28 - Alta

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Maraisa Henrique:

Marília parecia receosa com a minha pergunta, como da primeira que tinha perguntado. Isso já me deixava um pouco em alerta.

Ela se senta na cama de hospital onde eu estava.

— Seu pai está internado aqui Maraisa, nesse mesmo hospital, está sendo vigiado por um guarda porque era pra ele estar preso, só que o câncer dele é um câncer terminal, então por ter passado mal veio pra cá.

Seria ainda possível meu coração se apertar com isso? Eu não podia sentir, ele quase tinha me matado. Talvez eu possa pelo menos sentir pena. Talvez esse fosse o preço por ter me feito tanto mal. Não queria pensar nisso.

Marília suspira.

— Ele queria ver a Maiara e também queria ver você, eu fui totalmente contra, só que a escolha é de vocês. — Marília faz um carinho em minha mão.

— Maiara vai falar com ele? — Pergunto com uma certa curiosidade.

— Maiara está odiando ele com todas as forças.

Óbvio que sim.

— Acho que eu não tenho o que falar com ele mais, ele nunca foi um pai de verdade e quase me matou — Digo triste e com raiva ao mesmo tempo.

Algo dentro de mim me deixava triste, mas ao mesmo tempo aliviada.

Marília deixa em beijo na minha testa, eu só queria sentir os lábios dela, mas nada disse.

— Pra onde eu vou amanhã quando sair daqui? Já vou ir para a casa da Dona... minha vó? — Ainda era estranho saber que eu tinha uma avó viva.

— Ela ainda está na escola, tem que ficar pelo menos uma semana lá ainda pra treinar a nova enfermaria. Lugar pra você ficar não vai faltar, ficaria feliz se fosse comigo para a minha casa.

— Você não vai pra escola?

— Tirei uma licença por uns dias, como muito raramente eu tenho que sair de lá, já tem uma substituta, mas talvez você queira ir pra onde está a sua família. Não quero te forçar a nada.

Eu tinha uma família. Será que eles iriam gostar de mim? Por que será que eles não sabiam da minha existência?

— Será que vão gostar de mim? — Pergunto pensativa.

— Maraisa, estava todo mundo ansioso pra você acordar, Maiara disse que tá todo mundo doido pra conhecer você. — Ela sorri — Não tem como não gostar de você, linda.

Eu ainda estava com receio de tudo, estava tudo acontecendo rápido demais. Eu queria muito ficar com a Marília, mas eu queria muito conhecer a minha família.

— Eu... eu quero ficar com você Lila, quero que você vá comigo para que eu possa conhecer a minha família. Me sinto muito bem quando estou com você.

Vejo ela abrir um sorriso lindo. Eu sabia que ficaria com ela por pouco tempo, até porque ela voltaria para a escola e eu iria morar com a minha vó, então iria aproveitar esse tempo. Meu receio era o que iria acontecer depois.

— Não se preocupe, todos moram em São Paulo, você pode se dividir pra ficar com todos.

•••

Dia seguinte...

Estava me organizando pra sair do hospital, iria realmente pra casa da Marília, queria esperar a Maiara pra irmos na casa da minha família por parte de mãe. Não queria ir sozinha. Todos entenderam.

Army School - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora