Capítulo 43: O Capitão à Deriva

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O navio havia deixado o porto há três meses, partindo em uma longa viagem através dos mares. Enquanto o imenso navio cortava as águas, levando Hyunsoo e sua tripulação a lugares distantes, ninguém a bordo tinha ideia do turbilhão emocional que o capitão estava enfrentando. Hyunsoo mantinha uma fachada impecável de eficiência e liderança, assegurando que tudo funcionasse perfeitamente. Mas por dentro, ele estava em ruínas.

Cada dia a bordo era uma luta silenciosa contra a maré de memórias que insistiam em inundar sua mente. A cada amanhecer, quando Hyunsoo olhava para o mar, a imensidão do oceano parecia espelhar o vazio que sentia por dentro. Ele não conseguia escapar das lembranças de Jihoon. O som suave da risada do jovem, a delicadeza de seus dedos no piano, a forma como seus olhos brilhavam quando estavam juntos — tudo isso atormentava Hyunsoo incessantemente. Ele se perguntava onde Jihoon estava, o que estava fazendo, e, acima de tudo, se ele algum dia conseguiria consertar o que havia sido destruído.

As noites eram as piores. Hyunsoo passava horas deitado em sua cama, olhando para o teto da cabine, incapaz de dormir. Quando finalmente o sono chegava, era sempre perturbado por sonhos fragmentados de Jihoon, lembranças entrelaçadas com cenas de perda e desespero. Ele sonhava com o jovem pianista em sua cabine, tocando uma melodia triste, um som que reverberava em sua alma. Em seus sonhos, ele tentava se aproximar, mas Jihoon sempre se afastava, envolto em uma névoa que Hyunsoo não conseguia atravessar. Quando acordava, suando e com o coração acelerado, a solidão da cabine era opressora, como se as paredes estivessem fechando ao seu redor.

Ele frequentemente se pegava revivendo os momentos que haviam compartilhado — a primeira vez que se beijaram, o som da risada de Jihoon ecoando pelos corredores do navio, o calor do corpo do jovem contra o seu. Mas essas memórias, que antes lhe traziam conforto, agora eram como facas afiadas, cortando sua alma a cada lembrança.

Hyunsoo tentou de todas as maneiras possíveis entrar em contato com Jihoon. Ele enviou mensagens, deixou recados, ligou inúmeras vezes, mas cada tentativa era como gritar no vazio. Cada mensagem não respondida, cada ligação ignorada, era um lembrete doloroso de que Jihoon estava tentando apagá-lo de sua vida. O capitão sabia que, se realmente quisesse fazer as pazes, precisaria mais do que palavras escritas ou vozes através de um telefone. Ele precisaria estar presente, precisaria ver Jihoon pessoalmente.

Durante esses três meses no mar, Hyunsoo planejou cada detalhe de seu retorno. Ele pensava obsessivamente em como seria o reencontro — o que diria, como se desculparia, como tentaria reconquistar a confiança do jovem. Ele imaginava mil e uma maneiras de abordar Jihoon, cada uma delas mais desesperada que a anterior. Mas, por mais que planejasse, nada poderia prepará-lo para a avalanche de emoções que o dominava.

Finalmente, o dia chegou. O navio atracou de volta ao porto, e enquanto os passageiros desembarcavam, Hyunsoo sentia seu coração acelerar. Era como se estivesse prestes a mergulhar em águas desconhecidas, mesmo tendo navegado por tantos mares. Ele sabia que Jihoon estava na cidade, e agora era sua chance de tentar reparar o que havia sido quebrado. Com o navio finalmente atracado, ele pediu à sua tripulação que cuidasse dos preparativos finais e saiu apressado, decidido a encontrar Jihoon.

A caminhada até a universidade foi uma mistura de ansiedade e esperança. O tempo todo, ele lutava contra o medo de que Jihoon já tivesse seguido em frente, de que ele não fosse mais necessário na vida do jovem. Mas o amor que sentia por Jihoon era maior do que qualquer medo, e ele sabia que precisava tentar, precisava fazer o possível para reconquistar o que havia perdido.

Quando Hyunsoo finalmente chegou à universidade, seus passos ficaram mais lentos. Ele sentia como se o coração estivesse prestes a explodir em seu peito. O campus estava movimentado, cheio de estudantes indo e vindo, mas ele só tinha olhos para uma pessoa. E então, ele o viu.

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