Capítulo 8: Sob o Olhar da Tempestade

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O dia começou com uma inquietação no ar, refletida nas nuvens escuras que cobriam o céu, prenunciando uma tempestade. O mar, que até então estivera calmo, começava a se agitar, ecoando a tensão que Jihoon sentia desde a manhã anterior. O jovem pianista permaneceu em sua cabine, perdido em pensamentos e emoções que não conseguia controlar. Ele nem mesmo apareceu para o café da manhã, algo que não passou despercebido por aqueles ao seu redor.

Hyunsoo, ao notar a ausência de Jihoon no salão e nos corredores do navio, sentiu uma pontada de preocupação. O capitão, normalmente reservado e imperturbável, não conseguia ignorar a inquietação que crescia dentro dele. Era estranho como Jihoon, um jovem tão alheio ao mundo complicado que o cercava, conseguia despertar tais emoções nele.

Sangwoo, por sua vez, percebeu a ausência de seu amigo e decidiu verificar se Jihoon estava bem. Ele sabia que Jihoon, com sua sensibilidade e tendência a se preocupar em excesso, poderia estar se sentindo sobrecarregado. Sangwoo bateu na porta da cabine e, ao ser convidado a entrar, encontrou Jihoon sentado em sua cama, claramente perdido em pensamentos.

— Jihoon, você está bem? — perguntou Sangwoo, com a preocupação evidente em sua voz. — Você não apareceu para o café da manhã. Fiquei preocupado.

Jihoon levantou os olhos para Sangwoo, forçando um sorriso. — Estou bem, Sangwoo. Só precisava de um tempo para mim mesmo, para pensar em algumas coisas.

Sangwoo assentiu, compreendendo mais do que Jihoon dizia. Ele se sentou ao lado do amigo, ficando em silêncio por um momento antes de dizer: — Se precisar de alguém para conversar, estou aqui. Você sabe disso, certo?

Jihoon sentiu uma onda de gratidão por Sangwoo, mas também um leve desconforto. Ele sabia que Sangwoo nutria sentimentos por ele, mas não sabia como lidar com isso. — Obrigado, Sangwoo. Você sempre sabe quando estou precisando de um amigo.

Antes que a conversa pudesse se aprofundar, uma batida suave na porta interrompeu o momento. Quando Jihoon abriu, encontrou Alice, a assistente do capitão, parada ali com uma expressão séria.

— Jihoon, o capitão pediu para vê-lo no escritório dele. É urgente, — disse Alice, observando brevemente Sangwoo dentro da cabine.

Jihoon sentiu o coração apertar. Algo realmente estava acontecendo, e ele sabia que não podia adiar mais essa conversa. — Eu vou agora mesmo, — respondeu, lançando um olhar de desculpas para Sangwoo antes de sair.

Alice notou a presença de Sangwoo na cabine, algo que ela certamente reportaria ao capitão mais tarde, mas não comentou nada naquele momento. Ela simplesmente acompanhou Jihoon até a porta do escritório de Hyunsoo, antes de se retirar.

Ao entrar no escritório, Hyunsoo estava de pé, olhando pela janela para o mar revolto. Quando ele se virou para encarar Jihoon, sua expressão era séria, mas havia uma preocupação palpável em seus olhos.

— Jihoon, você não apareceu para o café da manhã, nem o vi pelos corredores hoje. Está tudo bem? — perguntou Hyunsoo, sua voz carregada de preocupação genuína.

— Sim, capitão. Eu só precisava de um tempo para pensar, — respondeu Jihoon, tentando esconder o turbilhão de emoções que sentia.

Hyunsoo observou Jihoon por um momento, antes de acenar com a cabeça em compreensão. — Entendo. Mas saiba que, se precisar de algo, estou aqui.

Jihoon sentiu um alívio ao perceber que o capitão não estava apenas preocupado com ele como pessoa, mas também como alguém que ele queria proteger. — Obrigado, capitão. Isso significa muito para mim.

Hyunsoo assentiu, mas a seriedade em seus olhos não diminuiu. — Agora, descanse. Há uma tempestade se aproximando, e quero que todos estejam seguros.

Enquanto Jihoon deixava o escritório, o capitão se voltou para seus deveres, incluindo os aspectos mais sombrios de suas responsabilidades. Em outra parte do navio, longe dos olhos de Jihoon, Hyunsoo comandava reuniões secretas, coordenando atividades que eram essenciais para manter seu império flutuante, mas que também exigiam um controle firme e, por vezes, implacável.

Essas reuniões envolviam negociações com figuras sombrias, acordos secretos e estratégias para manter o fluxo de suas atividades ilícitas sem que ninguém a bordo, especialmente Jihoon, suspeitasse de nada. O capitão sabia que deveria manter essas partes de sua vida bem afastadas do jovem pianista, protegendo-o da escuridão que ele próprio abraçara.

Hyunsoo confiava apenas em um círculo restrito de pessoas para essas operações, pessoas que eram leais a ele de maneira inquestionável. Mas mesmo com toda a precaução, ele sabia que o risco de exposição sempre existia, e isso o mantinha constantemente alerta.

Enquanto a tempestade se intensificava do lado de fora, o navio se tornava um microcosmo de tensão e segredos. Jihoon, alheio às sombras que se moviam ao seu redor, buscava consolo em sua música, enquanto Hyunsoo lutava para manter as duas partes de sua vida separadas, consciente de que qualquer deslize poderia colocar tudo em risco.

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