8 - Sanidade

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Marília Mendonça:

— Já te vi Henrique...

A garota tentava sair de fininho, já fiz o que eu não fazia a muito tempo que foi ajudá-la com esse medo dela, parecia um ratinho. Aqui não tinha espaço pra essas fraquezas.

Me viro de frente pra ela soltando a fumaça do meu cigarro que tinha acabado de tragar.

A garota com a mania de ficar com a cabeça baixa, realmente não tinha aprendido nada.

— Levanta essa cabeça Carla. Agora.

Ela levanta a cabeça me fitando um tanto intenso.

Eu não sabia o que essa garota tinha, só que algo nela despertava algo em mim. E isso me deixava com raiva.

— O que faz aqui Henrique? Era pra estar no alojamento, dormindo.

Ela se encosta na grande árvore cruzando os braços.

— Eu não consigo dormir direito aqui senhora.

— Não é permitido sair do alojamento durante a noite, você sabe.

— Desculpa professora Mendonça, as vezes eu preciso olhar o céu pra acalmar a minha mente.

Ela estava mais falante dessa vez, não estava tão acuada.

— O que fazia na sala do comandante essa tarde? — Pergunto.

Ela parece me analisar.

— Ele queria que eu conhecesse o filho do coronel Júlio, o Danilo.

Sinto me subir algo que eu não queria, essa garota chamava a minha atenção de alguma forma. Nenhuma outra tinha chamado a minha atenção assim tinha 4 anos desde quando levei um segundo par de chifres, tá que o primeiro foi de um homem, só que o segundo não. Aquela época eu não era tão atraente igual hoje, não querendo ser rude ou me gabar, só que hoje eu ficava com quem eu quisesse, claro que não passava de sexo de uma noite ou outra com garotas.

Eu jamais me deixaria me levar novamente por alguém, ainda mais por uma garota de 17 anos.

— Muito irresponsável que o comandante esteja arrumando namoricos para uma aluna.

Vejo a garota engolir em seco

Jogo meu cigarro fora soltando a última fumaça para se desfazer no ar.

— Eu não quero namorado senhora Mendonça.

Então eu estava certa, o pai estava mesmo querendo que ela se aproximasse do rapaz. Será por que? Já que percebi que o pai sempre foi bem rígido.

— Um namorado pode atrapalhar seu desempenho aqui, como essas amizades já vem atrapalhando...Espero que quando eu chamar você para ver se tem tudo na ponta da língua sobre meu livro realmente tenha-o na ponta da língua. E que não perca o livro igual fez no dia que te chamei e você largou o livro caído no chão.

No dia que eu chamei a garota pra conversar no dia que ela estava na biblioteca com a Gabriela. assim que me aproximei dela na sala ela deixou o livro cair e quando saiu não se lembrou de pegar, pois saiu praticamente correndo dali. As vezes era até engraçado essas reações dela. Só que se a mesma fosse mesmo seguir essa carreira, ela não podia ser essa garota medrosa.

Eu como sua professora devia ensinar, só que eu não podia ficar muito perto dessa garota. Não que eu fosse tão fraca asssim.

— Me desculpa senhora, isso não vai mais acontecer.

— Assim eu realmente espero Carla.

— Maraisa...

Novamente a garota me corrigi, eu odiava ser corrigida. Ainda mais por um aluno.

Me aproximo rapidamente dela ficando em sua frente e pela primeira vez ela não abaixou a cabeça, acho que estava com mais medo de abaixar. Por um instinto involuntário levo uma mão até sua nuca entrelaçando os dedos em seus fios de cabelo, onde eu seguro firme fazendo ela fixar os olhos nos meus.

— Já disse pra você não me corrigir Carla. — Minha voz sai como um rosnado.

Eu não sabia explicar a reação dela nesse momento, seus olhos não demostravam tanto medo, estavam praticamente sugando até a minha alma. Acho que assim como eu estava fazendo com ela.

— Então me chame de Henrique ou de Maraisa. — Como ela ousa em falar isso, agora meus olhos queimavam em puro ódio. Ninguém ousava me retrucar. — Senhorita Mendonça. — Ela finaliza mordendo o lábio inferior me fazendo descer o olhar e ver aqueles movimentos que me fazem na mesma hora apertar mais seu cabelo e levar minha apertando sua cintura fina, fazendo ela arfar e entreabrir os lábios. Aproximo mais dela fazendo nossos corpos ficarem a 1 cm de distância.

O que essa garota estava fazendo?

Ela desse o olhar para meus lábios me fazendo involuntariamente apertar mais sua cintura fazendo ela soltar um baixo gemido dessa vez me fazendo perder qualquer senso que existia dentro de mim.

— Como ousa me corrigir pela segunda vez Carla? — Rosno já perto de seus lábios.

— Eu não gosto do Carla, senhora Mendonça, não me trás lembranças boas — Sua voz sai em tom arrastado. De onde tinha saído essa coragem dessa garota tão de repente?

— Eu não tô nem aí pra suas lembranças suas Henrique — Aperto mais seu cabelo, ficaria dolorido eu tenho certeza.

A respiração da Carla tava descompassada, tinha certeza que a minha não estaria tão diferente da dela.

Estávamos em uma briga de olhares que vez ou outra o olhar dela descia para meus lábios, eu sabia o que estava causando nesse momento nessa garota, eu não era boba, ela tinha medo, receio, mas também me desejava. Não poderia mentir se dissesse que eu não queria beija-lá agora. Só que algo em mim gritava que isso não podia acontecer, ela era minha aluna, tá que eu já fiquei com alunas, só que maiores de idade e não filha do comandante e menor de idade.

Longe de mim bancar a santa.

Ela solta a respiração que bate quente em meu rosto.

Merda

Eu estava realmente em uma briga interna, e ainda estávamos na segunda semana de aula.

Ela remexe um pouco o corpo fazendo seu corpo se encostar no meu.

— Mendonça... — Ela solta em quase um gemido manhoso me fazendo perder totalmente a minha sanidade existente em mim.

Roço nossos lábios fazendo ela fechar os olhos. Era só um beijo certo?

Puxo mais seu cabelo fazendo ela novamente entreabrir os lábios e eu os junto de uma vez já colocando minha língua dentro da boca dela, me fazendo sentir o gosto refrescante de pasta de dente. Começo movimentar minha cabeça, sentia meu corpo formigar enquanto degustava sua língua com a minha, chupava a mesma com vontade, Maraisa retribuía de forma avida. Eu sabia que aquilo era totalmente errado. O ar falta e eu solto seus lábios agora inchados e avermelhados devagar. Me afasto em seguida fazendo ela me olhar confusa.

Sentia meu corpo em chamas, isso não poderia continuar ou ter acontecido.

— Vai para o seu alojamento agora Carla. — Digo me virando de costas.

— Mas...

— Agora Carla...

Escuto ela saindo.

— Carla? — me viro para olhá-la e ela para também se virando para me olhar. — Isso nunca aconteceu certo?

Esperei sua resposta enquanto ela me fitava pensando.

— Certo senhora.

Army School - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora