Condenada

53 12 8
                                    

Três meses depois tinha início o julgamento.  Os bens recuperados estavam à guarda do tribunal até que o juiz  decidisse a devolução aos seus legitimos proprietários.

Dos bens furtados faltavam apenas algumas pratas que já tinham sido vendidas e que a justiça já estava na mira dos compradores.

O advogado nomeado para defender Zulmira Capitolina quis propor um acordo dada a idade da sua cliente,  mas o dr. Gonçalo não aceitou. O facto dela ter devolvido tudo ou quase podia atenuar a pena, mas a dúvida do que ela faria às crianças era uma pedra no sapato.

Uma semana depois era lida a sentença.  Zulmira Capitolina era condenada a 14 anos de reclusão e os bens finalmente entregues aos seus donos.

Ela ouviu a sentença e caiu num choro compulsivo.  O seu advogado prometeu recorrer, mas não estava muito convicto de que alguma coisa mudasse.

Gonçalo abraçou Firmino que logo foi ligar para Ana e Juliette.  Estas deram pulos de alegria e telefonaram a Rodolffo e Luísa.

- Quando o Firmino vem buscar-nos? - perguntou Rodolffo.

As aulas tinham terminado nessa semana e só por causa do julgamento,  eles ainda não tinham regressado.

- Calma, maninho.  O Firmino disse que ia depois de terminar o julgamento.

- Também vens com ele?

- Não.  Vou esperar- vos aqui com a Ana.

- Ha ha...  tá bom.  Diz para ele vir rápido.

Nessa noite, Ana fez um jantar caprichado.   Gonçalo vinha jantar com eles como forma de comemorar.

- Eu faço a sobremesa,  Ana.  Eu aprendi com a mãe a fazer mousse de maracujá.

- Foi?  Olha que coisa difícil, mas sabes que é a sobremesa que o Rodolffo mais gosta?

- Ah!  Que eu saiba ele é guloso e gosta de tudo.  Era a mãe que dizia.

- Sim, mas mousse de maracujá ele adora.

As duas riram e foram terminar de fazer as tarefas incluindo por a mesa.  Em poucos minutos Firmino e Gonçalo chegaram com a notícia de que iam buscar Luísa e Rodolffo no dia seguinte.

- Também vai, doutor?

- Não é preciso.

- As duas podem vir comigo.  A viagem é grande e podem conhecer os meus filhos.

- Eu já conheço.  - respondeu Ana.

- Tu já, mas Juliette não.   Queres ir conhecer onde os manos viveram estes meses?

- Quero.  Tenho tantas saudades deles.

- Todos temos saudades  de alguém.  - disse Gonçalo.

- É verdade.  Eu tenho muita saudade da minha Rita.  Tanto que eu pedi para ela ficar aqui.

- E porque é que ela foi embora?

- Não sei.  Ela não disse, mas eu acho que o motivo foi um ex namorado que não a deixava em paz por não aceitar o término da relação.

- Era só apresentar queixa e pedir protecção.

- O dr. sabe que não é assim tão fácil.  A justiça é vagarosa.  Ela não quis arriscar.  Era muita tensão.

- Se ela quiser voltar, que conte comigo para a apoiar.

- Obrigada,  doutor Gustavo.

A oferta era sincera, mas da parte dele havia segundas intenções.   A verdade é que desde que a vira a primeira vez, a imagem dela não saía do seu pensamento.

Robe cor de rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora