So Cold

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Ela engoliu em seco.

— Ouvi falar que outro temporal está chegando esta noite.

LuAnn disse, evidentemente sem se dar conta de que havia um assunto mais importante sendo discutido pelas outras mulheres no recinto.

— Foi o que ouvi dizer.
— Precisamos conversar.

Jim disse à prima antes de voltar a atenção à Inez, que ainda estava fazendo cara de desaprovação ao ver as palmas rachadas e as unhas quebradas.

— E se você não conseguir dar jeito nisso, tenho certeza de que posso procurar outra manicure.
— Pfff.

Inez disse, fazendo pouco.

— Posso dar jeito, sim.

Quando Kath terminou de fazer o cabelo de LuAnn, Inez já havia deixado as mãos de Jim com aparência suave e agora estava cuidando das cutículas. Como LuAnn era a última cliente de Kath, ela se sentou na cadeira mais perto de Jim e esperou pelas perguntas, apesar de não estar esperando pela primeira pergunta.

— Ela também lhe perturbou por causa de suas mãos?

Inez deu um sorriso tão aberto que o molar de ouro cintilou.

— Fiz as mãos dela outro dia.

Ela disse, toda orgulhosa. Jim se virou no assento e deu uma olhada no salão. Não havia ninguém por perto.

Ela se aproximou de Inez e perguntou, quase sussurrando.

— O que você disse sobre uma fantasma?
— A fantasma dela.

Inez disse, apontando para Kath.

— Ela não fala comigo, mas ela tem uma fantasma. E sabe que tem. Ela andou de bico o dia inteiro.
— Eu não estava de bico.

Kath contestou, mas Jim balançou a cabeça.

— Como assim, Inez?
— Ela passou o dia inteiro aqui, observando. Estava aqui hoje de manhã, e achei que ela tivesse passado para o outro lado, mas não passou. Ainda não.

Ela olhou ao redor.

— Mamere me contou sobre sua casa. Sobre seus fantasmas.
— O que têm eles?

Jim perguntou, olhando com desconfiança para Kath.

— Eles visitam a fazenda Raywatt, mas nunca ficam. Mas desta vez vai ser diferente. Ela fica.
— Ela está aqui?

Hoje? Lin estivera lá e ela não percebera?

— Não. Não aqui, exatamente. Ela está lhe observando, a fantasma. Observando de longe. É o que eu sinto. O vodu me ajuda a saber quando estou sendo observada. Mas ela não estava me observando, e sim a você, filha.

Por que isto não ocorrera a Kath? Sentiu-se arrasada o dia inteiro, pensando que estava em Pensacola com Chungha imaginando se elas já haviam se conectado emocionalmente.

Fisicamente...

— Eu não o sinto. Ela tá me observando agora?
— Não, chère.

Inez disse enquanto Jim recolhia a mão e olhava para Kath com olhos arregalados.

— O que está fazendo?
— Se eu a chamar, ela virá.
— Mas você não devia fazer isso. Você sabe que não devia.
— Não farei. Mas Inez tem razão. Ela está me observando. Talvez não exatamente agora, mas sabe de tudo que faço enquanto ainda está deste lado.
— Você disse que ela partiria no domingo.
— Eu sei. Mas enquanto ela ainda está aqui, está evidentemente me observando.
— E daí?

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