Army School - Malila

19 - Provas, treinamentos, vestiário.

Maraisa Henrique:

Uma semana e alguns dias depois...

Segunda-feira.

Estávamos em sala de aula, na segunda semana de prova. Pra ser mais exata, Marília tinha acabado de entregar a prova teórica.

Passo os olhos sobre as questões e nada de tão difícil que minha mente barulhenta me faria errar, já que aquela matéria da prova estava na ponta da língua, por ela ter me feito estudar o livro.

Termino a prova, porém fico ali em pensamentos, vez ou outra meus olhos se encontravam com os da Marília.

Ultimamente eu estava me sentindo péssima, do dia que meu pai teve uma conversa comigo na enfermaria, ele não falou apenas aquelas coisas ruins que diz sempre. Ele também disse que se eu aprontasse nem que seja uma coisinha mínima, que se eu fosse parar na sala dele de novo, ele iria me tirar da escola e iria me mandar para alguma fora do país. Que era pra eu me afastar dos meus amigos, como ele sempre me disse desde que eu era apenas uma criança. O contato que eu tinha com eles agora era apenas no alojamento. Eu me sentia só, de novo. Eu contei para as minhas amigas e elas mesmo nervosas entenderam que pra eu não ir embora teria que manter desse jeito, afastada. Tive que falar até com Gabi, Lauana porque elas também estavam mais próximas. Minhas amigas disseram que isso não ficaria assim, que ainda iam pensar em algo contra meu pai. O único que eu ainda mantinha contato porque meu pai deixava, era Danilo, que as vezes era até agradável, as vezes. Maiara também já sabia que eu estava "conhecendo melhor" à Mendonça e Luísa agora sabia que Maiara era minha irmã, e também contamos tudo pra Bárbara que ficou chocada com tudo que aconteceu na sua ausência.

Já Marília, eu também estava evitando a mesma, evitando sair em horários proibidos que era quando podíamos conversar, eu tinha medo de ser pega, o fato era que eu estava com medo de tudo. Eu já não queria mais sair da escola porque eu amava as pessoas que eu tinha ali. Eu andava sobre pedras. Porém estava cada dia mais triste e isolada.

Marília tentou falar comigo algumas vezes eu sempre inventei algo. O que poderia sair de bom disso tudo? Eu era apenas uma adolescente frustrada que não podia fazer nada. O que ela iria querer comigo? Eu tinha medo de alguém acabar desconfiando de nós e acabar dando problema pra mim e principalmente pra ela. Eu estava sofrendo com isso, estava gostando dela, talvez até mesmo apaixonada. Só que como daria certo? Eu não podia. Ela não podia.

Eu nem sabia o que eu significa pra ela também, as vezes ela só sentia dó de mim e quer apenas me ajudar. Eu me sentia confusa demais.

Se não fosse todas essas pessoas, eu faria de tudo para o meu pai me mandar mesmo pra longe. Só que meu coração chega dói de pensar ficar longe da minha irmã, uma irmã que eu nem havia convivido por 17 anos, não só dela óbvio.

Tento afastar os pensamentos tristes sentindo uma lágrima pingar na minha prova. Estava de cabeça baixa.

Escuto Maiara suspirar, ela estava sentada do meu lado. Eu sabia que ela sentia como eu estava. Eu sabia que se ela pudesse ela estava agarrada comigo em seus braços. Eu sabia que ela estava se segurando o tempo todo. Eu sabia porque eu também já estava pegando as dores dela pra mim.

Os minutos se arrastavam, a manhã parecia não passar. O tempo parecia passar em câmera lenta.

Em meio a pensamentos vejo meus colegas entregando a prova e saindo da sala, organizo minhas coisas e me levanto para sair.

Deixo minha prova por cima das outras na mesa da Mendonça e tento sair o mais rápido possível. Em vão...

— Henrique você fica...