Capítulo 23: Fios Invisíveis

1 0 0
                                    

A festa estava em pleno andamento no salão principal do navio, onde música, risos e conversas preenchiam o espaço com uma energia vibrante. As luzes suaves refletiam nos cristais dos lustres, criando um ambiente sofisticado e acolhedor. Jihoon, vestido elegantemente, estava ao lado de Sangwoo, tentando se envolver na atmosfera festiva, mas sua mente estava distante, voltada para a figura imponente que ele avistava do outro lado do salão: Hyunsoo.

O capitão mantinha uma postura impecável, conversando com alguns convidados e membros da tripulação, mas seus olhos frequentemente buscavam Jihoon entre a multidão. A tensão entre eles, embora silenciosa, era palpável, algo que Eunji, sempre atenta, não deixou de perceber.

Aproveitando uma oportunidade, Eunji se aproximou de Hyunsoo, com um sorriso aparentemente inocente nos lábios, mas seus olhos brilhavam com uma malícia bem disfarçada.

— Capitão, — começou ela, sua voz suave, mas cheia de segundas intenções. — Parece que nossos convidados estão apreciando muito a noite... mas talvez algo esteja faltando para torná-la realmente inesquecível. O que acha de pedir ao nosso talentoso pianista para tocar algo? Tenho certeza de que ele encantaria a todos com sua música... e quem sabe, com sua presença também?

Hyunsoo sentiu o peso da sugestão por trás das palavras de Eunji. Ela não estava apenas sugerindo que Jihoon tocasse para entreter os convidados; havia algo mais ali, uma provocação sutil que ele não podia ignorar. Ele conhecia o suficiente de Eunji para saber que nada do que ela dizia era por acaso.

— Talvez, — respondeu Hyunsoo, mantendo a voz controlada. — Mas não quero sobrecarregar Jihoon. Ele já tem feito muito por nós.

Eunji sorriu, inclinando levemente a cabeça. — É claro, capitão. Apenas achei que seria um toque final perfeito para uma noite como esta. Afinal, quem não gostaria de ouvir algo... tão especial?

Hyunsoo percebeu que Eunji estava testando seus limites, tentando arrancar alguma reação que confirmasse suas suspeitas. Mas ele não deu esse prazer a ela. Com um aceno leve, ele indicou que o assunto estava encerrado, pelo menos por enquanto.

Eunji se afastou com a mesma graça com que havia se aproximado, mas Hyunsoo sabia que ela estava longe de desistir. Seu comentário, embora disfarçado de preocupação com o entretenimento, havia sido uma jogada calculada para observar sua reação e explorar sua ligação com Jihoon.

Enquanto Eunji se afastava, satisfeita por ter plantado a semente da dúvida, Hyunsoo se forçou a desviar o olhar de Jihoon, tentando se concentrar nas outras responsabilidades da noite. Mas a tensão entre ele e o jovem pianista era difícil de ignorar, e ele sabia que mais cedo ou mais tarde teria que confrontar tanto seus sentimentos quanto as manipulações de Eunji.

Do outro lado do salão, Sangwoo notou que Jihoon estava distraído, seus olhos constantemente voltados para Hyunsoo.

— Jihoon, por que não damos uma volta no convés? — sugeriu Sangwoo, tentando animar o amigo. — O ar fresco pode fazer bem para nós dois.

Jihoon, agradecido pela distração, assentiu. — Sim, vamos. Acho que preciso de um pouco de ar.

Os dois amigos deixaram o salão e caminharam em direção ao convés. O ar da noite estava fresco, e a brisa suave que soprava do mar era um alívio para Jihoon, que ainda tentava organizar seus pensamentos. Sangwoo, percebendo a tensão no amigo, decidiu não pressioná-lo com perguntas, mas seu olhar de preocupação dizia tudo.

Hyunsoo, que havia notado Jihoon e Sangwoo saindo juntos, sentiu uma onda de ciúme crescer dentro de si. Ele queria segui-los, queria saber o que estava acontecendo entre os dois, mas suas responsabilidades como capitão o mantinham preso ao salão, onde ele precisava garantir que tudo corresse conforme o planejado. O desejo de estar ao lado de Jihoon estava em conflito direto com a necessidade de manter a fachada de controle e autoridade.

A festa continuava animada dentro do navio, mas para Hyunsoo, cada minuto parecia mais pesado. Ele precisava garantir que as operações ilícitas planejadas para aquela noite fossem executadas com perfeição, mas a imagem de Jihoon ao lado de Sangwoo o distraía constantemente. A ideia de Jihoon estando tão próximo de outro homem, rindo e conversando, fazia o ciúme corroer suas entranhas.

Eunji, que estava observando o capitão de longe, percebeu o desconforto de Hyunsoo. Seu sorriso de satisfação indicava que ela tinha percebido mais do que deixava transparecer. Ela sabia que havia algo entre o capitão e o jovem pianista, e planejava usar essa informação a seu favor no momento certo.

Enquanto a noite avançava, Jihoon e Sangwoo voltaram ao salão, mas a sensação de inquietação persistia. Jihoon sentia que algo estava fora do lugar, uma sensação que ele não conseguia explicar. Seus olhos voltaram a procurar por Hyunsoo, e quando finalmente o encontraram, algo no olhar do capitão fez o coração de Jihoon disparar.

Hyunsoo, percebendo que o tempo estava se esgotando, decidiu que precisava agir. Ele não podia deixar Jihoon sozinho naquela noite, não depois do que havia percebido nos olhos de Eunji e dos sentimentos que cresciam em seu peito. Ele precisaria ser rápido e discreto.

Aproveitando uma pausa na música, Hyunsoo se aproximou de Jihoon, certificando-se de que ninguém prestava atenção. Ele se inclinou para perto do jovem pianista, o suficiente para que apenas Jihoon ouvisse suas palavras.

— Vá para a minha cabine após a festa e me espere lá, — murmurou Hyunsoo, a voz firme, mas carregada de desejo. — Eu preciso sair e resolver algumas coisas agora, mas estarei com você em breve.

Antes que Jihoon pudesse responder, Hyunsoo tirou um pequeno cartão-chave do bolso e o entregou discretamente ao pianista.

— Use isto para entrar, — disse ele, entregando a chave. — E aguarde por mim lá.

Jihoon sentiu a chave deslizar em sua mão, o toque frio do metal contrastando com o calor que subia pelo seu corpo. Ele olhou para Hyunsoo, seus olhos cheios de perguntas, mas o capitão já se afastava, voltando a se misturar entre os convidados.

— Confie em mim, Jihoon, — sussurrou Hyunsoo antes de se afastar completamente.

Jihoon ficou parado por um momento, o coração batendo forte no peito. Ele olhou para a chave em sua mão e sabia que a decisão que tomaria naquela noite mudaria tudo. Ele precisava confiar em Hyunsoo, mesmo que isso significasse se envolver ainda mais no mundo complicado que o capitão habitava.

Enquanto Jihoon guardava o cartão-chave, Hyunsoo dirigiu-se discretamente para a sala nos fundos do navio, onde os parceiros das operações clandestinas o aguardavam. A sala estava cheia de sombras, e a tensão no ar era palpável. Hyunsoo sabia que aquele era um jogo perigoso, mas estava disposto a jogá-lo.

A festa continuava animada, mas para Jihoon, tudo ao redor parecia distante, como se um véu de mistério e ansiedade envolvesse o navio. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que tomar uma decisão. E essa decisão o levaria diretamente para os braços do capitão.

Horizontes entrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora