Capítulo 7: Ecos do Passado

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Na manhã seguinte, Jihoon acordou mais cedo do que o habitual. A noite anterior havia sido tão intensa e cheia de emoções que ele mal conseguira dormir. Seus pensamentos estavam fixos no capitão Hyunsoo e nas palavras que haviam trocado. Algo dentro dele estava mudando, e isso o deixava ao mesmo tempo intrigado e ansioso.

Decidido a não deixar seus pensamentos dominarem o dia, Jihoon foi até o salão de música do navio. Ele se sentia mais em paz ao tocar, e isso o ajudava a processar suas emoções. O salão estava vazio, como ele esperava, e o piano de cauda branco brilhava sob a luz suave da manhã.

Jihoon sentou-se ao piano, deixando seus dedos deslizarem suavemente pelas teclas. Começou a tocar uma melodia lenta e melancólica, que parecia refletir perfeitamente o turbilhão de emoções que sentia. À medida que as notas preenchiam o salão, ele se permitiu mergulhar na música, deixando que ela o guiasse.

Por um tempo, Jihoon se perdeu na melodia, mas foi interrompido quando sentiu uma presença atrás dele. Ele parou de tocar abruptamente e se virou, encontrando Eunji de pé perto da porta. Ela o observava em silêncio, com um olhar que Jihoon não conseguia decifrar completamente.

— Você toca lindamente, Jihoon, — disse Eunji, finalmente quebrando o silêncio. — Há uma tristeza na sua música, algo que parece vir de um lugar muito profundo.

Jihoon ficou um pouco desconcertado com a observação dela. — A música é uma forma de expressar o que palavras não conseguem, — respondeu ele, tentando soar mais confiante do que se sentia.

Eunji sorriu levemente e se aproximou do piano. — Eu sempre admirei músicos. Eles têm uma maneira única de se conectar com as emoções. E você, Jihoon, parece ter um talento especial para isso.

— Obrigado, — Jihoon respondeu, sem saber ao certo como lidar com o elogio. Ele sentia que havia algo mais por trás das palavras de Eunji, algo que ela não estava dizendo.

Eunji permaneceu em silêncio por um momento, observando o piano antes de voltar seu olhar para Jihoon. — O capitão fala muito sobre você, sabe? Ele parece... intrigado.

O coração de Jihoon acelerou ligeiramente ao ouvir isso. — Intrigado? — perguntou ele, tentando esconder a curiosidade em sua voz.

— Sim, — respondeu Eunji, com um sorriso enigmático. — Hyunsoo não costuma se abrir facilmente para as pessoas. Ele é um homem de muitas camadas, e poucas pessoas têm o privilégio de conhecer o verdadeiro Hyunsoo.

Jihoon não sabia como responder a isso. Ele ainda estava tentando entender sua própria relação com o capitão, e agora se via diante de alguém que claramente tinha um passado com Hyunsoo. — Eu... não sei o que dizer. O capitão tem sido muito gentil comigo, mas não sei se o conheço tão bem assim.

Eunji soltou um suspiro leve, como se estivesse ponderando suas próximas palavras. — Há muitas coisas sobre o capitão que ele prefere manter para si mesmo. Mas uma coisa que você deve saber, Jihoon, é que o passado sempre encontra uma maneira de nos alcançar, mesmo quando tentamos deixá-lo para trás.

Antes que Jihoon pudesse perguntar o que ela queria dizer com isso, a porta do salão se abriu novamente, e Sangwoo entrou, sua expressão preocupada ao ver Eunji e Jihoon juntos.

— Jihoon, você está bem? — perguntou Sangwoo, ignorando deliberadamente a presença de Eunji, focando apenas em seu amigo.

Eunji sorriu, notando a tensão entre os dois homens. — Parece que sou a única que não se preocupa com você, Jihoon, — ela disse com um tom leve, mas carregado de significado.

