mulher vai maltratar as crianças e isso eu não vou deixar. Se não me concederem a guarda delas eu escondo-as até à sua maioridade.
- Vamos crer que tudo vai ser fácil assim. O Firmino sabe onde está a mais novinha? Ela está bem cuidada?
- Eu julgo que sim. Um dia destes vou visitá-la e observar isso.
- Você é um bom homem, Firmino. O senhor Estêvão tinha muita confiança em si e com razão.
- Aquela megera só está interessada no dinheiro que ele deixou, mas esse dinheiro é dos meninos.
- Uma vez que as crianças não estão com ela eu não vou autorizar a transferência, mas fique certo de que ela logo estará de novo por aqui a reclamá-lo.
E não demorou nada. Gonçalo recebia algumas semanas depois um telefonema de Lucrécia para agendar uma reunião.
Encontraram-se no escritório deste. Lucrécia vinha acompanhada de um outro advogado.
- Viemos porque o doutor não está a cumprir o prometido.
- Não? Explique porquê.
- Ficou estipulado que eu receberia mensalmente uma verba pela guarda das crianças.
- E eu posso saber onde elas estão? A mais nova, a senhora tratou de despachá-la logo. Onde estão os outros?
- Os gémeos estão comigo.
- Colega, deve elucidar a sua cliente sobre falsas declarações. Eu sei que as crianças não estão com ela.
- Porque fugiram, as pestes. - retorquiu ela.
- Então, enquanto não aparecerem e tudo estiver legal, a senhora não tem direito a nada.
- Alguém os ajudou a fugir. Alguém os acolheu.
- Alguém que gostava deles. Deixe-me avisá-la de que decorre uma queixa contra si por causa da menina mais nova. Uma queixa por abandono.
- Eu só a entreguei para outra família criar.
- Não foi. Entregou-a para que ela trabalhasse para eles. Ela só tem 12 anos!
- Eu comecei bem mais cedo e ainda estou aqui. Trabalhar faz-nos crescer.
O advogado de Lucrécia olhava para ela estupefacto.
- Senhora Lucrécia, a partir deste momento eu deixo de a representar. O colega desculpe, mas a história que me foi apresentada é completamente diferente. Espero que a menina esteja bem, assim como os seus irmãos.
Levantou-se, despediu-se e saiu. Gonçalo despediu-se também da megera e indicou-lhe a porta de saída.
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Robe cor de rosa
FanfictionÉ na infância que se criam memórias que podem ou não marcar uma vida.