25 - Comunicado

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Maraisa Henrique:

— Quero informar a todos que por problemas pessoais de saúde, em breve vou ter que me ausentar da escola, enquanto isso o coronel Júlio como alguns já conhecem, irá ficar no comando, ainda vou ficar um tempo por aqui, então qualquer dúvida podem ir a minha sala. É só isso, estão dispensados.

Meu pai finaliza me deixando em um estado de choque. Eu devia estar feliz por ele em breve se ausentar, só que apesar de tudo, era meu pai, mesmo querendo odia-lo eu não conseguia não sentir que ele tinha dito que estava doente. Será que era grave?

Sinto dona Maria segurar na minha mão e apertar, seus olhos estavam marejados, talvez ela também estava sentindo por ter vivido tanto tempo ao lado do meu pai. Sinto minhas amigas quererem me consolar de alguma forma, só que meu pai ainda estava ali no palco conversando com algumas pessoas, inclusive com Marília.

Ela agora me olhava, dava pra ver preocupação em seus olhos. Respiro fundo me levantando saindo dali acompanhada por dona Maria.

— Você está bem filha? — A senhora pergunta enquanto caminhávamos pra fora do local.

— Não, não estou, eu queria ficar em algum lugar onde ninguém pudesse me ver agora. — Minha voz saia embargada.

Eu queria explodir em sentimentos que eu não entendia. Meu peito apertava.

Dona Maria me puxa com ela me levando para a enfermaria tentando fazer com que ninguém nos veja. Entramos e ela me leva para os fundos onde abre uma porta e me coloca sentada em uma cama.

Era seu quarto.

— Fique aqui o quanto quiser, não vou dizer pra ninguém que está aqui. — Dona Maria também tinha o olhar perdido.

Eu estava perdida em pensamentos e sentimentos.

Eu sentia algo, meu coração estava apertado. Será que eu também iria perder meu pai? O pai que nunca foi realmente um pai? Só que no fundo eu ainda tinha esperança de um dia voltar a ser o homem que dona Maria disse que ele era pra minha mãe.

Sinto minhas lágrimas escorrerem por meu rosto. Eu estava exausta com tudo.

Me deito encolhida na cama.

Tudo parecia querer acabar com o pouco de paz que eu tinha.

Me encolho mais ainda sentindo as minhas lágrimas descerem com tudo, algo em mim não me deixava me acalmar, eu não conseguia parar de chorar, tremer, meu coração estava descompassado.

Eu não sabia o quanto tempo estava ali já, sinto dona Maria entrar e me olhar, eu já estava com o corpo tenso, sentindo as mesmas coisas de antes. Ela sai me deixando.

Tento distrair a minha mente passando o olhos pelo quarto caminha frente, que era simples, porém aconchegante. Bem cara de pessoas mais velhinhas mesmo.

Só que não funciona, eu estava surtando.

Em poucos minutos escuto a porta sendo aberta novamente.

— Meu amor estava te procurando. — Escuto a voz da Marília.

E sinto a dona Maria nos deixar a sós.

Eu estava em um estado de pânico.

Vejo a Marília se abaixar próxima a cama, olhando em meu rosto. Vendo o estado em que eu me encontrava.

Ela passa a mão por meu rosto, tentando limpar minhas lágrimas que ainda desciam.

— Por que está assim? — Seu tom de voz era extremamente preocupado.

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