A cidade estava envolta em um céu cinzento quando Jihoon desembarcou do navio, sentindo-se esmagado pelo peso do que havia presenciado. Cada passo que ele dava era acompanhado por uma tristeza avassaladora, como se o mundo ao seu redor estivesse desmoronando. As palavras de Eunji, o beijo que ela havia dado em Hyunsoo, e a maneira como tudo parecia se encaixar em sua mente, criavam um turbilhão de dor e confusão.
Para Jihoon, o capitão, que ele tanto admirava e por quem havia desenvolvido sentimentos profundos, agora se revelava alguém completamente diferente. Ele se sentia traído, manipulado, usado. Não havia mais dúvidas em sua mente — ele precisava se afastar, precisava se proteger de mais dor.
Jihoon não esperou por ninguém. Ele simplesmente saiu do navio, ignorando o resto dos passageiros, os olhares curiosos ou preocupados de alguns tripulantes que o reconheciam. Pegou um táxi no porto e deu as instruções para que o levassem direto de volta ao seu apartamento na universidade. A viagem foi silenciosa, Jihoon perdido em seus pensamentos, com lágrimas correndo livremente por seu rosto enquanto ele olhava pela janela, incapaz de realmente enxergar a paisagem.
Ao chegar ao apartamento, Jihoon se deparou com o ambiente familiar, mas agora carregado de uma sensação de estranheza. O lugar que antes lhe trazia conforto e segurança agora parecia opressor, cheio de lembranças de uma vida que, para ele, havia sido construída em mentiras. Ele se jogou no sofá, as mãos tremendo levemente enquanto segurava a cabeça, tentando processar tudo o que havia acontecido.
As primeiras noites foram especialmente difíceis. Jihoon mal conseguia dormir. Quando o fazia, era atormentado por pesadelos que o faziam acordar suando frio, o coração batendo descompassado no peito. Nos sonhos, ele revivia repetidamente a cena no navio, as palavras de Eunji ecoando em sua mente, seguidas pelo beijo que o deixara em pedaços. Ele via Hyunsoo se afastando cada vez mais, envolto na sombra de uma mentira que Jihoon acreditava ser real.
Durante o dia, Jihoon tentava se concentrar nos estudos, mas a dor era uma presença constante. Ele sabia que ainda precisava completar cerca de seis meses de curso antes de se formar, e usou essa necessidade como uma forma de fuga de seus pensamentos. A pressão familiar para que ele assumisse os negócios da família também pesava sobre seus ombros, mas Jihoon simplesmente se afastava de tudo, focando-se apenas em seu desempenho acadêmico.
A música, que antes era seu refúgio, agora se tornara uma expressão de sua dor. As melodias que ele tocava eram carregadas de tristeza, cada nota refletindo o vazio e a melancolia que sentia. Suas mãos, que antes tremiam incontrolavelmente, começaram a se estabilizar com o tempo, mas tocar piano nunca mais foi a mesma coisa. A música que fluía de seus dedos era sombria, quase fúnebre, como se Jihoon estivesse tentando exorcizar seus demônios através do piano.
Nos dias que se seguiram, Jihoon se afundou cada vez mais nos estudos. Ele se isolava dos amigos, se recusava a sair e evitava qualquer tipo de confraternização. A única pessoa que ele ainda permitia se aproximar era Sangwoo, seu amigo de longa data. Sangwoo notou a mudança drástica em Jihoon. Ele o via se afastando de todos, mergulhando nos livros e se isolando cada vez mais. Preocupado, Sangwoo tentou se aproximar, mas Jihoon sempre dava desculpas, dizendo que estava ocupado ou que precisava estudar. Mesmo assim, Sangwoo não desistiu, tentando de todas as formas estar presente, mesmo que apenas em silêncio.
Enquanto Jihoon se enterrava em seus estudos e em sua música melancólica, Hyunsoo estava lidando com seu próprio tormento. Ele havia tentado entrar em contato com Jihoon de todas as maneiras possíveis — mensagens, ligações, até mesmo cartas — mas todas as suas tentativas foram ignoradas. A dor de não conseguir alcançar Jihoon, de não poder explicar o que realmente havia acontecido, estava destruindo-o por dentro.
Hyunsoo sabia que Jihoon estava em sua própria jornada de recuperação, mas a distância entre eles tornava tudo mais difícil. O capitão continuava com suas responsabilidades no navio, mas sua mente estava sempre voltada para Jihoon, imaginando o que ele poderia estar pensando, como ele estaria lidando com tudo. As noites de Hyunsoo não eram menos torturantes que as de Jihoon. Ele passava horas em claro, revivendo o que poderia ter feito diferente, imaginando como poderia consertar tudo.
Com o passar dos meses, Jihoon começou a se recuperar lentamente. O tremor em suas mãos diminuiu, permitindo que ele voltasse a tocar piano, embora o ato ainda estivesse carregado de uma tristeza profunda. A música, que antes era sua maior fonte de alegria, agora parecia uma lembrança dolorosa do que ele havia perdido.
No entanto, mesmo com o progresso acadêmico e a melhora física, a dor emocional persistia. Jihoon não conseguia esquecer Hyunsoo, mas também não conseguia perdoar o que acreditava ter sido uma traição. A pressão familiar para assumir os negócios só aumentava sua ansiedade, mas ele continuava se afastando, mergulhado em seus próprios pensamentos.
Sangwoo continuava a observar Jihoon de perto, preocupado com o amigo. Ele sabia que algo havia acontecido durante o cruzeiro, algo que Jihoon não estava disposto a compartilhar. Mas Sangwoo estava determinado a estar ao lado de Jihoon, esperando pacientemente pelo momento em que ele estivesse pronto para falar.
A vida seguia seu curso, mas Jihoon e Hyunsoo continuavam presos em um ciclo de dor e arrependimento. Ambos desejavam desesperadamente resolver o mal-entendido, mas a distância e o medo os mantinham separados. Enquanto os meses passavam, a possibilidade de uma reconciliação parecia cada vez mais distante, mas nenhum dos dois estava disposto a desistir completamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Horizontes entrelaçados
RomantizmA história segue Jihoon, um pianista talentoso, e Hyunsoo, o enigmático capitão de um navio de luxo. A atração entre eles é imediata, mas enquanto seu relacionamento se aprofunda, Jihoon descobre segredos sombrios sobre Hyunsoo. A situação se compli...