POV Fernanda
Ray e eu tiramos o dia pra estudar, precisávamos adiantar a matéria porque logo teríamos recesso de fim de ano e eu não queria nem ver um caderno na minha frente perto das festas de fim de ano.
Resolvemos ir pra casa de tia Ana que ficou a parte da manhã com a gente dando dicas de anatomia pra Rayssa e logo ia descer pro asfalto de tarde pra um compromisso que o pastor dela tinha marcado.
Eu tinha saído direto da casa da Daniela de manhã e vindo pra cá, tava usando a camisa dela do Flamengo e um shortinho, hoje eu não tinha clientes.
-Parece que o negócio é sério mesmo, hein?-Ray tinha soltado a indireta quando percebeu a camisa, só então me liguei que o vulgo dela devia estar nas costas e a cafajeste não me avisou, desgraçada!
-Fico tão feliz por ver minhas crianças bem e com pessoas boas, Nanda sabe que é como uma filha pra mim.-sorri pra ela, realmente minha tia era como uma segunda mãe.
No meio dessa conversa vinham algumas explicações junto, mas fomos interrompidos por passos pesados e a porta sendo escancarada.
André estava com o olho roxo, lábio e testa cortada, alguns hematomas marcavam seu pescoço e por baixo da roupa provavelmente, ao nos ver ele lambeu o lábio nos deixando ver que sua boca sangrava por dentro também. No braço segurava uma sacola de mercado que dava pra ver um vaso verde musgo dentro.
-André Junior meu filho!-tia Ana foi a primeira a se recompor e falar alguma coisa, largamos as canetas e papéis pra ficar de pé.-O que aconteceu?
-Que porra é essa, Junior?-Rayssa tinha a mão na frente da boca e eu dei um passo pra trás já sabendo o que tinha sido, mas com medo do que ele falaria ou se ia ficar agressivo.
-Eu cai de moto.-Dré olhou pro chão tirando o chinelo com uma das tiras arrebentadas.-Vagalume deixou eu pilotar enquanto trazia o vaso da senhora e meu chinelo prendeu no cano de descarga...-desconversou estendendo a sacola sem olhar pra cima, fiquei até meio sem ar depois de ouvir isso.
-Meu filho já não falei pra não andar nessas porcarias?-se aproximou puxando a sacola pra colocar no sofá e examinando os machucados.-Você não tem habilitação, garoto.
-Isso tudo foi moto é?-Rayssa cruzou os braços incrédula com a situação.
-Foi, Rayssa!-a resposta veio áspera enquanto ele era examinado pela mãe.-Calma cara, eu tô bem!-tentou se afastar.
-É, pronto pra outra né?-Rayssa não se abalou pela grosseria.-Souza falou quem pegou o vaso da sua mãe, André Junior?-lambeu os lábios como ele tinha feito recebendo o olhar de mil jardas.
-Ah, querida eu nem quero saber, imagina foi um desses garotos que cresceu com vocês?-tia Ana pediu ainda olhando para Dré com atenção.-Vamo fazer um curativo nisso?-ele já tava balançando a cabeça em negativa.
-Deixa que eu cuido disso, sogrinha, se não a senhora vai atrasar pro compromisso.-Rayssa se aproximou dele pela primeira vez, colocando a mão em seu ombro e o conduzindo para sentar onde estávamos antes.-Vai servir pra eu treinar.-o sorriso dela foi cínico, mas bem disfarçado, ela tinha percebido e estava se fazendo.
-É tia, o Lucão deve tá esperando a senhora no pé do morro.-falei devagar pra voz não embargar e todas as palavras sairem, André olhou de mim pra namorada tentando entender o que estávamos tramando, mas nem eu sabia.
-É mãe, não se preocupa, como a Ray disse já tô pronto pra outra.-conseguiu se afastar das mãos preocupadas de tia Ana que não deixavam seu rosto em paz.
-Vocês tem certeza?-ela tirou o vaso de plantas da sacola conferindo se estava inteiro como tinha feito com o filho.-Talvez eu possa adiar...
-Ih, não vou deixar cê abrir mão das suas coisas por causa de burro velho criado não, i'm so sorry sogrinha!-arranhou no inglês que tínhamos estudado no começo da manhã.-Vai na paz!
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Meu Mundo | SÁFICO
RomanceAqueles olhos Aqueles olhos Aqueles olhos Que refletem luz no meu coração ---------//------------- Fernanda se vê num mundo completamente novo ao ter que se mudar as pressas da casa dos pais, acostumada com a vida no interior tem que se adaptar ao...