Army School - Malila

33 - Passagem de tempo

Maraisa Henrique:

Hoje seria o dia de ir conhecer a minha avó que tem Alzheimer, eu estava animada.

Passaríamos para buscar Maiara e de lá iríamos juntas.

Era domingo, dia que a maioria das famílias iam visitar seus parentes.

•••

— Isa ela ficou com os olhos marejados, tenho certeza que ela sabia que era a minha irmã ali. — Maiara dizia empolgada.

Quando minha vó me viu, ela pareceu surpresa e logo seus olhos se encheram de lágrimas, tinha certeza que ali ela sabia que era eu, ficamos um tempo com ela, ela falando com a Maiara como se fosse uma criança. As vezes comigo pensando ser a Maiara, foi engraçado.

Agora estávamos voltando pra deixar a Maiara e eu iria com a Marília organizar as minhas coisas, minha avó iria me buscar no dia seguinte cedo e Marília voltaria para a escola, para cumprir alguns horários durante o mês e largaria de vez a profissão de ser professora, veria ela de novo no próximo fim de semana.

Tinha me acostumado tanto com a presença dela, seria difícil pra mim.

Eu também iria começar fazer terapia na próxima semana.

Assim que deixamos a Maiara, voltamos pra casa da Marília, onde logo sigo para o quarto onde estava minhas coisas.

Precisava organizar tudo nas malas. Estava com um pouco de dificuldade pra organizar tudo, acho que minha mente estava se negando a sair dali.

— Achei que já estava terminando. — Marília aparece se sentando na cama.

— Estou com um pouco de dificuldade pra organizar isso tudo.

— Logo você, que é super organizada?

— Sim. Acho que meu cérebro se nega a me ajudar a arrumar e ter que sair daqui. — Digo sincera.

Vejo Marília suspirar, não estava sendo difícil apenas pra mim.

— Vem cá...

Me levando do chão e vou até ela, sentando em seu colo.

— Pra mim também vai ser difícil, não ter você todo dia ao meu lado mais, ainda mais esse mês que vou tá em Campinas, mas vamos nos ver nos finais de semana e depois podemos nos ver mais, a sua vó também quer conviver um pouco com você.

O fato que pra mim ainda era um pouco estranho, saber que agora eu tinha uma família.

— Sim, eu sei. Vou sentir saudades de você.

— Eu também vou, podemos fazer vídeo chamada toda noite.

— Isso vai ser bom — Respondo.

Ela leva a mão até meu rosto e coloca um fio do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu amo você Maraisa, por mim eu ficaria sempre juntinha a você, só que ainda não dá.

Ainda?

— Eu também te amo Lila, Obrigada por tudo.

— Não me agradeça meu amor, eu amei ter você aqui.

Parecia uma despedida que ficaríamos anos sem nos ver. Meus olhos já estavam marejados.

— Nós vamos ficar bem né? — Pergunto receosa.

— Só não vamos se você não quiser, por mim quero você na minha vida até quando Deus permitir.

Sorrio deixando um beijo em seus lábios.