Capitulo 40

410 61 30
                                    

POV Fernanda

Ray e eu tiramos o dia pra estudar, precisávamos adiantar a matéria porque logo teríamos recesso de fim de ano e eu não queria nem ver um caderno na minha frente perto das festas de fim de ano.

Resolvemos ir pra casa de tia Ana que ficou a parte da manhã com a gente dando dicas de anatomia pra Rayssa e logo ia descer pro asfalto de tarde pra um compromisso que o pastor dela tinha marcado.

Eu tinha saído direto da casa da Daniela de manhã e vindo pra cá, tava usando a camisa dela do Flamengo e um shortinho, hoje eu não tinha clientes.

-Parece que o negócio é sério mesmo, hein?-Ray tinha soltado a indireta quando percebeu a camisa, só então me liguei que o vulgo dela devia estar nas costas e a cafajeste não me avisou, desgraçada!

-Fico tão feliz por ver minhas crianças bem e com pessoas boas, Nanda sabe que é como uma filha pra mim.-sorri pra ela, realmente minha tia era como uma segunda mãe.

No meio dessa conversa vinham algumas explicações junto, mas fomos interrompidos por passos pesados e a porta sendo escancarada.

André estava com o olho roxo, lábio e testa cortada, alguns hematomas marcavam seu pescoço e por baixo da roupa provavelmente, ao nos ver ele lambeu o lábio nos deixando ver que sua boca sangrava por dentro também. No braço segurava uma sacola de mercado que dava pra ver um vaso verde musgo dentro.

-André Junior meu filho!-tia Ana foi a primeira a se recompor e falar alguma coisa, largamos as canetas e papéis pra ficar de pé.-O que aconteceu?

-Que porra é essa, Junior?-Rayssa tinha a mão na frente da boca e eu dei um passo pra trás já sabendo o que tinha sido, mas com medo do que ele falaria ou se ia ficar agressivo.

-Eu cai de moto.-Dré olhou pro chão tirando o chinelo com uma das tiras arrebentadas.-Vagalume deixou eu pilotar enquanto trazia o vaso da senhora e meu chinelo prendeu no cano de descarga...-desconversou estendendo a sacola sem olhar pra cima, fiquei até meio sem ar depois de ouvir isso.

-Meu filho já não falei pra não andar nessas porcarias?-se aproximou puxando a sacola pra colocar no sofá e examinando os machucados.-Você não tem habilitação, garoto.

-Isso tudo foi moto é?-Rayssa cruzou os braços incrédula com a situação.

-Foi, Rayssa!-a resposta veio áspera enquanto ele era examinado pela mãe.-Calma cara, eu tô bem!-tentou se afastar.

-É, pronto pra outra né?-Rayssa não se abalou pela grosseria.-Souza falou quem pegou o vaso da sua mãe, André Junior?-lambeu os lábios como ele tinha feito recebendo o olhar de mil jardas.

-Ah, querida eu nem quero saber, imagina foi um desses garotos que cresceu com vocês?-tia Ana pediu ainda olhando para Dré com atenção.-Vamo fazer um curativo nisso?-ele já tava balançando a cabeça em negativa.

-Deixa que eu cuido disso, sogrinha, se não a senhora vai atrasar pro compromisso.-Rayssa se aproximou dele pela primeira vez, colocando a mão em seu ombro e o conduzindo para sentar onde estávamos antes.-Vai servir pra eu treinar.-o sorriso dela foi cínico, mas bem disfarçado, ela tinha percebido e estava se fazendo.

-É tia, o Lucão deve tá esperando a senhora no pé do morro.-falei devagar pra voz não embargar e todas as palavras sairem, André olhou de mim pra namorada tentando entender o que estávamos tramando, mas nem eu sabia.

-É mãe, não se preocupa, como a Ray disse já tô pronto pra outra.-conseguiu se afastar das mãos preocupadas de tia Ana que não deixavam seu rosto em paz.

-Vocês tem certeza?-ela tirou o vaso de plantas da sacola conferindo se estava inteiro como tinha feito com o filho.-Talvez eu possa adiar...

-Ih, não vou deixar cê abrir mão das suas coisas por causa de burro velho criado não, i'm so sorry sogrinha!-arranhou no inglês que tínhamos estudado no começo da manhã.-Vai na paz!

Meu Mundo | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora