Sick & Twisted

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Kath socou o travesseiro com fervor, bateu a testa na superfície macia e olhou para a chuva que pingava do lado de fora da janela do quarto.

Ela já havia tomado a ducha mais fria do mundo para tentar acabar com aquele calor e para parar de pensar em Lin Sasinpimon. Mas não deu certo.

— Vó, se a senhora tiver alguma coisa a ver com isso, jamais lhe perdoarei.

Ela declamou, socando o travesseiro outra vez em um esforço para afofá-lo o suficiente para nele afundar o rosto. Quem sabe ela não sufocaria acidentalmente, aliviando assim a infelicidade, dando fim à agonizante e dolorosa vontade de quebrar as regras, bem como à infrutífera tentativa de ensinar Kath Raywatt à amar? À amar? Como podia sequer conversar sobre amor com Lin, se só conseguia pensar em pular sobre aquele corpo toda vez que a via? E mesmo que estivesse sã e salva, ela estaria perdida se deixasse o desejo tomar conta de si. A criatura era uma arrogante desgraçada e precisava levar uma rasteira. A questão era que a arrogância era nitidamente bem merecida. Kath ainda conseguia ouvir claramente as palavras dela, com aquele delicioso sotaque tailandês.

Você fica incomodada por eu ter ajudado algumas mulheres a alcançar orgasmos de rachar o assoalho nos últimos meses?

Não, o fato de Lin ter ajudado outras mulheres não a incomodava.

Mas o fato de não tê-la ajudado já era outra história. Por que não ela?

Kath só conseguia imaginar as palavras que sussurrou ao ouvido daquelas mulheres de sorte. Todo aquele inebriante charme tailandês  tecendo comentários que provavelmente fariam qualquer mulher se contorcer sem Lin sequer precisar lhes encostar um dedo.

Mas ela encostou, sim, foi o que disse. Ela inclinou a cabeça para o lado para ver o relógio, que declarava que as três horas da madrugada já haviam passado. Maravilha. Ao menos era sábado e ela não tinha de estar no salão antes das onze. Todavia, nesse ritmo ainda estaria observando a água pingar do copo quando chegasse a hora de levantar. Kath visualizou o corpo grande e destemido de Lin parado no meio da chuva, com cada gotícula escorrendo por aqueles planaltos e vales extremamente... E se deparando com uma barra de aço.

Ela sentiu o âmago estremecer.

A quem estava querendo enganar?

Ela a desejava, desejava o que dera às outras mulheres, queria ouvir aquela voz sexy outra vez.

— Chiang Mai.

Ela sussurrou, e então sorriu para a escuridão.

— Ela é linda, tem um corpo de matar e adora sexo. Será que também tem senso de humor?

Se ao menos estivesse respirando, entraria na categoria de guardiã de Nitta. Kath jamais classificara ninguém assim, mas se fosse classificar, e se Lin Sasinpimon habitasse o mundo dos vivos em tempo integral, Lin estaria lá. Uma trovoada das grandes a fez estremecer, depois um clarão partiu o céu e iluminou todo o quarto.

Kath engoliu em seco. A chuva e o vento clamavam domínio lá fora, mas um tipo de tormenta completamente diferente lhe dominava os sentidos.

Uma tormenta de luxúria e desejo, uma dor que a cobria tão completamente que ela tremia de cobiça. Ela precisava de Lin, queria que fizesse com ela o quê fizera com aquelas outras mulheres.

E Kath se deu conta de que queria que ela fizesse mais, pois não queria ser como as outras. Queria se destacar.

Só não sabia bem como. Mas de uma coisa tinha certeza: queria Lin Sasinpimon, ali mesmo, agora mesmo.

E sabia exatamente como conseguir o que queria. Se você mudar de ideia, basta me chamar. Eu chegarei no ponto. E você também. Certo, então ela não ia arrasá-la, ainda. Mas ela conseguiria evitar? Queria um orgasmo, e no momento não queria este orgasmo com ninguém além de Lin Sasinpimon.

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