Jihoon tentou aliviar a tensão, mas sentiu o peso do momento. — Estou bem, Sangwoo. Estávamos apenas conversando sobre música, — respondeu Jihoon, tentando manter um tom casual.

Sangwoo deu um leve aceno, mas não parecia completamente convencido. — Fico feliz em saber. — Ele então se virou para Eunji, o que era raro para ele. — Espero que a conversa tenha sido útil. Jihoon tem muito talento, e é bom que ele seja reconhecido por isso.

Eunji inclinou a cabeça, aceitando o comentário com um sorriso suave. — Ah, com certeza. Mas o talento é apenas parte da equação, não é? — Ela disse, antes de lançar um último olhar para Jihoon. — Espero que continue a encantar todos com sua música, Jihoon. — Com isso, ela se retirou, deixando os dois amigos sozinhos no salão.

Depois que Eunji saiu, Sangwoo suspirou, aliviado por finalmente ter Jihoon sozinho. — Não sei o que está acontecendo, Jihoon, mas sinto que preciso te proteger de algo... ou de alguém, — confessou Sangwoo, seu tom cheio de preocupação.

Jihoon sentiu uma onda de culpa. Ele sabia que Sangwoo estava tentando ajudá-lo, mas as coisas estavam fora de seu controle. — Sangwoo, eu... eu agradeço, de verdade. Mas acho que há coisas que preciso resolver por conta própria.

Sangwoo olhou para Jihoon, sua expressão suavizando-se. — Eu entendo, Jihoon. Só não quero que você se machuque. — Ele deu um pequeno sorriso antes de continuar. — Prometa que se precisar de mim, vai me procurar, ok?

Jihoon assentiu, sorrindo de volta, embora ainda sentisse o peso da situação. — Eu prometo, Sangwoo.

Depois que Sangwoo saiu, deixando Jihoon sozinho no salão de música, ele tentou voltar à sua prática no piano, mas os pensamentos sobre Eunji e sua conversa continuavam a distraí-lo. Ele sentia que havia muito mais acontecendo nos bastidores do que ele conseguia perceber.

Nesse momento de reflexão, Jihoon não notou a presença do capitão Hyunsoo que entrou discretamente no salão, observando-o tocar por um momento antes de se aproximar. Hyunsoo se posicionou ao lado do piano, seus olhos observando Jihoon com a intensidade que ele já começava a conhecer.

— Espero que Eunji não tenha incomodado você, — disse o capitão finalmente, com um tom mais suave. — Ela gosta de fazer perguntas.

— Não, capitão, — respondeu Jihoon, tentando esconder a confusão em sua voz. — Ela foi muito gentil.

Hyunsoo assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. — Continue fazendo o que você faz melhor. Deixe a música ser seu guia. E lembre-se, estou aqui para o que precisar.

Com essas palavras, o capitão se afastou, deixando Jihoon novamente sozinho no salão de música. Ele sentiu uma mistura de alívio e inquietação. A presença de Eunji havia trazido à tona sentimentos e perguntas que ele não estava preparado para enfrentar, e as palavras do capitão apenas aumentaram o mistério.

Enquanto Jihoon voltava a tocar o piano, suas mãos movendo-se automaticamente pelas teclas, ele se concentrou novamente na música, tentando afastar os pensamentos confusos que surgiram durante a manhã.

No entanto, o que Jihoon não percebeu foi que, enquanto ele tocava, Hyunsoo observava de uma posição discreta, seus olhos escurecidos por uma emoção que ele ainda não havia revelado. O capitão sabia que estava se envolvendo demais, mas não conseguia evitar. O piano, e o jovem que o tocava, estavam começando a se tornar uma parte central de seus pensamentos.

E no fundo do salão, Sangwoo observava Jihoon em silêncio, lutando com suas próprias emoções. Ele sentia que algo estava se desenrolando, algo que ele não podia controlar, mas que sabia que teria um impacto profundo em todos a bordo.

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